Aqueles que fugirem do sistema prisional em Bauru não contarão mais com os serviços de Antonio Carlos Bezerra, 45 anos, acusado de emitir documentos falsos. Toninho Barrigudo, como é conhecido, emitia RGs e CNHs falsificadas que acabavam viabilizando crimes como abertura de contas bancárias, habilitação de celulares, obtenção de crédito no comércio, cartões de crédito e cheques, além do também tráfico de drogas.
O delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) Cledson Luiz do Nascimento frisa que Bezerra fornecia documentos falsificados de ótima qualidade para pessoas envolvidas com o crime organizado. Com um mandado de busca e apreensão, a equipe da DIG apreendeu na residência do acusado 75 RGs e CNHs prontas para circulação no mercado de documentos falsos.
Também foram apreendidas as matrizes das cédulas. De acordo com o delegado da DIG, Bezerra disse que obtinha as matrizes e as fotos em um site de buscas. O acusado possuía quatro diferentes documentos com sua foto.
Cledson conta que a prisão de Bezerra foi um desmembramento de uma investigação sobre uma série de roubos. O acusado foi preso por volta das 10h de ontem pelos policiais da DIG em sua residência, na rua João Sotero de Castro, 15-06, na Vila Industrial.
Falso
Na casa dele foram apreendidos os documentos falsificados, uma CPU, aparelhos celulares e carregadores, modens, grande quantidade de xerox de documentos, um revólver Rossi calibre 38 e três projéteis intactos.
Bezerra foi preso em flagrante e o delegado Cledson solicitou à Justiça sua prisão preventiva. Ele é acusado por estelionato, falsificação de documento público, uso de documento falso e porte ilegal de arma. Bezerra foi encaminhado para a Cadeia Pública de Duartina, onde aguardará providências da Justiça.
RG de Edmundo
Após ser preso, Bezerra revelou ao delegado Cledson que produziu um RG com os dados do ex-jogador de futebol e atualmente comentarista esportivo Edmundo. Com o documento falso, Bezerra teria habilitado uma linha telefônica.
Conforme as investigações da DIG, as linhas de celular eram usadas para a prática de outros crimes, como o tráfico de entorpecentes. Segundo o delegado, dados de terceiros, como familiares, também eram utilizados para habilitar linhas de telefones celulares usados em práticas criminosas.
‘Talibã’ era seu freguês
Entre as carteiras de habilitação (CNH) apreendidas com Antonio Carlos Bezerra destacou-se a de Flexon Costa Soares da Silva, conhecido como Talibã, acusado por pelo menos uma dezena de roubos em Bauru e com ligações com a facção criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC).
Flexon não teve tempo de buscar esta CNH, pois foi preso no último dia 7 de fevereiro pela DIG. O documento falso preparado para ele estava com o nome de Valdecir Donizette Bispo. Na prisão de Flexon, os policiais verificaram que ele também utilizava o nome de Alexander de Paiva Júnior.
Flexon e um comparsa aterrorizaram Bauru com uma série de roubos no mês passado. Ele era o “cabeça” de uma quadrilha que praticava roubos diários. Seu apelido, Talibã, faz jus ao modo de operação. Aos 33 anos, ele é especialista em assaltos à mão armada a estabelecimentos comerciais da cidade. Entre seus alvos estão depósitos de bebidas, açougues, marmorarias, entre outros. Até agora, ele já foi reconhecido em 11 crimes.
Flexon veio da Capital, onde cumpria pena. Autuado pela primeira vez em 1997 por roubo, carrega passagens por tráfico de drogas e também por sequestro-relâmpago.
A vinda dele a Bauru foi motivada por amor. Quando esteve preso pela última vez, em Pacaembu, começou a se corresponder com uma mulher. Logo que saiu da prisão, descobriu que ela trabalhava como garota de programa em Bauru e, em dezembro do ano passado, veio encontrá-la.
Quando foi preso, Flexon estava com a garota, que tinha parado de fazer programas para viver com ele. A prisão do acusado e de outros dois comparsas colocou fim a uma série de roubos, que inclusive já tinha próximas vítimas eleitas. Nas investigações, foram encontrados vários cartões de joalherias.
Principais clientes
De acordo com as investigações feitas pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Bauru, os principais clientes de Antonio Carlos Bezerra, preso ontem, eram reeducandos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), com três unidades em Bauru. Matéria do JC publicada no último dia 27 alertou que pelo menos cinco internos fugiram do CPP-3, antigo IPA. Em liberdade, o evadido necessita de documentação “limpa” – que era fornecida por Bezerra – para cometer novos crimes.
Somente em janeiro deste ano, o CPP-3 registrou 51 abandonos, de acordo com levantamento do Jornal da Cidade. Os números oficiais da Secretária da Administração Penitenciária (SAP) referentes a 2011 vão ao encontro desta realidade. No total, 251 reeducandos deixaram – seja por abandono ou após não retornar das saídas temporárias – o CPP-3 durante o ano, o que gera uma média de 20 por mês.
Em janeiro, houve uma fuga em massa de 16 detentos do antigo IPA. De acordo com levantamento extraoficial feito pela reportagem, somente em janeiro deste ano, 40 detentos deixaram o CPP-2 (antiga P2). Outros 11 abandonaram o CPP-1.
jcnet
DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados