“Eu estou sendo interrogado aqui”, reclamou o policial, ouvido por mais de oito horas como primeira testemunha de acusação
Os debates entre acusação e defesa devem ocorrer na quinta e sexta-feira, mas o júri do Caso Becker começou tenso já no primeiro dia, nesta terça-feira (27), reservado para os depoimentos das cinco testemunhas de acusação. A primeira delas ficou mais de oito horas respondendo perguntas, demonstrou impaciência e discutiu com advogados dos quatro réus. Iniciada pela manhã com o sorteio dos jurados, a sessão foi encerrada às 21h50 e será retomada na manhã desta quarta.
“Eu estou sendo interrogado aqui. Não vou perder a linha. O senhor está questionando meu trabalho”, falou o delegado Rodrigo Bozzetto, que conduziu a investigação do homicídio, em resposta ao advogado João Olimpio, defensor do ex-médico Bayard Fischer Santos, acusado de mandar matar o oftalmologista de Novo Hamburgo Marco Antônio Becker.
Olimpio insistia em detalhes do inquérito, que o delegado dizia não recordar. “Faz 14 anos que não leio esse depoimento”, justificou Bozzetto, sobre um interrogatório de Bayard. O juiz da 11ª Vara Federal de Porto Alegre, Roberto Schaan Ferreira, teve que intervir várias vezes, porque os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) reclamavam que os defensores estavam promovendo debate com uma testemunha. “Temos que achar um ponto de convívio aqui. Paridade de armas”, frisou o magistrado.
“Faria tudo de novo”
Outro que incitou discussão com o delegado foi o advogado Jean Severo, defensor do traficante Juraci Oliveira da Silva, o Jura. O depoimento começou no início da tarde, pelas perguntas dos procuradores, em tom ameno. O policial afirmou que segue com a mesma convicção quanto aos autores e motivação. “Foi uma investigação complexa. Faria tudo de novo. Não surgiu nada que maculasse nosso trabalho.”
Antigo dirigente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Becker foi morto a tiros em Porto Alegre na noite de 4 de dezembro de 2008. Segundo a acusação, Bayard encomendou o crime por vingança, pois teria tido o registro profissional cassado por influência da vítima. O júri deve terminar na sexta.
EH
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