MG: Ação deflagrada pelo Ministério Público apura envolvimento de agentes públicos em esquema relacionado ao tráfico de drogas que pode ter movimentado R$ 1 bilhão
Promotor Thiago Fernandes de Carvalho (centro) explicou sobre a Operação Transformers
Um delegado e seis investigadores da Polícia Civil (PCMG) foram presos na Operação Transformers, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), nesta quinta-feira (20/10). Os nomes não foram divulgados.
Em coletiva de imprensa realizada em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, o promotor Thiago Fernandes de Carvalho explicou que as investigações que culminaram nesta operação começaram há dois anos.
“No início envolvia uma suspeita de roubo e transformações de veículos, que eram usados para abastecer, principalmente, o tráfico de drogas. Essa investigação evoluiu nesses dois anos”, explicou o promotor.
Ao todo, foram cumpridos 61 mandados de busca e apreensão, 148 de sequestro de veículos e dez de sequestro e indisponibilidade de imóveis, apreensão e indisponibilidade financeira de R$55 milhões.
Foram expedidos 31 mandados de prisão, sendo que 25 já haviam sido executados até a hora da coletiva. Todos ocorreram nas cidades de Juiz de Fora, Esmeraldas, Três Corações e Botelhos.
Modus operandi do grupo
Segundo a promotoria, a investigação começou analisando um grupo que roubava carros, retirava as peças e montava novos veículos, que abasteciam o tráfico de drogas.
“Inicialmente sabiam que esses veículos eram usados para o tráfico de drogas. De carros roubados eram retiradas peças. Montava-se um carro novo, requentado, e esse carro iria abastecer outras atividades ilícitas. Ou se fazia o transporte [das drogas] ou era utilizado para pagamento”, explicou Thiago Fernandes de Carvalho.
De acordo com o promotor, o grupo abastecia o mercado de tráfico de drogas. “Não estamos falando de um tráfico de drogas de pontos de drogas. Estamos tratando de um tráfico mais volumoso, que abastece mercado, que tem ramificação em todo território nacional”, explicou.
Com o dinheiro obtido do tráfico, o grupo fazia lavagem de dinheiro em Juiz de Fora. “A investigação mostra como é sofisticada [a organização criminosa]. Vai do furto, do roubo do carro, da receptação, da modificação, até a lavagem de dinheiro com muitos shows artísticos em Juiz de Fora, comércio de roupas, varejo, alimentos, e outros”, destacou o promotor.
A princípio, o delegado e os agentes da Polícia Civil atuavam divulgando informações privilegiadas para outros membros da organização criminosa.
A suspeita do Ministério Público é que nos últimos cinco anos o grupo possa ter movimentado uma quantia próxima a R$ 1 bilhão.
A organização criminosa, segundo o MP, era estruturada em diversos núcleos. Entre eles: logística, que envolve o fornecimento de veículos para o transporte e pagamentos de cargas de drogas; financeiro, que cuidava da parte gerencial da atividade econômica; e um setor de corrupção, responsável pela proteção dos negócios ilícitos.
Agentes públicos serão investigados pela Corregedoria
O delegado e os investigadores estão presos na Casa de Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte. Eles serão investigados pela Corregedoria da PCMG.
“A partir de agora a Corregedoria da Polícia Civil atuará em conjunto com o Ministério Público para trabalhar essa questão das apurações a nível administrativo enquanto transgressão disciplinar”, afirmou a Dra. Flávia Mara Camargo Murta, Chefe do 4º Departamento de Polícia Civil em Juiz de Fora.
A Chefe do Departamento se disse surpresa com a participação de tantos agentes públicos na organização criminosa. “Foi uma surpresa, mas a Polícia Civil não coaduna com desvios de conduta. Sempre que houver, a Corregedoria da Polícia Civil estará à frente para fazer uma apuração transparente, dando a eles o direito de defesa, mas sempre demonstrando que nós não somos complacentes em relação a isso”, finalizou Flávia.
g1
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