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“Há mais policiais cuidando de prédio do que investigando”, afirma novo delegado-geral de SC

por Editoria Delegados

SC: Artur Nitz promete melhorar investigação policial no Estado

 

Ex-diretor de polícia do Litoral, Nitz vai para o cargo de delegado-geral no lugar de Aldo Pinheiro D´Ávila, que sai após quatro anos para ser secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Santa Catarina

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Natural de Lages e radicado em Balneário Camboriú, o delegado promoveu a troca de 14 dos 39 ocupantes de cargos de comando num movimento que trata como oxigenação da própria polícia.

 

Ele também anunciou que pretende unificar algumas delegacias em uma só estrutura, mas não antecipou quais nem quando fará essas medidas, e espera recuperar em parte o reduzido efetivo, hoje de 3,1 mil policiais civis.

 

Para isso, terá de esperar pelo menos até o fim desse semestre, a previsão de encerramento do período de academia dos 406 aprovados em concurso (340 agentes e 66 delegados). Hoje, diz que há déficit de policiais em cidades como Joinville, Blumenau, Criciúma, Lages, Itajaí e Balneário Camboriú, para onde deverá distribuí-los.

 

Nitz entrou na Polícia Civil em 1990. Policiais experientes ouvidos pelo DC afirmam que tem uma carreira marcada mais pelo perfil administrativo a que o operacional. Trabalhou nas comarcas de Cunha Porã, Brusque, Urussanga, Curitibanos, Florianópolis, Criciúma, Balneário Camboriú e Itajaí.

 

Foi delegado regional de Curitibanos (1999/2001), assessor do secretário de Segurança (2001/2002) e diretor de polícia do Litoral (2011/2014).

 

ENTREVISTA: Artur Nitz, delegado-geral da Polícia Civil:

 

Essas mudanças em 14 cargos de comando são uma renovação na polícia?

É uma forma de dar oxigenação na própria polícia. Não pode ser interpretado como se alguém estiver sendo perseguido. É uma nova visão de polícia.

 

E como é essa nova visão de polícia?

Recuperar o efetivo, diminuir questões burocráticas e fazer com que o policial se dedique à sua missão, que é investigar. Hoje infelizmente temos muitas delegacias que na realidade são só pontos de registro de ocorrência. A minha preocupação hoje é que em muitas delegacias temos mais policiais cuidando de prédio do que investigando.

 

A comunidade reclama que os boletins de ocorrência viram estatística ou vão para a gaveta. O que fazer?

Aumentando o efetivo para dar vasão e investigando. Se agrupássemos mais esses policiais em um único local traria mais benefício à sociedade.

 

O senhor pretende transformar algumas delegacias em uma só?

Não posso dizer aonde, mas em alguns locais em que for possível eu pretendo. Vamos trazer para um só local onde possamos ter equipes de investigações. Em Florianópolis temos várias delegacias e acho que poucas têm equipes de investigação. Podemos unir duas em uma unidade só.

 

Houve em SC nos últimos anos quatro ondas de ataques nas ruas. O que será feito para que a polícia se antecipe às ações do crime organizado?

Temos a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), a Dini (Diretoria de Inteligência) e os órgãos para captar esse tipo de situação. Nesse momento é difícil falar alguma coisa. Nas grandes cidades temos as Divisões de Investigações Criminal (DIC) e quero que essas delegacias tenham maior contato com a Deic. Às vezes muitas informações surgem na ponta e não chegam lá em cima.

 

Mas isso já não vem sendo feito?

Vem sendo feito. Mas dentro da Polícia Civil talvez não atingimos o ideal. Não falo da PM, nem da estrutura da segurança. Acho que dentro da Polícia Civil podemos aproximar mais da Deic essas DICs.

 

O Primeiro Grupo Catarinense (PGC) é o grande inimigo do Estado?

Não posso negar que ele existe, mas não posso dizer que ele seja o grande inimigo. O que eles fazem não sei de que forma está sendo benéfico a eles próprios.

 

Há queixas da facilidade de comunicação dos presos com celulares nas prisões. Como evitar?

Eu tenho bom relacionamento com o sistema prisional e vou tentar afinar ainda mais. Através da troca de informações e diálogos a gente vai conseguir avançar e muito. O governo investiu em melhorias, temos viatura, combustível, equipamentos de informática, numa estrutura que poucas polícias no Brasil têm. O único problema é que ficamos sem concurso, tivemos muitas aposentadorias e diminuímos nosso efetivo.

 

Diário Catarinense

 

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