RJ: “Foi uma ação orquestrada e covarde”, afirmou Barbosa
Investigadores da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro acreditam que a delegada Tatiene Damaris foi assassinada pelo marido, o estudante de Direito Alessandro Oliveira Furtado, 39, nesta quinta-feira (23), porque ele tinha interesse no dinheiro do seguro de vida e pensão da policial. O viúvo, que confessou o crime e foi preso em flagrante por agentes da DH logo após prestar depoimento, teria premeditado o crime. Furtado também tinha uma amante, já ouvida pela polícia.
Ontem, a Polícia Civil foi acionada pelo próprio estudante tão logo ele disse ter encontrado o corpo de Tatiene na cozinha da residência do casal, em Realengo, na zona oeste da capital fluminense. A delegada apresentava vários hematomas e tinha sobre o seu rosto um travesseiro. Não havia nem sinais de disparo de arma de fogo nem perfurações de objetos cortantes. Também não havia sinais de arrombamento na casa.
O chefe da Divisão de Homicídios, delegado Rivaldo Barbosa, explicou nesta sexta-feira (24) que os investigadores suspeitaram do depoimento apresentado por Furtado. Ainda na quinta, ele foi levado ao local do crime para que fosse feita uma reconstituição preliminar. Na versão inicial do estudante de Direito, informou Barbosa, a morte de Tatiene teria sido acidental.
Furtado afirmou ter apresentado papéis referente a um pedido de divórcio para que a delegada assinasse, mas ela teria reagido de forma violenta, sacando a arma. Em seguida, o homem teria asfixiado a mulher acidentalmente com o braço esquerdo enquanto tentava tirar a arma da sua mão com o braço direito, com o objetivo de se defender. A versão, no entanto, foi desconstruída pela polícia. “Desconfiamos porque não havia nenhum sinal de disparo e as informações que ele nos passou contradiziam a perícia realizada no local”, afirmou Barbosa.
De acordo com a descrição da dinâmica do crime apresentada pelo titular da Divisão de Homicídios, o casal brigou durante a manhã de ontem. Furtado teria assassinado a mulher por volta das 6, entregado a filha de três anos do casal para o motorista que a levava para a escola às 6h15 e saído de casa para ir à faculdade. Na volta, ele teria derrubado objetos, mexido nos móveis e jogado coisas no chão a fim de simular um crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Por volta do meio-dia, o estudante acionou a Polícia Civil.
“A Polícia Civil não tem dúvidas de que foi uma ação orquestrada e covarde”, afirmou Barbosa, que revelou ainda ter que o viúvo escondeu a arma da delegada na sala da residência. Como parte da fiação elétrica estava desarrumada, os investigadores levantam a hipótese de que o homem teria dado choques na delegada. Toda a ação foi feita com luvas, o que reforça a tese de que o crime foi premeditado, segundo a DH.
Tatiene estava casada com Furtado há cinco anos. Segundo amigos ouvidos pela polícia, eles costumavam brigar com frequência. Há 15 dias a delegada fez um seguro de vida tendo como principais beneficiários a filha do casal e outro filho da delegada, de 17 anos, que vive com o pai – como Furtado ficaria com a guarda da criança, seria um dos beneficiados pelo seguro.
A princípio, a polícia suspeitou que a morte tinha relação com o trabalho da delegada. Tatiene estava lotada na 36ª DP (Santa Cruz) desde agosto. Antes, já tinha passado pela 34ª DP (Bangu) e pela 35ª DP (Campo Grande). As três delegacias estão situadas na zona oeste do Rio, onde há forte presença de milicianos.
As investigações ainda estão em andamento, mas a polícia adiantou que Furtado será indiciado por homicídio qualificado por asfixia.
Seguro Gaúcho
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