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A Sociedade indaga-se a cada crime não solucionado acerca das razões dessa incapacidade estatal consubstanciada em não lograr pleno êxito no esquadrinhamento de vários ilícitos que se apresentam ordinariamente, mormente aqueles de vultosa repercussão. Embora muito sucesso seja alcançado pelas nossas polícias em meio a condições tão desfavoráveis, a questão remanesce reclamando réplica adequada.
Em verdade, várias questões compõem esse panorama de insolubilidade. Dentre elas, a mais contundente é a falta de comprometimento sério dos governos para com suas polícias. Com efeito, sempre que a fragilidade do sistema policial ostenta-se publicamente, governantes lançam mão do vulgar mecanismo consistente em repassar ao público o número de viaturas, de armamento, de contratação de pessoal e de aumento de salários alcançados. Asseveram isso orgulhosamente como conquistas ímpares. Não obstante, tais investimentos constituem-se no fluxo natural da manutenção de qualquer órgão público. Investimento sério, por sua vez é o rompimento de sistemáticas que serviram dantes as quais não mais surtem efeitos dentro da conjuntura hodierna. Polícia, frise-se, é o cerne, a gênese e o termo final do momento mais importante na elucidação de ilícitos penais. Sem condições para que ela desenvolva um trabalho impecável ininterruptamente, esvai-se qualquer possibilidade de sucesso por parte do Ministério Público e do Poder Judiciário no trâmite do processo penal, escapulindo os autores de crime de uma censura penal.
Exemplo recente e ostensivo de investimento sério injetado na veia de uma de nossas polícias foi o ocorrido com a Polícia Federal. Com uma atenção voltada ao fortalecimento dessa Instituição por parte do Governo Federal, vimos juízes, desembargadores, políticos do alto escalão, grandes quadrilhas, enfim, todos conhecendo, “in loco”, o cárcere. Polícia alguma, pois, deve ser subserviente a governo algum; este sim é que deve submeter-se à Lei e à Polícia, como qualquer cidadão. Nesse diapasão, a autonomia funcional, administrativa e financeira já consagrada a outros órgãos não mais importantes que nossas polícias é medida constitucional imperiosa que não mais se vê dispensável em nossos tempos.
A verdade, por outro lado, é que o político correto e austero deseja, naturalmente, uma Polícia forte a qual possa pôr atrás das grades aqueles políticos corruptos que maculam a imagem dos demais; agora, o político corrupto, por sua vez, deseja sempre uma polícia debilitada, enfraquecida, sem condições de enfrentá-lo.
Por fim, fico imaginando o que pensaria a esse respeito o Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, preso recentemente…