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A marcha da maconha, por Rogério Lopes

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

JURÍDICO
‘A marcha da maconha’


JURÍDICO

 

Por Rogério Antônio Lopes


{loadposition adsensenoticia}Esta semana o Supremo liberou a marcha da maconha.

Em votação unânime “dos presentes” se entendeu que o direito de expressão deve sobrepujar a eventual ação deletéria que um evento como esse possa exercer sobre nossos jovens com o catáter ainda em formação e os valores sendo forjados nas idas e vindas de uma vida cada vez mais “sem referência” e com os bons exemplos se escasseando.

Ficou claro na manifestação do Pretório Excelso, que apologia ao uso da maconha não pode.

A linha que diferencia a “sagrada” livre expressão, da apologia ao crime é tão tênue e difícil de ser especificada como o móvel na emoção que leva o  ator às lágrimas: tristeza ou alegria.

A seguir a lógica de que a maconha é droga leve e por isso merece a descriminalização, é o mesmo que defender a liberação de duas ou três buchas de cocaína ou o consumo de três ou quatro pedras de crack ou óxi, dependendo é claro da condição e resistência física do usuário, ou seja, um completo absurdo jurídico, mas dentro dessa ótica possível e defensável.

A maconha não é a porta de entrada nem de saída para o usuário de droga, significa sim para ele o contato, muitas vezes irreversível, com uma das piores realidades que habita nosso tempo.

Essa droga (a maconha) é geralmente, ou melhor, era o meio pelo qual o neo traficante se inseria em um “mercado” de crudeleza e morte, hoje com a banalização do crack e do óxi a maconha é uma espécie de “primo pobre” desse mundo abjeto e asqueroso que furta a juventude e a vida dos nossos filhos, irmãos e amigos.

Ao se analisar a liberação da “marcha da maconha” pelas razões articuladas, aplicando-se praticamente qualquer regra de hermeneutica: literal ou gramatical; lógico-sistemático; histórica ou teleológica, chega-se à absurda conclusão que também estão liberadas a marcha da cocaína do crack e de tudo que é tipo de droga, desde é claro, que não se ultrapasse a “linha” que divide a livre manifestação da apologia.

Em um “mundo platônico” essa verificação seria simples e viável como tomar um copo de água, já em nossa realidade é “um pouquinho” diferente, lembram-se do ator emocionado que chora ? (porque ele está chorando?)
A liberdade não é um bem absoluto, sequer a liberdade de expressão, já a proteção dos valores de uma sociedade equilibrada deve ser levada às últimas consequências.

O império Romano não foi derrotado pelas tribos do norte mas dentro de suas próprias casas e muralhas, afogado na depravação, na corrupção, nos maus exemplos e na falta de limites.
Quando vier a “marcha da cocaína” ou a “marcha do crack”, talvez tentemos fazer a “marcha da família”, se ainda nos restar alguma, porque do jeito que vai a “liberdade de expressão”, daqui a pouco “família” vai ser entidade politicamente incorreta (como já é hoje a família patriarcal), restando-nos apenas as lágrimas: nem de alegria nem de tristeza, mas vazias como as do crocodilo.  

Sobre o autor

Rogério Antônio Lopes é delegado-chefe da subdivisão de Polícia Civil do Iguaçu/PR

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Revista da Defesa Social
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