PARAÍBA
Policiais integram grupos de extermínio
300 pessoas foram assassinadas nos últimos dez anos
PARAÍBA
Além do plano de assassinar o corregedor geral da PM, Magnaldo Nicolau, foi descoberta a existência de grupos de extermínio na Paraíba. De acordo com uma investigação feita por Policiais Civis e Militares, já acorreram mais de 300 homicídios nos dez últimos anos. Outra informação divulgada é de que o chefe do grupo é o presidiário Taner Asfora, filho de Raimundo Asfora, que já foi vice-governador da Paraíba.
Os quatro homens detidos nesta terça-feira, 5, fazem parte de um desses grupos, e são acusados de praticar arrastões em restaurantes de João Pessoa. Entre os integrantes dos grupos de extermínio, existe a participação de aproximadamente trinta policiais. De acordo com o secretário de Segurança do Estado, delegado federal Gustavo Gominho, já é de conhecimento da equipe de investigação os nomes dessas pessoas, e um inquérito será aberto para apurar o envolvimento e aplicar as devidas punições.
Para justificar a veiculação das imagens dos quatro assaltantes detidos, o secretário afirmou que essa atitude foi autorizada pelo Ministério Público Estadual. A medida teria o objetivo de fazer com que a população possa saber quem são essas pessoas, e se tiverem mais informações de outros crimes cometidos por esses bandidos, que elas sejam repassadas para a Polícia.
Gominho e a razão do extermínio: preso que não paga droga após ser solto paga com a vida
A grande motivação dos extermínios de presidiários e albergados, na Paraíba, é a inadimplência com o narcotráfico. Somente em 2009, foram assassinados 89 presidiários ou ex-presidiários que estavam em regime semi-aberto. Uma parte, porém, decorre da disputa de concorrentes pelo comércio de drogas.
A informação é do secretário de Segurança Pública do Estado, Gustavo Gominho, com a ressalva: “Não quero dizer que todos esses crimes foram praticados por grupos de extermínio. Alguns foram guerras entre eles (traficantes)”.
O secretário explicou como a coisa funciona: quem está preso consome a chamada “droga consignada”, que é fornecida mediante o compromisso de o consumidor pagar depois que for posto em liberdade. Quando está solto, o devedor vai roubar e assaltar para pagar a droga consumida aos traficantes. Se não consegue pagar, vem a execução. “O preso que está dentro do presídio – que é quem fornece a droga – dá a ordem para os grupos de execução matar presidiários ou albergados que não pagam a droga.
O secretário de Segurança acrescentou que de 10% a 15% dos homicídios são praticados para eliminar a concorrência dos grupos de traficantes: “O traficante, mesmo o solto, que quer eliminar o concorrente, dá ordem ao grupo de extermínio para matar a concorrência a fim de que possam dominar o comércio em determinada localidade”, acrescentou.
Informações
A Força Tarefa que desbaratou o grupo de extermínio do qual fazem parte até coronéis da Polícia Militar da Paraíba já sabe como os grupos atuam, quantos mataram, quem foi assassinado, quanto custou cada assassinato, o motivo das execuções e os respectivos mandantes.
Foi o próprio Gominho quem revelou, em entrevista concedida nesta quarta-feira ao programa Correio Debate, da Rádio 98/FM (Rede Correio Sat). A lista nominal de integrantes do grupo, que inclui até coronéis da Polícia Militar do Estado, está praticamente concluída. Se estiverem faltando cinco ou seis é muito, segundo o secretário.
Os nomes dos militares envolvidos no grupo de extermínio formado por policiais paraibanos permanecerão mantidos sob sigilo. O secretário argumentou que a divulgação de nomes prejudicará as investigações, além do fato de o inquérito correr em segredo de Justiça.
Falta robustecer as provas, inclusive com quebra de sigilo bancário, telefônico e de tele marketing para se levar ao Ministério Púbico e Justiça um inquérito bem feito, para levar esse pessoal a Julgamento.
Frei Anastácio diz que quer contribuir com informações sobre crime organizado
O ex-deputado estadual e superintendente do Incra, na Paraíba, Frei Anastácio, disse nesta quarta-feira (6) que a posição do secretário de Segurança Pública do Estado, Gustavo Gominho, em denunciar e afirmar a existência de grupo de extermínio na Paraíba é um ato de coragem e seriedade.
O ex-parlamentar afirma que está pronto para contribuir com informações, a partir do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito – conhecida como CPI do Campo – presidida por ele na Assembléia Legislativa, que aponta muitos nomes de envolvidos no crime organizado, principalmente, no campo.
O ex-parlamentar lembra que nenhum outro secretário do Estado teve coragem de admitir que na Paraíba existissem grupos organizados para matar pessoas no campo e na cidade.
“Desde o meu primeiro mandato, em 1998, que sempre denunciei a existência de grupos organizados e milícias armadas com participação de policiais. Mas, os secretários de então nunca deram ouvido a essas verdades e deixaram a impunidade reinar”, disse Frei Anastácio.
O ex-deputado disse ainda ter ficado admirado com a posição do secretário que chegou a quantificar em mais de 300 o número de assassinatos cometidos pelo crime organizado, que tem participação de soldados e até de coronéis da PM.
“Gostaria que o secretário Gominho incluísse nas investigações, se já não estiver, o relatório da CPI do Campo, da qual fui presidente na Assembléia Legislativa”. No relatório, segundo Frei Anastácio, existem provas testemunhais indicando nomes de policiais civis e militares que fazem parte de milícias armadas que atuavam e, ainda hoje, atuam no campo torturando e matando trabalhadores.
Frei Anastácio lembra também que a partir do relatório da CPI foi aprovada a Lei 7.310/2003, de autoria dele,que acabou com a figura do delgado comissionado e instituiu concurso público para ingresso de advogados no cargo de delegado e agentes da polícia civil no Estado.
O ex-parlamentar disse ainda que está à disposição do secretário de Segurança Pública para contribuir com informações sobre os grupos armados. “Quero ajudar a identificar assassinos que já mataram muitos trabalhadores rurais e nunca foram punidos, no Estado”, afirmou Frei Anastácio.
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