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‘Jamais se justificaria’, diz delegada sobre morte brutal de João Alberto no Carrefour

por Editoria Delegados

RS: Ela também diz que, além dos dois seguranças que agrediram brutalmente o cidadão negro e foram presos em flagrante, a polícia também trabalha ‘na identificação de outras pessoas que possam ter concorrido para esse desfecho’


A Polícia Civil do Rio Grande do Sul trabalha em diversas frentes para tentar esclarecer todas as circunstâncias que geraram o assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas por dois seguranças na noite de quinta-feira (19), em unidade do Carrefour de Porto Alegre.

Em novo vídeo, obtido pelo “Fantástico” neste sábado (21), é possível ver os acontecimentos anteriores ao espancamento de João Alberto, onde ele é seguido por dois seguranças e dá um soco em um dos funcionários antes de ser brutalmente agredido até a morte.

“Jamais se justificaria qualquer tipo de desentendimento, seja ele qual for, para que levasse a efeito tamanha violência como a que ocorreu durante está ação, desses seguranças, nesse supermercado”, diz a delegada Roberta Bertoldo.

Ainda segundo a delegada, desde a quinta-feira a polícia trabalha com o objetivo de “especificar a conduta de todas as pessoas, para que todas sejam responsabilizadas na medida em que são implicados nessa ação delituosa”.

A investigação ouve informações apontadas por parte de pessoas ligadas à vitima e também daqueles que tenham envolvimento com os indiciados, segundo Roberta.

“Buscamos, então, imagens de câmeras de segurança no sentido de esclarecer melhor onde esta a verdade real desses fatos. Mas o que importa nesse momento é avaliar a conduta desses dois indivíduos que agiram de uma forma extremamente exacerbada em relação a contenção desse cliente”, afirma a delegada.

Os dois agressores – o policial militar Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e o segurança Magno Braz Borges, de 30 – foram presos em flagrante e tiveram a prisão preventiva decretada na tarde desta sexta.

“Objetivamente nós temos duas pessoas presas”, diz a delegada, que acrescenta: “Agora nós trabalhamos na identificação de outras pessoas que possam ter concorrido para esse desfecho no tocante as suas omissões e também ações que foram feitas, sejam elas grandes ou de menor importância. Todos terão suas condutas avaliadas e responsabilizadas a partir desse trágico resultado”.

A polícia analisa imagens para tentar identificar outras pessoas na cena, para esclarecer o que de fato motivou o desentendimento e saber se houve omissão de socorro no caso.

O pai de João Alberto, João Batista Rodrigues Freitas, disse ao G1 na sexta-feira (20): “Mesmo que fosse um soco, acho que isso não é motivo para tirar a vida de uma pessoa”. Ele classificou de “agressão covarde” e um “ato de racismo” o assassinato do filho.

O assassinato de João Alberto gerou manifestações em todo o Brasil contra o assassinato e contra o racismo no país. Autoridades, acadêmicos, entidades sociais e personalidades deram diversas declarações de repúdio ao assassinato.

O presidente Jair Bolsonaro disse que tensões raciais são importadas e “alheias” à história do país. O vice-presidente Hamilton Mourão lamentou a morte, mas afirmou que não há racismo no Brasil.

João Alberto foi enterrado na manhã deste sábado (21), em Porto Alegre. Amigos e familiares fizeram uma última homenagem à vítima.

Muito abalada, a mulher de João Alberto, Milena Borges Alves pediu justiça. “Eu não tenho nada pra falar. Só quero justiça, quero que paguem”.

Uma das filhas dele, Taís Amaral Freitas, agradeceu o apoio que a família tem recebido. “A gente até se sente confortável por isso, mas mesmo assim, não traz a vida de volta. Não tem muito o que falar, depois de ver aquelas imagens”.

“Brincalhão, divertido, parceiro mesmo, até eu tenho camisa de clube que ele me deu, e gostava de andar de boné, camisa de clube. Não tem como aceitar uma coisa dessa, não tem como, ninguém vai te explicar isso daí”, desabafa.

Os dois agressores – o policial militar Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e o segurança Magno Braz Borges, de 30 – foram presos em flagrante e tiveram a prisão preventiva decretada na tarde desta sexta.

As análises iniciais do Instituto Geral de Perícias do RS (IGP-RS) apontaram para a possibilidade de asfixia como causa da morte de Beto.

O advogado William Vacari Freitas, que defende Magno, disse ao G1: “Vamos aguardar o resultado das perícias e das demais investigações”.

Já o advogado David Leal, que assumiu a defesa de Giovane, afirma que seu cliente relatou que João Alberto “estava alterado” e “deu um encontrão em uma senhora” no supermercado. Eles devem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado.

O presidente global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, se pronunciou dizendo que a morte de João Alberto Silveira Freitas foi um “ato horrível” e que repudia a intolerância.

Bompard também informou ter pedido para que as equipes do grupo no Brasil colaborem com a Justiça e as autoridades para que “os fatos deste ato horrível sejam trazidos à luz”. Ao afirmar que medidas foram tomadas em relação à empresa de segurança contratada, o executivo apontou que “essas medidas são insuficientes”. Na sexta-feira, o Carrefour no Brasil já havia informado que romperia o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão.

Em nota, a empresa falou que foi o dia mais triste de sua história, que vai doar os resultados de vendas desse dia para entidades de combate ao racismo. O Carrefour rompeu o contrato com a empresa terceirizada, e esta demitiu os funcionários.

G1

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