O delegado titular da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), Paulo Araújo, pediu à Justiça o afastamento da agente prisional Maria Gizelda da Silva, atual diretora do Centro Socioeducativo, o Complexo Pomeri, localizado no bairro Carumbé, em Cuiabá.
Além da diretora, um dos três gerentes da unidade também deve ser afastado. Também foi pedida a prisão preventiva de cinco agentes educadores.
As ações são referentes ao inquérito policial, instaurado em 30 de outubro deste ano, que apura denúncias de tortura de internos, formação de quadrilha e prevaricação. Mais de 20 pessoas já foram ouvidas.
Diante das apurações pela Polícia Civil, o Ministério Público Estadual (MPE) deu parecer favorável ao pedido do delegado Paulo Araújo.
Segundo a Polícia Judiciária Civil, o inquérito foi remetido à juíza titular da 6ª Vara Criminal, Suzana Guimarães Ribeiro Araújo, no dia 23 de novembro. A juíza solicitou informações da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) sobre a denúncia.
O inquérito continua em andamento, com tomada de depoimentos de servidores e internos. A diretora do Pomeri foi notificada para prestar depoimento à Polícia, mas ainda não tinha comparecido à DEA, até a tarde de quinta-feira (6).
Abusos e tortura no cárcere
A investigação ocorreu depois que um adolescente de 14 anos, morador de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá) e detido no Pomeri, relatou ao pai dele que, dentro da unidade, ocorreria um esquema de “rodízio” de abusos dos adolescentes maiores contra os menores.
O pai passou a denúncia para a psicóloga, agentes educadores e também para técnicos que atuam dentro da unidade.
Ocorre que o caso chegou ao conhecimento dos internos que praticam os abusos. Em represália, o adolescente “delator” também foi violentado.
O delegado Paulo Araújo classificou as denúncias como “gravíssimas”. Segundo depoimentos de internos, existe um esquema de abusos sexuais, cometidos dentro do centro.
Segundo os depoimentos dos menores, um agente educador conhecido como “Volverine” é apontado como o homem que abriu outras celas para que vários jovens se juntassem aos abusadores e torturassem os adolescentes por cerca de 40 minutos.
Nesse tempo todo, os dois garotos disseram que ninguém fez nada para acabar com a violência.
Cenário MT
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