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Polícia Federal descarta crime em boato sobre fim do Bolsa Família

por Editoria Delegados

 

 

Em nota emitida nesta sexta-feira (12) a Polícia Federal informou que não verificou a ocorrência de crimes ou contravenções na onda de falsos boatos sobre o Bolsa Família, que levaram a uma corrida de milhares de beneficiários às agências da Caixa e lotéricas em maio. Ao fim de dois meses de investigação, a PF concluiu que o boato “foi espontâneo”, não havendo como responsabilizar uma pessoa ou um grupo pelo incidente.

 

A PF diz que apurou se houve “uma possível articulação coordenada para que os boatos surgissem e ganhassem corpo”, mas listou entre os motivos que levaram as pessoas aos saques: “a ciência da antecipação do pagamento por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa, respectivamente”.

 

Os rumores sobre o fim do Bolsa Família e também sobre um inexistente bônus pelo Dia das Mães geraram filas e tumultos em pontos de saque em ao menos 12 estados entre os dias 18 e 19 de maio. Somente no sábado e no domingo, foram sacados R$ 152 milhões em benefícios, num total de 900 mil saques, segundo a Caixa, que libera os pagamentos. O número foi cinco vezes maior que o usual, segundo informou na ocasião o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa.

 

Na semana seguinte à corrida às agências, a presidente Dilma Rousseff disse que o suposto autor do boato era “desumano e criminoso” e anunciou que a Polícia Federal iria investigar a origem do boato, que segundo ela, “tinha por objetivo levar a intranquilidade aos milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza extrema”.

 

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, postou mensagem no Twitter atribuindo à oposição a disseminação de boatos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que chefia a Polícia Federal, sugeriu na época a possibilidade de “orquestração” no caso.

 

Na mesma semana, a Caixa inicialmente negou, mas depois admitiu que no dia anteior à onda de saques havia antecipado o pagamento do benefício, que normalmente ocorre em dias fixos para cada grupo de família. O presidente do banco, Jorge Hereda, chegou a pedir desculpas pela informação equivocada.

 

Investigação

A investigação da PF ouviu 180 beneficiários em 11 estados (AL, AP, AM, BA, CE, MA, PA, PB, PE, PI e RJ), além de 64 gerentes da Caixa nas cidades com o maior volume de saques. Das pessoas ouvidas, a PF disse que 40% foi às agências na data correta do cronograma do pagamento.

 

No inquérito, a PF disse que também investigou a utilização de redes sociais para propagar os boatos, e que foi identificada apenas uma postagem no Facebook feita pela filha de uma beneficiária de Cajazeiras (PB) informando sobre o saque antecipado de sua mãe. Teria sido, segundo a PF, a primeira menção na internet sobre o assunto.

 

“No entanto, a postagem desta informação não foi a origem dos boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias”, esclareceu a PF na nota.

 

A Polícia Federal também disse que não constatou o uso de rádios comunitárias e empresas de telemarketing para disseminar o boato, como foi cogitado inicialmente. A investigação encontrou apenas uma beneficiária do Rio de Janeiro que teria recebido ligação, mas que isso não se repetiu com outras pessoas.

 

A análise da PF sobre os dados de pagamento fornecidos pela Caixa mostrou aumento anormal inicialmente nas cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras ainda nas primeiras horas do dia 18 de maio, um sábado. “A partir das onze horas da manhã do mesmo dia, verificou-se aumento incomum nas demais cidades que sofreram grande procura nas agências bancárias”.

G1

 

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