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Deixemos de ojeriza para com o Mercosul

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

Embora esteja contido no art. 4º, parágrafo único, da Constituição Federal que o Brasil deverá buscar a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações, é lamentável o sentimento de inferioridade que sentimos para com a nossa Terra e para com o nosso Continente. Esse sentimento sequer é percebido por aqueles que o possuem. A sintomatologia dos portadores dessa particularidade psicológica resume-se na descrença e mesmo na antipatia para com o que é oriundo do Mercosul, conjugando-se isso com uma supervalorização para com o que vem da Europa. Dessa arte, viajar, estudar e comprar na Europa parece comportar sempre um glamour inalcançável, como se não existissem valores culturais, naturais e paisagísticos indescritíveis em nosso Continente sul-americano.

 

Interessante é que foi com as riquezas subtraídas daqui e com o trabalho a custo de sangue, mutilações e mortes de incontáveis índios e escravos negros que trabalhavam em nossas terras que o glamour europeu foi conquistado. Colonizadores daquele Continente dizimaram inocentes livres, estupraram nossas índias virgens, escravizaram índios e negros nas lavouras cravadas em nossas terras férteis, inimagináveis riquezas foram transferidas deste para aquele Continente e, ainda hoje, há certas explorações em vigor, como o turismo sexual cujos objetos são nossas virgens faveladas, como os clubes milionários da UEFA que resgatam com ímpar celeridade todo e qualquer jogador que exsurge como promessa de se tornar craque, enfim. Não obstante tudo isso, acostumados que estamos com essa constante exploração ao longo da história, continuamos a nos sentir inferiores e a supervalorizar o que vem do outro lado do Oceano, desvalorizando e aviltando tudo o que está aqui, presente e diante de nós.

 

Urge, é claro, que se tenha em mente que o Mercosul é um adolescente quando em comparação com a União Europeia, porquanto esta já é uma sofisticada Senhora com mais de cinquenta anos de experiência integracionista. Todavia, é necessário que se conceda tempo ao tempo. É imperioso ter-se maior confiança e esperança para com o noviço Mercosul. O Brasil, aliás, expoente integrante desse Bloco, é uma das maiores promessas econômicas do mundo atual.

 

Por fim, vale salientar, não se defende aqui qualquer sentimento de vingança ou de desprezo para com o Continente europeu, em absoluto. Defende-se ferrenhamente, isto sim, uma mais acurada reflexão e consequente conversão de nossos sentimentos desonrosos para com a nossa Terra, para com a nossa gente e para com o nosso promitente Mercosul!

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