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Polícia apura site com ‘guia definitivo’ de como estuprar mulheres na UnB

por Editoria Delegados

DF: Autor lista cinco passos sobre como praticar o ato e se divertir com isso

 

A Polícia Civil investiga uma página na internet que traz um “guia de como estuprar mulheres na Universidade de Brasília (UnB)”. Chamado de “Reis do Camarote”, o site publicou um artigo que diz que o homem, branco, superior, deve frequentar grupos feministas, escolher uma vítima e abusá-la com violência.

A UnB informou que repudia o conteúdo da página, “que explicitamente comete crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra a mulher”. A Procuradoria Jurídica da instituição está formalizando denúncia, que será protocolada nos órgãos de segurança e Justiça, diz a universidade (veja íntegra da nota ao fim da reportagem).

Na página, o autor cita cinco passos para se estuprar uma mulher. O primeiro é “faça parte de coletivos sociais”. O segundo pede que um “alvo seja selecionado” e o terceiro é a consumação do ato, o estupro. “Passando o pano”, diz a quarta etapa, que orienta o autor a negar a violência. O último aconselha a se “divertir vendo o sofrimento e a destruição”.

“Lembre-se que estupro tem a ver com violência. Se a vadia quiser fazer sexo consensual, está errado. Ela tem que negar. É por isto que você precisa ser violento. Em um momento sozinho, simplesmente pegue-a a força, tire a porra da roupa dela e a violente”, diz um trecho do artigo.

 

 

 

Cada item traz detalhes sobre como a pessoa deve agir. “Uma vez o alvo selecionado, novamente, siga as dicas de todos os processos. Faça que os esquerdistas, que a comunidade acadêmica pense que você tem um relacionamento com a vadia”, diz um dos pontos.

O site tem link que direcionam a outros artigos que incitam a violência. Em uma das páginas, a “dica” é sobre tortura psicológica, indução ao suicídio ou como “esfaquear uma mulher sem usar as mãos”. Outra publicação incita os leitores a a estuprarem lésbicas. “Salve uma mulher do homossexualismo e da Aids.”

 

O autor fala sobre as denúncias que o site vem recebendo. “Quando homens são estuprados na cadeia, elas riem. Quando uma feminista vadia é estuprada porque anda de roupa curta em uma viela cheia de marginais, é um completo absurdo.”

A estudante de arquitetura e urbanismo da UnB Gabriela Heusi, de 23 anos, critica a página. Segundo a jovem, o site mostra o quanto há de preconceito, machismo e ignorância dentro de universidades.

“Eu não sei se foi uma brincadeira idiota, mas não acho que seja algo para ser tema de piada. Quando eu achava que estávamos evoluindo, vejo esse tipo de texto, que só faz com que eu abra os olhos para tanto preconceito.”

A estudante de serviço social Natália Cipriano, de 21 anos, diz que se sente amedrontada com a página. “Acredito que quem teve a ‘brilhante’ ideia de criar esse ‘manual’ esteja cansado das mulheres empoderadas, as que lutam, sobrevivem e são felizes sozinhas, daquelas que não precisam de um homem para trocar um pneu ou uma lâmpada. Entretanto, somos vulneráveis enquanto mulheres, estudantes, principalmente da UnB, onde vem ocorrendo os casos.”

Ameaças

Em 2012, dois alunos da UnB foram presos por incitar a violência contra negros, homossexuais, mulheres, nordestinos e judeus na internet e por publicar ameaças contra alunos da universidade.

Um deles foi detido no Paraná, quando visitava um amigo e colaborador do site que divulgou as ameaças. Com ele, os policiais encontraram um mapa com endereço do Lago Sul, em Brasília, onde o grupo estaria planejando um ataque armado.

 

Nota da UnB

 

“A Universidade de Brasília repudia o conteúdo da página na internet chamada ‘Reis do Camarote’, que explicitamente comete crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra a mulher.

A Universidade considera inadmissível a apologia ao estupro e aos outros tipos de violência incitados pelo texto ‘Como estuprar uma mulher na UnB: o guia definitivo’ e por outras postagens do site.

A Procuradoria Jurídica da UnB está formalizando denúncia contra a página, que será protocolada junto aos órgãos competentes de Segurança Pública e Justiça.
Pautada pelos princípios da cultura de paz e de direitos humanos, a instituição reitera o estímulo e o apoio a projetos, programas e ações de combate à violência, machismo, sexismo e violação dos direitos da mulher. As iniciativas têm a chancela da Reitoria e do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), por meio da Diretoria da Diversidade (DIV).

A UnB comunica ainda que os desdobramentos desse lamentável fato estão sendo informados e acompanhados pela Coordenação de Direitos da Mulher (DIV/DAC), por meio de documentos e notas de repúdio, encaminhados aos coletivos feministas atuantes dentro e fora dos campi, visando à mobilização social para fortalecer as denúncias.”

 

G1

 

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