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“Não faltam médicos no HU, eles precisam apenas ir trabalhar”, diz delegado da PF

por Editoria Delegados

Delegado Allan Dias, da PF, fala sobre operação deflagrada no Hospital da UFSC

 

 

Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a operação Onipresença, que investiga o não cumprimento de horas de trabalho por médicos do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC). Serão cumpridos 52 mandados de busca e apreensão em clínicas e hospitais públicos e privados de quatro municípios do Estado: Florianópolis, Itajaí, Criciúma e Tubarão. Ao menos 27 médicos devem ser indiciados pela PF.

 

Operação da PF cumpre mandados de busca no Hospital Universitário

 

Segundo a PF, alguns médicos trabalhavam em clínicas particulares no mesmo horário que deveriam estar prestando serviços no HU. Por isso, a operação foi batizada de Onipresença, pois, segundo o delegado Allan Dias, “apenas Deus pode estar em vários lugares ao mesmo tempo”.

 

Veja parte da entrevista coletiva concedida pela delegado que comandou a operação:

 

O que a operação Onipresença investiga?

Delegado – A operação analisa casos de médicos que possuem o que chamamos de multiemprego, tendo de 40 a 60 horas de trabalho contratuais com o Hospital Universitário, no entanto exercendo vínculo com outros empregos, como clínicas e consultórios particulares e universidades privadas. Eles exerciam estes cargos negligenciando o emprego público no HU. Há um prejuízo social e financeiro para a sociedade. Nossa investigação demonstra que não faltam médicos no HU, eles precisam apenas ir trabalhar.

 

Como funcionava a irregularidade?

Delegado – Resumidamente, estes 27 profissionais trabalham por oferta, não por demanda. O que isso significa? Ao invés da demanda, da população carente ser atendida prontamente, ou seja, pela demanda. No entanto, os médicos só atendiam em horários marcados, por oferta.

 

Como a operação começou?

Delegado – Recebemos uma denúncia em outubro de 2013 e desde então acompanhamos a atividade de 32 médicos, sendo encontradas ausência no serviço prestado por 27 profissionais, que serão indiciados futuramente.

 

Quais crimes foram praticados?

Delegado – Há casos de médicos que não foram trabalhar nenhum dia e receberam R$ 15 mil por mês. De 848 consultas que deveriam ser ofertadas em média por dia, foram efetivamente realizadas 226, cerca de 25%. Essas provas da investigação configuram a prática de diversos crimes, incluindo falsidade ideológica, prevaricação, abandono de função pública e estelionato contra a União.

 

A PF cumpre 52 mandados de busca e apreensão. Com essas provas de não cumprimento da função médica, por que não foram expedidos mandados de prisão?

Delegado – Fizemos a solicitação para a Justiça Federal, que entendeu, com base na legislação penal, que não era o caso de prisão preventiva.

 

Quando o inquérito deve ser concluído?

Delegado – Vamos ouvir cerca de 120 médicos e servidores do HU, então calculo que a operação deve ser concluída em quatro meses.

 

Diário Catarinense

 

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