A delegada da Polícia Civil do Distrito Federal, Deborah Menezes afirmou nesta quarta (7) que a figura da mulher na segurança é importante para poder humanizar o trabalho devido uma principal característica, o lado maternal. Há mais de 20 anos no posto de delegada, ela afirma que ainda existe discriminação até mesmo por parte de muitos policiais da entidade. “Existem colegas que pensam que uma mulher na polícia não tem condições de enfrentar uma operação, o que não é verdade”, afirma. Deborah é divorciada e tem três filhos. Questionada se já levou cantadas no local de trabalho, ela conta que não sabe o real motivo, mas causa certo medo nos homens. Não é por menos, ela foi quarta titular da Delegacia da Mulher do DF – que foi criada pelo ex-governador José Aparecido de Oliveira, em 1987. Pela sociedade ela é vista como autoritária que não brinca em serviço. Confira a entrevista na íntegra:
Qual a importância da mulher na segurança pública? Ainda é vista com discriminação?
A figura feminina na segurança pública é importante porque humaniza mais o trabalho. Além de humanizar mais, ela traz um reflexo mais positivo junto à comunidade. A mulher nunca deixa de ser maternal. Em relação à discriminação, já melhorou muito, mas ainda tem. Existem, por exemplo, colegas na própria entidade que acham que uma mulher na polícia não tem condições enfrentar uma operação, o que não é verdade. Tem uns que nos olham por cima, de uma maneira diferente.
É possível ser policial e ser vaidosa?
Na polícia tem muitas mulheres bonitas, de várias idades e vaidosas. Nós presamos muito pela vaidade, pelo aspecto físico e mental. Isto acaba sendo o diferencial da mulher na polícia.
A senhora já levou cantadas no trabalho?
Eu não sei porque, mas eu causo um certo medo nos homens.
Já se emocionou com algum fato que aconteceu na delegacia?
Muitos. Uma vez eu peguei uma menina de três anos que foi estuprada pelo pai. Ela era moreninha do cabelo bem cacheado, um olhinho com uma tristeza que eu jamais vi. Aquilo me impressionou terrivelmente.
O que precisa ser mudado para diminuir os índices de violência contra a mulher?
Acho que a delegacia se aproximando mais da comunidade. Comunidade e polícia, polícia e comunidade. Sem esse tipo de relacionamento a gente realmente não sabe o que está se passando na sociedade. A polícia não pode esperar no balcão o que vai acontecer; ela tem que se antecipar aos fatos e, acima de tudo, interagir com a comunidade.
Coluna Cláudio Humberto
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