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Preferida para chefiar PF, delegada é elogiada por atuação na Lava Jato

por Editoria Delegados

Policiais federais querem uma mulher como diretora da instituição

 

Em consulta informal realizada pela ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal), Érika Marena, 41, uma das chefes da Operação Lava Jato, foi a mais votada para o cargo de diretor-geral, com 1.065 votos.

 

A associação defende que o diretor da PF seja escolhido por meio de lista tríplice votada pelos policiais, como ocorre com a Procuradoria –o governo rejeita a ideia, no entanto. A ADPF quer que Temer escolha um nome para substituir o atual diretor da PF, Leandro Daiello.

 

Apesar de ter se destacado em um ambiente dominado por homens, Marena não usou a bandeira feminista na campanha. À Folha ela disse que as mulheres enfrentam mais desafios: “Em um ambiente masculino, como o policial, o homem muitas vezes tem o respeito pelo simples fato de ser homem, enquanto a mulher, na mesma posição, precisa constantemente mostrar que é capaz”.

 

O principal ativo de Marena é a Lava Jato, na qual trabalha há quase três anos. É apontada por advogados e policiais como “mãe” da operação ao associar, com o colega Márcio Anselmo, o doleiro Alberto Youssef ao esquema da Petrobras.

 

Seus pontos fracos são a falta de experiência em gestão e um certo pavio curto. Em conjunto com outro delegado, moveu uma ação contra um jornalista crítico da Lava Jato, que teve de retirar textos de seu blog, após decisão judicial.

 

Em carta recente aos delegados, Marena defende que o modelo da Lava Jato seja disseminado: “A integração e o trabalho de equipe observados no grupo Lava Jato me fizeram acreditar que uma PF diferente é possível, assim como a reprodução desse modelo de trabalho em outros Estados”.

 

Mesmo criminalistas, que têm interesses distintos dos dela, a elogiam. “Ela é, talvez, a profissional que melhor produz na operação, e continua a mesma: não é arrogante nem grosseira”, diz Jacinto de Miranda Coutinho, que defendeu Andrade Gutierrez e OAS.

 

Rodrigo Sánchez Rios, que foi advogado da Odebrecht e Engevix, defendeu a senadores a ideia de uma lista tríplice para a PF. “Disseram que a atitude da PF era corporativista. Defendi que a autonomia dava legitimidade para atuar distante de partidos políticos”.

 

CRIMES FINANCEIROS

 

Nascida em Apucarana (PR), filha de uma costureira e de um historiador, a delegada é casada, sem filhos, e entrou na PF há 13 anos.

 

Após ter participado de investigações de grande complexidade, como o caso Banestado e a apuração sobre o banqueiro Daniel Dantas, Marena ganhou a reputação de ser uma especialista em crime financeiro.

 

No Banestado, investigou doleiros que remeteram mais de US$ 20 bilhões por uma agência em Foz de Iguaçu.

 

Foi nessa apuração que aprendeu três técnicas que seriam essenciais para a Lava Jato: descobrir os caminhos tortuosos que o dinheiro sujo segue, manejar uma quantidade gigantesca de informação e atuar em cooperação com outros países. Foi também uma das primeiras experiências com força-tarefa de policiais e procuradores.

 

Agentes da PF que trabalham com ela chamam a atenção para sua dedicação ao trabalho. Sofreu um acidente de carro em março deste ano e dias depois estava trabalhando.

 

Em 2015, foi diagnosticada com câncer no útero, fez uma cirurgia e descobriu que o tumor não era maligno. Marena impressionou aos colegas por ter se afastado por um período curto, “só o tempo de cicatrizar o corte”.

 

POLÊMICAS

 

A principal polêmica em que ela se envolveu foi o processo contra o jornalista Marcelo Auler, que criticou policiais da operação e a culpou pelo vazamento de delações. O Juizado Especial Cível de Curitiba determinou que Auler removesse de seu blog os textos com as críticas.

 

Na semana passada, a Associação Brasileira de Imprensa chamou a medida de censura. A advogada dos delegados, Márcia Marena, afirma que em nenhum momento foi determinado pela Justiça a retirada de reportagens sobre a Lava Jato, mas os textos considerados ofensivos.

 

A delegada também foi apontada pelo analista da PF Dalmey Werlang como uma das policiais que recebia gravações que seriam coletadas por meio de uma suposta escuta ilegal instada na cela do doleiro Alberto Youssef. Até hoje, porém, Dalmey não apresentou prova de que as gravações existiram.

 

Folha

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