RN: Delegado Aldo Lopes de Araújo
O delegado de Polícia Civil Aldo Lopes de Araújo explicou os motivos pelos quais fez um despacho, no mínimo, inusitado, para criticar o serviço público e liberar um morador de rua que havia sido detido pela Guarda Municipal na zona Norte de Natal. Segundo o delegado, o despacho foi uma forma de criticar os serviços públicos como um todo, incluindo a falta de zelo com os prédios públicos em todo o estado revoltam a população. “Eu fico indignado”, resumiu.
O despacho do delegado foi proferido após receber na delegacia de Plantão da Zona Norte um morador de rua que havia sido detido ao defecar em um prédio onde funciona um CMEI. Aldo Lopes disse que não vislumbrava justa causa para iniciar um procedimento criminal contra o morador de ruas, “por falta absoluta de provas”. “Inexistem autoria e materialidade”, disse o delegado.
“Ele não havia levado nada. Entrou lá só para fazer as necessidades e pronto. E só entrou porque, como em vários prédios públicos, os vigias não vigiam nada. Ficam lá só pra ganhar o dinheiro dos contribuintes. Por isso que há pessoas que fazem não só isso, mas também roubam e usam drogas dentro dos locais que não têm o mínimo de segurança”, disse o delegado.
Irritado com o fato de terem levado o morador de rua à delegacia, o delegado decidiu fazer o despacho de forma não convencional. Para justificar a liberação, o delegado disse que o morador de rua “não achou lugar melhor para dar de corpo, obrar, grosso modo, esvaziar o intestino grosso, cagar, como se diz no idioma espontâneo do povo”. Segundo o delegado, tratava-se de um brasileiro em típico estado de necessidade. “Ele não tem casa nem privada onde possa arriar o barro, como se diz lá em nós”, justificou, relatando ainda que o morador de rua havia sido conduzido pela Guarda Municipal por ter “cagado no intramuros da repartição pública mal cuidada e mal vigiada, quando a cagada maior é dos administradores, a partir do momento em que não cuidam da segurança do prédio, um espaço destinado a prestar serviço público”.
“As repartições são abandonadas e isso é uma vergonha. Eu fico indignado sim, e o homem nunca pode perder a sua capacidade de se indignar. Se perder, ele está lascado”, disse o delegado.
Veja despacho
Tribuna do Norte
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