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Médicos vão a Júri popular acusados de matar pacientes para transplantes

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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SÃO PAULO
Médicos vão a Júri popular por matar pacientes

Para fazer transplantes

SÃO PAULO

{loadposition adsensenoticia}Os médicos Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior irão a júri popular em Taubaté, no próximo dia 17 de outubro, acusados de 4 homicídios dolosos contra os pacientes Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro, que morreram entre setembro e dezembro de 1986.

De acordo com os autos, os médicos são acusados de terem provocado a morte dos quatro pacientes. Segundo a denúncia, os médicos se utilizaram de diagnósticos falsos de morte encefálica para extrair os rins dos pacientes, para fins de transplante.

Posteriormente, o neurocirurgião e legista Mariano Fiori concluía como causa mortis exclusivamente as lesões cerebrais experimentadas pelas vítimas (traumatismo craniano, raquimedular ou aneurisma), ocultando a causa direta e eficiente das mortes: a retirada dos rins dos pacientes.

Os prontuários médicos e os laudos das angiografias cerebrais relativos a esses pacientes foram apreendidos e submetidos à análise de peritos. A perícia concluiu que as vítimas não tinham diagnóstico seguro de morte encefálica apta a amparar a realização das cirurgias nefrectomias bilateriais (retirada dos rins).

Pelos crimes também foram denunciados os médicos Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que faleceu no ano passado, e José Carlos Natrielli de Almeida, que acabou impronunciado a pedido do MP.

Todos faziam parte da equipe médica da faculdade de medicina da Unitau. Segundo o médico Roosevelt Kalume, ex-diretor da faculdade e autor da denúncia, eles usavam o antigo hospital Santa Isabel, hoje Hospital Regional, para retirar os rins dos cadáveres que serviriam para doação e transplantes. De acordo com Kalume, as cirurgias teriam sido feitas sem autorização. O caso foi parar no Conselho Regional de Medicina e também virou alvo de uma cpi na Câmara dos Deputados, em Brasília, que investigava o tráfico de órgãos no Brasil. Os médicos estão em liberdade. Os advogados de defesa tentaram anular o processo, mas todos os recursos foram negados pelo tribunal de justiça.

O plenário do júri será feito pelo promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, integrante do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), designado pela Procuradoria-Geral de Justiça em razão de o julgamento ter, como pano de fundo, a questão do tráfico de órgãos humanos.

O Ministério Público sustentará na sessão a imputação dos crimes lançada na denúncia, acolhida pelo Juízo Criminal de Taubaté que pronunciou os réus, determinando o julgamento dos médicos pelo júri popular, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça, que julgou o recurso dos acusados.

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