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O Brasil sem delegacia

por Editoria Delegados

Só sete de cada 100 cidades brasileiras têm ao menos uma delegacia especializada no atendimento à mulher

 


Mais de 26% das cidades brasileiras não têm nenhum tipo de delegacia. É um número que vem aumentando nos últimos anos: em 2014, as cidades sem delegacia eram 23% do total de 5,5 mil cidades do país. Essa ausência é notada de forma mais acentuada em alguns estados, como o Piauí, onde, a cada vinte municípios, quinze não têm delegacia. Como a Polícia Civil não chega aos rincões do país, o atendimento especializado de polícia passa mais longe ainda. Segundo dados de 2019 do IBGE, só 7% das cidades brasileiras têm delegacias de atendimento à mulher, que amparam vítimas de crimes de abuso sexual e violência doméstica. Ao mesmo tempo, vem crescendo o número de municípios que contam com sua própria Guarda Municipal para atividades de policiamento. A cada dez cidades que contavam com uma guarda em 2009, passou a haver catorze em 2019. O igualdades desta semana faz um retrato das mudanças na segurança pública do Brasil ao longo da última década.

 

Em um quarto das cidades brasileiras a população não tem uma unidade policial fixa à qual recorrer. O número de municípios sem delegacias cresceu nos últimos anos. Desde 2014, 37 cidades deixaram de ter uma unidade fixa da polícia civil anualmente, em média. Isso fez com que o número de cidades sem nenhuma unidade saltasse de 1280, em 2014, para 1464, em 2019.

 

Proporcionalmente, o estado de São Paulo tem três vezes mais delegacias que o Piauí. Dos 645 municípios paulistas, 627 contam com unidades policiais fixas, o que representa uma cobertura de 95%. Entre os piauienses, são apenas 61 dos 224 municípios, cerca de 27% do total.

 

Só sete de cada 100 cidades brasileiras têm ao menos uma delegacia especializada no atendimento à mulher. Isso significa que apenas 427 municípios têm o serviço, enquanto 5.123 não têm. A situação é ainda pior entre as cidades pequenas: somente 9 dos 3670 municípios com até 20 mil habitantes têm uma unidade específica para o acolhimento de mulheres.

 

O investimento em segurança pública por parte das prefeituras vem crescendo no Brasil. Um dos indicativos disso é o aumento de 40% no número de municípios com guardas municipais na última década. Para cada 10 municípios que contavam com Guarda Municipal própria em 2009, passou a haver 14 municípios em 2019.

 

O número de mulheres no corpo de agentes da Polícia Civil é, proporcionalmente, duas vezes maior do que o da Polícia Militar. A cada 100 policiais civis, 28 são mulheres. Já entre os PMs, a proporção é bem menor: a cada 100 policiais, só 11 são mulheres.

 

A participação feminina nas polícias varia de acordo com o estado. A Polícia Militar do Amapá, por exemplo, é a mais feminina de todas: tem 22,8% do efetivo composto por mulheres. É uma proporção nove vezes maior que a da PM do Rio Grande do Norte, onde as mulheres compõem apenas 2,4% da tropa de policiais.

 

O investimento per capita em segurança pública de São Paulo é duas vezes menor que o do Rio de Janeiro. Em 2019, o governo paulista gastou R$ 260 reais em segurança por habitante, o menor valor proporcional entre todos os estados. Já o governo do Rio gastou R$ 563, ficando em quinto no ranking. A média de São Paulo é menor que a nacional, de R$ 452.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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