A facção teria, entre outros, arquivos com dados de membros da Polícia Civil
O PCC (Primeiro Comando da Capital) tem um arquivo com cerca de 2 mil nomes e endereços de agentes públicos em todo o Brasil. São juízes, promotores de Justiça, delegados das Polícias Civil e Federal e policiais penais de vários estados do país. Muitos são considerados alvos e inimigos mortais da facção.
A coluna apurou que ao menos 11 nomes mencionados na longa lista vêm sofrendo ameaças de morte do PCC nos últimos meses. Os possíveis atentados seriam em represália à permanência da liderança da organização criminosa em presídios federais.
Os arquivos estão armazenados em pen drives e há mais de uma cópia. Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, elas foram distribuídas para os chefes do PCC em liberdade. Há informações de que alguns deles estão escondidos em São Paulo e outros no Mato Grosso do Sul e Bolívia.
Os relatos apontam que o PCC estabeleceu prazo até o dia 25 de janeiro de 2023 para a liderança do grupo ser removida de volta para presídios paulistas.
Ainda de acordo com as informações passadas à coluna, se as transferências não forem efetuadas, os atentados contras as autoridades das forças de segurança terão início no aniversário de 469 anos da cidade de São Paulo, a maior e principal metrópole do Brasil.
Fontes da reportagem apuraram também que o PCC adquiriu drones para espionar e monitorar os alvos. Têm ainda veículos blindados, fuzis, metralhadoras e até explosivos C4 com alto poder de destruição. Parte desse armamento estaria escondida na Grande São Paulo.
Entre as autoridades ameaçadas estão promotores de Justiça responsáveis pela remoção dos chefes do PCC para os presídios federais, chamados de “amarelos” pelos faccionados. Eles usam essa denominação porque nessas unidades os presos tomam pouco banho de sol e costumam ficar pálidos.
Seis policiais federais responsáveis pelo bloqueio de milhões de reais de integrantes do PCC processados por lavagem de dinheiro e por prender narcotraficantes do grupo criminoso no Brasil e no exterior também estão na lista de ameaçados.
Na cidade de São Paulo, os alvos seriam quatros delegados da Polícia Civil que todos os dias aparecem na mídia anunciando prisões de membros do Primeiro Comando da Capital. Esses policiais são chamados pelos faccionados de “filhotes” de um famoso apresentador de programa policial exibido na TV.
Crimes de terrorismo
De acordo com agentes das forças de segurança, os envolvidos em atentados contra autoridades podem ser enquadrados por crimes de organização terrorista, principalmente no caso de uso de explosivos. As penas variam de 12 a 30 anos de reclusão, além de isolamento em presídio federal.
Em fevereiro de 2001, o PCC mostrou o “rosto” ao país pela primeira vez ao comandar a primeira rebelião em série em São Paulo, em 29 presídios e quatro cadeias públicas, por causa da transferência de alguns de seus líderes para outros estados da Federação.
Cinco anos depois, em maio de 2006, a facção voltou a se rebelar, dessa vez em 74 unidades prisionais. Simultaneamente foram realizados ataques contra agentes públicos. Foram mortos 24 policiais militares, oito policiais civis, oito policiais penais, três guardas municipais e outros 16 agentes.
No mesmo período 505 civis foram mortos a tiros no estado. Até hoje ninguém foi responsabilizado por essas mortes. Os ataques ocorreram entre os dias 12 e 20 de maio e foram motivados por causa do isolamento de 765 presos do PCC na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).
UOL
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