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Promotor de justiça diz que Polícia Civil é imprestável!

por Editoria Delegados
17mar12-sebastiao-delegado

 

 

O Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (SINDEPOL) do Piauí criticou as declarações do promotor Ubiraci Rocha no programa Jornal do Piauí, da TV Cidade Verde, sobre o caso Fernanda Lages. O promotor chamou a polícia do Piauí de imprestável e afirmou que se a Polícia Federal não conseguir concluir o caso será por culpa da polícia civil que não teria conseguido preservar o local do crime.

 

Veja as declarações do promotor:

 

 

 

Delegados Repudiam!

 

Delegado Sebastião Alencar, presidente do SINDEPOL PI

  

O presidente do SINDEPOL, Sebastião Alencar, criticou as declarações do promotor e afirmou que Ubiraci está querendo se promover em relação ao caso da estudante. O delegado confirmou que existe uma crise no Estado que afeta a polícia civil e pediu mais independência para os policiais.

“O que existe é uma crise no estado todo. Nossa parte, temos convicção de que estamos fazendo, estamos trabalhando com lisura e essa atitude do promotor é precipitada, já que a polícia federal ainda nem concluiu o inquérito. Ele mesmo disse que a PF está trabalhando com 3 teses, a de suicídio, a de acidente e homicídio. Ou seja, o caso ainda não foi concluído e ele não podia se precipitar desse jeito. O que nós queremos é o máximo de equilíbrio entre as instituições, é preciso que o promotor aja com prudência para evitar confrontos porque ninguém vai ganhar com isso. O que na verdade existe é um medo de que a gente se torne uma polícia forte, com independência e autonomia administrativa. A polícia civil usou todos os seus recursos possíveis para concluir esse caso”, disse o delegado Sebastião Alencar em entrevista ao portal GP1.

 

O delegado ainda afirmou que o promotor estaria usando um caso de comoção pública para se promover. “O que ele ta fazendo é um discurso político e rasteiro só para agradar a população. Isso é para encher o seu ego, na minha opinião. Esse tipo de arrogância e especulação não vão levar a nada. Se nós somos imprestáveis, eles também são, porque o Ministério Público também não tem essas estruturas e muitos presos são soltos porque eles não conseguem estender o prazo das investigações.Não é julgando e nem gritando que se resolve isso. A categoria não aceita esse tipo de atitude e lamenta que um promotor de justiça toma uma medida precipitada como essa e vamos esperar a conclusão do inquérito da Polícia Federal para opinar”, finalizou o delegado Sebastião Alencar.

Veja na íntegra nota divulgada pelo Sindepol

 

Prezado Jornalista,

 

O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Carreira-SINDEPOL- em face das declarações do promotor Ubiraci Rocha de que a polícia civil é “amadora e imprestável para a sociedade” vem a público tecer as seguintes considerações.

 

O nefasto episódio da morte violenta de Fernanda Lages, fato que chocou toda a sociedade piauiense, vem sendo tratado pelos representantes do Ministério Público designados para acompanhar as investigações com excessivo emocionalismo, com declarações desarrazoadas de quaisquer racionalidades. Impõe-se um chamamento à razão, aguardando o resultado final da polícia federal e contextualizando provas técnicas e testemunhais específicas com o conjunto do caderno investigatório.

 

A Polícia Civil, enquanto instituição incumbida das funcões de polícia judiciária, padece de carência e deficiências estruturais que criam embaraços para o êxito do cumprimento de nossas funcões previstas constitucionalmente. Notadamente, pleiteamos a muito tempo a autonomia administrativa e financeira da polícia civil, profissionalização e capacitação dos policiais, investimentos maciços em tecnologia, intercâmbio com outras policiais e criação de delegacias especializadas, inclusive a de homícidios. Todavia, esparramos na notória crise financeira que vive o Estado, incapaz de alocar a seus serviços essenciais à população investimentos que possam traduzir-se em serviço de qualidade e eficaz.

 

As deficiências que acometem a Polícia Civil não é diferente das que emperram o trabalho eficiente do Ministério, também, desprovido de investimentos, carência de pessoal e seus membros -Promotores de Justiças- com armários abarrotados de processos inertes,mofando, chegando o CNMP a constatar que um só Promotor de Justiça tinha mais de 800 processos paralizados em seu gabinete.

 

Por derradeiro, cabe restaurar a verdade e dizer que no caso Fernanda Lages a preservação do local do crime deveria ter sido feita pela Polícia Militar – primeiro representante estatal a chegar ao local do fato – e escoimar daquele local curiosos, jornalistas e até outros policiais que não estivessem em serviço. A perícia científica da polícia civil ao chegar naquele cenário já encontrou alterações que podem ter afetados a eficácia do trabalho pericial.

 

Á sociedade piauiense reiteramos o compromisso de continuar pautando a nossa conduta com seriedade, equilíbrio, razão e superando as nossas carências com destemor e apego destemido ao trabalho investigativo.

Dizem os sábios que o tempo é o senhor da razão.

 

Del. Sebastião Alves de Alencar Neto
Presidente do SINDEPOL

 

GP1

 

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