Mais uma tentativa de intimidação ao trabalho do Ministério Público do Estado (MPE) tem aumentado o clima de insegurança no fórum da Comarca de Itarema. Dois homens armados entraram no prédio à procura do promotor Iuri Rocha Leitão, renderam o vigilante e foram embora numa moto preta ao descobrir que, no final de expediente daquela sexta-feira, 21 de setembro, o alvo não estava lá.
Uma comissão, formada por três profissionais do MPE, continua as investigações sobre autoria e possíveis motivações. Leitão diz acreditar que a intenção era mesmo executá-lo como retaliação à postura “bastante incisiva no combate à criminalidade em Itarema”. Hoje ele tem escolta policial 24 horas diárias.
Casos análogos vêm acontecendo recentemente: em Pedra Branca, o promotor viu sua casa ser alvejada por tiros no último mês de julho; em setembro, o responsável por Juazeiro do Norte sofreu ameaças à sua integridade física; os muros do MPE de Trairi amanheceram pichados na semana passada – após essas manifestações, inclusive, a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) estarão com seus representantes no município para apoiar as ações do órgão. “Essas intimidações estão virando uma constante em vez de exceção”, analisa o promotor.
O presidente da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP), o promotor Rinaldo Janja, explica que o trabalho dos promotores naturalmente atrairia “vários inimigos” e “descontentamento”. Para ele, os fóruns, onde ainda muitos promotores atuam, devem ser equipados com câmeras, vigilância armada, portas-giratórias, obedecendo a resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Conforme O POVO publicou, em agosto deste ano, houve 42% a mais de ataques a fóruns do que em todo o ano passado, deixando esses prédios públicos em situação de vulnerabilidade.
O Núcleo de Segurança Institucional e Inteligência do Ministério Público (Nusit), criado a partir desse contexto de insegurança, atende promotores conforme surjam os problemas, afirma o coordenador Eulério Cavalcante Júnior. Nas palavras dele, o MPE está fazendo licitações para suprir as deficiências em segurança nas 27 comarcas onde há prédios próprios ou alugados da instituição. Já os fóruns, responsabilidade do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-CE), também passam por processo de licitação para melhorar o aparato de segurança.
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