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Chefe de Polícia Civil do RJ diz que encontrou irregularidades na Draco

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO
Chefe da Polícia
deixa o cargo

RIO DE JANEIRO

{loadposition adsensenoticia}O chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, entregou à Corregedoria Interna de Polícia (Coinpol), na tarde desta segunda-feira (14), documentos de investigações que, segundo ele, apontam irregularidades na Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), comprometendo o titular da especializada, delegado Cláudio Ferraz, e um inspetor. A unidade, que passa por uma devassa da corregedoria, continua interditada.

De acordo com Allan, um dos procedimentos suspeitos, aberto para investigar desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras, em 2008, foi arquivado dois dias depois com a justificativa de falta de provas. Segundo o chefe de Polícia, o documento foi entregue em sua residência nesta manhã.

As denúncias foram deixadas na portaria da casa de Allan Turnowski com uma carta anônima relatando as várias irregularidades em procedimentos da Draco, entre elas, supostas extorsões contra prefeituras.

A assessoria de imprensa da prefeitura de Rio das Ostras informou, por meio de nota, que a procuradoria do município nega qualquer envolvimento da cidade no suposto esquema de corrupção relacionado à Draco.

Allan Turnowski comunicou também ao corregedor Gilson Emiliano Soares que foram encontradas seis armas na delegacia, entre pistolas, revólveres e escopetas, sem o devido registro de apreensão.

Outra situação que ele considerou suspeita foi o arquivamento de um procedimento de escuta que investigava recebimento de propinas por agentes da delegacia. Em todos os documentos, segundo o chefe da Polícia Civil, constam as assinaturas do delegado Cláudio Ferraz.

Corregedor acha procedimento “estranho”

O corregedor Gilson Emiliano disse que é “estranho” que um documento de investigação seja aberto para apurar irregularidades e, em seguida, arquivado com o mesmo número, quando, em geral, é emitido um outro processo para encerrar a movimentação.

O corregedor designou uma delegada para que continue o trabalho de análise de possíveis irregularidades em inquéritos instaurados pela delegacia.  O delegado Cláudio Ferraz estaria prestes a assumir a Subsecretaria de Contra Informação, órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública e a qual a Draco passa a ser subordinada, conforme resolução publicada no Diário Oficial do dia 9 de fevereiro.

O chefe de Polícia Civil analisou o comportamento do delegado como se ele não fosse mais o titular da especializada. Ou seja, não estaria mais trabalhando como seu subordinado.

“Se estivesse na Polícia Civil, tendo um RO (Registro de Ocorrência) de instauração de inquérito como também um de arquivamento do mesmo fato, numa mudança repentina, além de denúncias de recebimento de vantagens, com fortes indícios de problemas aqui na Draco, evidentemente que eu o exoneraria”, disse.

Delegado da Draco diz que “é constrangedor”

“É constrangedor”, resumiu o delegado Claudio Ferraz, sobre o fato de a Draco, que comanda, ter sido lacrada pela chefia de Polícia Civil. Em entrevista ao RJTV, o chefe de polícia, Allan Turnowski já havia afirmado haver documentos originais, com a assinatura de Ferraz, que reforçam denúncias de favorecimento a empresas e prefeituras com suspeitas de fraudes em licitações no estado do Rio.

“Eu não tenho o que falar. Ele [Allan Turnowski] tem seus motivos pra fazer essa questão [lacrar a Draco]. Mas é claro que é um constrangimento”, afirmou, ao deixar o prédio da unidade.

Apesar de ter ficado cerca de quatro horas no local, junto com o corregedor de polícia, Gilson Emiliano Soares, Ferraz disse que não foi à delegacia por causa do episódio.

“Não sei de apreensões, documentos… Sei que os acessos da delegacia estão proibidos. Eu estou aqui na delegacia para resolver outro assunto, que não tem total ligação com essa busca”, reiterou ele, que negou ter alguma rivalidade com Turnowski.

Turnowski justificou sua decisão de lacrar a Draco na entrevista ao RJTV: “No fim de semana, empresários fizeram uma denúncia de que, na Draco, existiriam problemas com a lei de licitação, envolvendo desvio de conduta de policiais”, afirmou. “Então, para preservar a busca desses documentos, a Draco foi lacrada e, nesta segunda, foram encontrados dois documentos originais, com o mesmo número, e com a assinatura do delegado e do inspetor. Por isso, a denúncia passa a ter um valor muito maior”, acrescentou.

Operação Guilhotina

A ação acontece dois dias depois da Operação Guilhotina, realizada na última sexta-feira (11) pela Polícia Federal, na qual 38 dos 45 mandados de prisão já foram cumpridos. Deste total, 30 presos são policiais militares ou civis, que ajudavam traficantes, milicianos e contraventores, com informações sobre as operações policiais, negociando material de apreensão e até dando proteção a criminosos. O chefe de Polícia Civil chegou a ser chamado para prestar esclarecimentos.

Segundo o corregedor, a partir desta semana, passa a valer uma medida do secretário José Mariano Beltrame determinando que a Draco fique diretamente subordinada à Secretaria de Segurança, e não mais à chefia de Polícia Civil.

Turnowski deixa o cargo de chefe de Polícia Civil do Rio

A Secretaria estadual de Segurança divulgou nota oficial nesta terça-feira (15) em que comunica que Allan Turnowski deixou o cargo de chefe de Polícia Civil do Rio. A Secretaria de Segurança não informou quando o nome do substituto será anunciado. Turnowski também divulgou nota oficial em seguida, em que agradece pela oportunidade de ter comandado a Polícia Civil.

A saída de Turnowski acontece dias após a Operação Guilhotina, na qual foram presos 30 policiais militares ou civis, que ajudavam traficantes, milicianos e contraventores, com informações sobre as operações policiais, negociando material de apreensão e até dando proteção a criminosos. Entre os presos está o delegado Carlos Oliveira, ex-braço direito de Allan Turnowski. O então chefe de Polícia Civil chegou a ser chamado para prestar esclarecimentos na sexta-feira (11) passada.
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Draco

A Delegacia de Repressão contra o Crime Organizado (Draco) do Rio amanheceu fechada pelo segundo dia consecutivo, nesta terça-feira (15), no Centro da cidade.

Na segunda-feira (14), primeiro dia em que a delegacia passou a ficar subordinada diretamente à Secretaria de Segurança, e não mais à Polícia Civil, Allan Turnowski entregou à Corregedoria Interna de Polícia (Coinpol), documentos de investigações que, segundo ele, apontam irregularidades na Draco, e comprometeriam o delegado Cláudio Ferraz e um inspetor.

Ferraz ajudou na Operação Guilhotina, que prendeu o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da Polícia Civil, que respondia na hierarquia apenas a Turnowski.

Após uma longa conversa na manhã desta terça-feira com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o Chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, deixou o cargo após os dois concluírem que esta seria a decisão mais adequada para preservar o bom funcionamento das instituições.

O secretário aproveita a ocasião para agradecer publicamente a dedicação e a fidelidade do delegado Turnowski durante sua gestão.

Em um ano e dez meses de trabalho no comando da Polícia Civil, Allan implantou projetos que contribuíram para a redução da criminalidade no Estado. Neste período, a Polícia Civil ganhou uma delegacia exclusiva para investigação de homicídios; aprimorou o atendimento nas delegacias distritais através do Dedic; fez prisões importantes contra a milícia; reduziu em taxas inéditas o roubo de veículos no Estado; além de melhorar a produtividade das delegacias quanto ao número de inquéritos relatados com autoria.

O secretário gostaria de reforçar que eventuais mudanças na equipe não vão prejudicar o compromisso assumido com a sociedade que é o de fazer do Rio um lugar cada vez mais seguro.

NOTA À IMPRENSA

À população do Rio, aos meus colegas de trabalho, aos meus amigos,

venho a público agradecer ao Governador Sérgio Cabral e ao Secretário de Segurança José Mariano Beltrame pela oportunidade de comandar minha instituição por quase dois anos. Hoje de manhã deixei o cargo de Chefe de Polícia após uma conversa franca e aberta com o Secretário Beltrame. Tenho certeza que esta é a melhor decisão para o momento.

Posso garantir que foi um período de aprendizado, de conquistas, de amadurecimento e também de realizações profissionais. Deixo para meu sucessor uma série de iniciativas estruturantes que podem elevar a Polícia Civil a outro patamar .

Agradeço também o apoio de meus familiares, que sacrificaram horas de convívio e atenção.

Um abraço a todos.

Allan Turnowski

G1

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