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Reações imediatas contra atiradores durante ataques em escolas

por Editoria Delegados

Lamentavelmente têm ocorrido no Brasil casos de ataques de atiradores que, sem razão aparente, invadem locais públicos e abrem fogo, indiscriminadamente, contra pessoas.

Lamentavelmente têm ocorrido no Brasil casos de ataques de atiradores que, sem razão aparente, invadem locais públicos e abrem fogo, indiscriminadamente, contra pessoas.

Do artigo de Madeleine Lacsko, gostaria de extrair o seguinte trecho, como alerta para que os pais, os conhecidos ou os amigos possam verificar quando jovens tiveram ou estão tendo contato com comunidades que incentivam ou divulgam a realização de ataques:

Pais e professores podem estar atentos aos símbolos dessa subcultura dos adoradores de massacres escolares. Não quer dizer que a criança que usou o símbolo, entrou no fórum ou disse que quer matar alguém realmente vai fazer isso. Mas quer dizer que ela está sendo capturada por essa subcultura.

Os dois principais sinais de proximidade são usar o nome Taucci nos nicknames e a máscara de caveira. Usam Taucci3895239825, FulanoTaucci ou algo do gênero em contas que não falam de assassinatos, contas normais. A máscara de caveira também está em diversas fotos de contas normais, em eventos com amigos, sem falar de assassinatos. É muito provável que quem usa esses símbolos saiba do que se trata, mas também é possível que não, que esteja apenas copiando aqueles de quem deseja se aproximar. A única certeza é de que teve contato com essa subcultura e há alguma atração.

Feito o parêntesis, que reputamos de grande importância, é preciso fixar que o nosso objetivo no presente texto é um pouco diverso. Diante da constatação de que casos assim têm tido certa frequência no Brasil, procuramos responder a seguinte questão: o que fazer se nos depararmos com essa situação em lugares públicos, como escolas ou no próprio ambiente de trabalho?

Falar disso, no Brasil, pode parecer inócuo, uma vez que até treinamentos de rota de fuga para casos de incêndio são costumeiramente negligenciados. Ou o leitor se lembra da última vez que o filho comentou ter sido feito um treinamento, na escola, para ensinar o que fazer nessa hipótese?

Assim, buscando na literatura existente nos Estados Unidos (define esses ataques como tiroteio em massa – mass shootings) , onde são encontradiços artigos e manuais que podem nos indicar um caminho a seguir no Brasil, apresentamos condutas que podem ser adotadas em caso de ataques de atiradores em escolas ou ambiente de trabalho.

PREVENÇÃO

É necessário abordar a prevenção e a reação adequada a esses ataques, a fim de garantir a segurança dos estudantes e do ambiente escolar como um todo. Neste artigo, serão apresentadas medidas e ações que podem ser implementadas para enfrentar essa triste realidade.

Investimento em segurança escolar: É fundamental que as escolas invistam em segurança, incluindo a instalação de câmeras, alarmes e sistemas de controle de acesso. Além disso, é importante contar com a presença de profissionais de segurança, como vigilantes e guardas municipais, para monitorar o ambiente escolar.

Programas de conscientização e capacitação: As escolas devem promover programas de conscientização e capacitação para professores, funcionários e estudantes sobre como identificar sinais de comportamentos suspeitos, como bullying, isolamento social e ameaças nas redes sociais. A comunicação aberta e o diálogo são essenciais para identificar possíveis riscos.

Promoção do bem-estar e saúde mental: As instituições de ensino devem investir em ações que promovam o bem-estar e a saúde mental dos estudantes, como a oferta de acompanhamento psicológico, oficinas de arte e cultura e atividades esportivas, contribuindo para a construção de um ambiente escolar saudável e seguro.

 

DESENVOLVIMENTO

Inicialmente, é preciso compreender que os atiradores que se dispõe a praticar esses ataques querem simplesmente alvejar e matar pessoas. Não possuem um padrão de seleção de vítimas.

Esses atentados costumam durar de 10 a 15 minutos e, em geral o atirador só para quando há a imediata reação de seguranças ou de integrantes de órgãos de segurança.

O Departamento de Segurança Interna do governo dos Estados Unidos recomenda as seguintes práticas para lidar com essa situação:

• Estar ciente de seu ambiente e de qualquer perigos possíveis;

• Conhecer as duas saídas mais próximas em qualquer lugar que você esteja;

• Se estiver em um escritório, ficar por lá e guardar a porta;

• Se estiver em um corredor, entrar em um comodo e segurar a porta; e

• Como último recurso, tentar jogar o atirador no chão. Isso porque, se o atirador está perto e você não pode fugir, a sua chance de sobrevivência é muito maior se tentar incapacitá-lo; e

• Ligar para a polícia assim que estiver em condições seguras de fazê-lo.

O QUE FAZER QUANDO UM ATIRADOR ADENTRA NA ESCOLA OU LOCAL DE TRABALHO

Uma vez constatado que há alguém efetuando disparos na escola ou local de trabalho ou em recinto público fechado, é preciso determinar rapidamente a maneira mais razoável de proteger sua vida. As pessoas provavelmente seguirão a liderança de funcionários, gerentes ou professores durante essa situação. Daí a importância de conhecer o ambiente onde se encontra.

Então, o primeiro o procedimento recomendado na literatura é a EVACUAÇÃO.

Se houver um caminho de fuga acessível, deve-se evacuar as instalações. Para tanto é preciso:

• Ter uma rota de fuga e planejá-la mentalmente, evitando elevadores e preferindo-se as saídas de emergência;

• Evacuar independentemente de os outros concordarem em seguir;

• Deixar quaisquer pertences para trás;

• Ajudar os outros a escapar, se possível;

• Impedir que indivíduos entrem em uma área onde o atirador possa estar;

• Manter suas mãos visíveis;

• Seguir as instruções de qualquer policial que encontrar;

• Não tentar remover pessoas feridas;

• Ligar para a Polícia assim que for seguro.

Contudo, nem sempre será possível evadir-se do local. Assim, o procedimento a ser realizado é ESCONDER-SE.

Encontre um lugar para se esconder, onde seja menos provável que o atirador possa encontrar. O esconderijo deve:

• ficar fora da visão do atirador;

• fornecer proteção se disparos forem realizados em sua direção; e

• permitir opções de movimento, sempre que possível.

Para evitar que um atirador entre no local de esconderijo, a porta deve ser trancada e bloqueada com mobília pesada. Essa conduta foi adotada pela cozinheira Silmara Moraes, que usou um freezer para impedir a entrada de atiradores no refeitório da Escola Estadual Professor Raul Brasil e salvou a vida de mais de cinquenta crianças e adolescentes.

Proteja-se atrás de mesas ou objetos grandes.

É importante desligar as luzes e qualquer aparelho que faça barulho para não chamar a atenção. O silêncio e a calma são essenciais. Há relatos de que, durante o ataque à Escola Estadual Professor Raul Brasil, professores realizarem esse procedimento e salvaram a vida de muitos alunos.

Somente em ultimo recurso e em caso de iminente perigo é que se deve tentar ATACAR o atirador.

 

O QUE FAZER QUANDO OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA CHEGAREM

O objetivo da Polícia, ao chegar ao local, é parar o atirador o mais rápido possível, evitando que ele cause mais danos às pessoas.

Assim, os policiais seguirão diretamente para a área em que os últimos tiros foram ouvidos. Por isso, é importante não bloquear a passagem deles e seguir as instruções que forem passadas, mantendo as mãos para o alto, com os dedos espalhados, evitando movimentos rápidos em direção a policiais, como segurá-los por segurança.

Outra conduta importante é não gritar ou apontar.

As pessoas devem prosseguir na direção de onde os policiais estão entrando que é, em tese um caminho já seguro.

Lembre-se, os primeiros policiais a chegar ao local não devem parar para ajudar as pessoas feridas, mas para fazer o ataque cessar. As equipes de resgate e pessoal médico de emergência chegarão depois, tratarão e removerão quaisquer pessoas feridas.

Uma vez em local seguro, esteja ciente que você provavelmente será mantido nessa área pela polícia até que a situação esteja sob controle, e todas as testemunhas tenham sido identificadas e questionadas.

 

FORMAÇÃO DO PESSOAL PARA UMA SITUAÇÃO DE ATAQUE DE ATIRADORES

A melhor forma de lidar com o ataque de atiradores é a prevenção, criando um Plano de Ação de Emergência e exercitando-o, preparando as pessoas para responder a essa situação de crise com eficácia e a minimizar a perda de vidas. Essa missão compete ao Diretor da escola, ao gerente de segurança da empresa, ao chefe de segurança do shopping, por exemplo.

O Plano de Ação de Emergência, para ser bem sucedido, inclui:

• Um método para relatar incêndios e outras emergências;

• Uma política de procedimento de evacuação;

• Procedimentos de evacuação de emergência e atribuições de rota de fuga (ou seja, plantas baixas, áreas seguras);

• Informações de contato e responsabilidades de indivíduos a serem contatados;

• Informações relativas aos hospitais da área local (ou seja, nome, número de telefone e distância da sua localização);

• Um sistema de notificação de emergência para alertar várias partes de uma emergência, incluindo: as pessoas em locais remotos dentro das instalações, órgãos de segurança pública e hospitais.
A maneira mais eficaz de treinar alguém para responder a uma situação de tiro é realizar simulações e treinamento. Os órgãos policiais deveriam ser um excelente recurso na laboração de exercícios de treinamento, ensinando a reconhecer o som de tiros, a reagir rapidamente quando os tiros são ouvidos e/ou quando um tiroteio é testemunhado; a evacuar o local; a esconder e, em último caso, a agir contra o atirador como último recurso.

O QUE NÃO FAZER

Algumas condutas, comprovadamente, não devem ser realizadas. Vejamos:

1 – Não acione o alarme de incêndio. Isso cria confusão sobre o que está acontecendo. No ataque de atirador ocorrido em Parkland, Flórida, o atirador acionou o alarme para criar pânico e alvejar as pessoas saindo para os corredores. Se quiser alertar, grite: “atirador”.

2 – Não use elevadores mas sim as escadas das saídas de emergência. Não se sabe onde o elevador pode parar. Pelas escadas, é possível identificar o barulho dos disparos e se situar melhor. Pular pela janela, desde que em andares baixo, é uma opção. Alunos da Virgínia Tech escaparam do atirador em 2007 pulando a janela do segundo andar. No ataque às mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, muitos sobreviventes relataram ter fugido quebrando as janelas do templo.

3 – Não tente se envolver com o atirador, perguntar a ele o que ele está fazendo ou implorar por sua vida falando sobre sua família. Essa conduta não se mostrou eficaz em lidar com atiradores. Não perca seu tempo tentando conversar com ele – é muito melhor lutar, ferir o atirador no rosto, nos olhos, nos ombros, no pescoço ou nos braços, de modo que seja mais provável que solte a arma.

CONCLUSÃO

Situações como as relatadas no início do texto, infelizmente, têm ocorrido com frequência que, até a pouco tempo, não se imaginava. É certo que autoridades tem agido para impedir a ocorrência de casos como os noticiados pela imprensa. No entanto, nem sempre o comportamento humano é previsível.

É preocupante a constatação da existência de comunidades que se inspiram nesses comportamentos e, talvez, seja o caso de que a imprensa discuta como deve ser feita a cobertura em eventos dessa natureza, a fim de que tragédias, que devem sim ser divulgadas, não sejam usadas de maneira contraproducente como publicidade por pessoas que queiram incentivar esse tipo de comportamento.

 

REFERÊNCIA

How to Survive a School or Workplace Shooting. Disponível em: https://www.wikihow.com/SurviveaSchool-or-Workplace-Shooting

9 TIPS FOR WHAT TO DO IN A SCHOOL SHOOTING. Disponível em: https://swiftshield.com/blogs/news/9-tips-for-what-to-do-inaschool-shooting

What to Do When There’s an Active Shooter. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/02/16/us/survive-active-shooter.html

ACTIVE SHOOTER HOW TO RESPOND. Manual do U.S. Department of Homeland Security. Disponível em https://www.dhs.gov/xlibrary/assets/active_shooter_booklet.pdf

DELEGADOS.com.br
Portal Nacional dos Delegados & Revista da Defesa Social

 

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