A Polícia Civil da Região Sul do Estado aguarda a chegada de 10 novos delegados que passaram no concurso em julho de 2009 para tentar amenizar a atual situação. Hoje, a regional da Polícia Civil atende 16 Municípios, com 21 delegacias e conta com apenas 14 delegados. De acordo com o delegado regional, Percival Euleutério de Paula, existem hoje seis municípios sem delegados: Guiratinga, Dom Aquino, Poxoreú, Itiquira, Pedra Preta e Juscimeira. “Temos delegados ocupando provisoriamente as comarcas”, afirma.
O delegado regional explica que as novos concursados irão ocupar as vagas das cidades que ainda não tem delegados, para assim desafogar a sobrecarga de trabalhos de delegados que atualmente respondem por duas comarcas. Os municípios que compõem a região sul que dispõem de delegados são Campo Verde, Primavera do Leste e Parantinga.
Percival ressalta que o problema com falta de delegados causa lentidão nos trabalhos. “Os delegados que estão provisoriamente nas comarcas, vão até o local uma vez na semana, e quando ocorre flagrante, o que gera certa ineficiência no serviço prestado nessas comarcas”.
Outro problema apontado pelo delegado é que os concursos realizados para polícia civil demoram muito para empossar os concursados. “Os aprovados que não tomam posse rapidamente, continuam na maioria, a fazer outros concursos, acabam aprovados assumem e deixam o da polícia, tendo assim uma demora maior para preencher as vagas”.
Para o delegado morosidade na efetivação de concursados traz prejuízos para a Polícia Civil (Foto: Marcos Magalhães)
O Estado de Mato Grosso conta com 180 delegados na ativa, sendo que Cuiabá absorve grande parte deste número. Existe em todo o estado mais de 150 comarcas que ainda estão sem delegados.
Outra situação é que além de ter poucos delegados, 40 já estão cadastrados para se aposentar, sem contar aqueles que passam em outros concursos ou pedem transferência.
“Apesar da pouca estrutura da polícia civil e a falta de um número de efetivos, a polícia tem realizado um bom trabalho”. menciona Percival. Nestes últimos meses foram concluídos mais de mil inquéritos com prisões.
Percival descreve que os delegados, mesmo com carga horária excessiva, não deixam de realizar os trabalhos. Além de atender as delegacias durante o expediente, os delegados trabalham em forma de revezamento com plantões durante as noites. Essa dupla carga de horário impossibilita por exemplo, que um delegado esteja presente em locais de crime.
Sobre os crimes mais praticados na região sul do estado, a delegacia descreve que são crimes de menor potencial como embriaguez, porte ilegal e arma de fogo e roubos e furtos de menor gravidade. “Temos percebido que quem pratica pequenos delitos normalmente são usuários de entorpecentes, que roubam na maioria das vezes para conseguir drogas”.
As delegacias do sul do estado também atendem muitas ocorrências que diz respeito a Lei Maria da Penha, que chegam a somar 80% dos casos registrados.
gazeta MT
Com recordes na violência, medo assume proporções gigantescas em MT
Caixas eletrônicos arrombados e destruídos por dinamites e maçaricos quase todos os dias. Residências invadidas por quadrilhas armadas que roubam, espancam e estupram mulheres na frente de suas famílias. Sequestros. Empresas que já trabalham com as portas fechadas com medo de assaltos, e pessoas mortas brutalmente todos os dias por envolvimentos em outros crimes, principalmente tráfico de drogas. Sem esquecer de que os bandidos também estão matando pessoas inocentes e trabalhadoras em roubos.
Muitas famílias já deixaram a Grande Cuiabá, e outras estão pensando em seguir o mesmo caminho. A mesma coisa acontece com algumas empresas. Aliás, dezenas delas, ou fecharam as portas com medo, ou estão trabalhando com as portas fechadas. É a violência que avança em todos os campos da área de segurança pública. Depois de um mês de março com 40 assassinatos, abril segue ainda mais violento já soma 19 crime contra a vida: 15 homicídios uma latrocínio: roubo seguido de morte e três carpos localizados.
Os assassinatos, agora quase dois a cada 24 horas, aumentam e colocam até as autoridades em pânico. Sem contar os casos de roubos com invasão de residências e arrombamentos a caixas eletrônicos e empresas, de onde os bandidos roubam e furtam milhões a cada mês, deixando para trás pessoas aterrorizadas, em pânico e famílias inteiras traumatizadas com vontade de ir embora de Cuiabá e Várzea Grande.
“Não dá mais para viver aqui. Não temos um mínimo de segurança. Todo mundo fala, reclama, mas o governo não faz nada. Parece que tudo está bem e que as pessoas não estão morrendo e se matando nas mãos de bandidos que invadem nossas casas e nossas empresas armados. Roubam e ainda estupram nossas filhas”. O desabafo é de Antônia Fernandes Oliveira, uma pequena comerciante que mora no Jardim Paula, em Várzea Grande.
Com a casa invadida duas vezes nos últimos 30 dias por bandidos armados, a empresária conta que o Jardim Paula está entregue às moscas, sem um mínimo de segurança. “O pior é ninguém faz nada para resolver o problema. A gente procura a Polícia e a resposta que recebemos é que falta homens para policiar todos os bairros”, diz a moradora do Jardim Paula.
A violência é tanta, e a descrença das pessoas que pagam seus impostos é ainda maior, que agora não apenas as pequenas mercearias e mercadinhos da periferia estão funcionando com as portas fechadas, atendendo pelas grades, mas também as lojas de porte médio e até as grandes já estão atendendo com as portas fechadas.
“Nós temos que ficar atentos para não perdermos clientes. Muitos pensam que estão fechados de verdade e vão embora. Como a gente já conhece a maioria, tratamos de abrir a porta quando eles (os clientes), se aproximam. É o medo que temos de um assalto e até de levar um tiro” – afirma uma empresária que tem uma loja de luxo na Avenida Rubens de Mendonça.
“Estamos pensando em deixar a Capital de Mato Grosso. Moro aqui há mais de 30 anos e nunca vi Cuiabá tão violenta. O pior é que todos reclamam, principalmente a imprensa, mas ninguém faz nada, parecendo que estamos em uma mar de rosas, às mil maravilhas, quando a realidade é bem outra. Aliás, é bom lembrar que eu li uma reportagem dias atrás e descobri que os efetivos da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros hoje não daria para atender a população da década de 70”, diz um empresário que mora no bairro Santa Rosa e que já teve a casa invadida por bandidos três vezes do ano passado para cá.
As mortes, uma mais brutal que a outra, assustam e deixam as famílias cada dia mais apreensivas com o aumento constante da violência em Cuiabá e Várzea Grande. Na manhã desta quarta-feira, 11, a Polícia fez a liberação do 19 corpos de pessoas mortas violentamente em crimes contra a vida. E mais uma vez a vítima estava envolvida com uso de drogas.
O corpo, segundo a Polícia Militar, é de uma mulher de quase 30 anos, desaparecida há mais de oito dias. A vítima foi encontrada em adiantado estado de decomposição em um matagal às margens da Rodovia Emanuel Pinheiro (Cuiabá-Chapada dos Guimarães), próximo ao acesso ao Jardim Florianópolis, na periferia da Capital.
Para se ter uma ideia do aumento da violência, o ano de 2010 fechou com quase um assassinato por dias apenas na Grande Cuiabá. O ano passado fechou com mais de uma pessoa assassinada por dia e neste ano de 2012 a Polícia está registrando quase dois assassinatos a cada 24 horas apenas nas duas principais cidades de Mato Grosso.
Policiais ouvidos por 24 Horas News também admitem preocupação. Dizem que saem para trabalhar, mas rezam muito para voltar com vida para casa. “Todos sabem, mas ninguém toma providência, da falta de efetivo das nossas polícias. A verdade é só uma: não temos homens suficiente para trabalhar no dia a dia” – diz, confirmando uma realidade há muito conhecida.
O tráfico de drogas dobra, as mortes dobram, os roubos e os furtos triplicam, e a Polícia segue a mesma, as vezes até encolhendo no número de efetivos. “Temos medo sim, e isso não é segredo para ninguém, pois também vivemos em pânico dentro de uma guerra desigual, pois somos minoria” – desabafa um policial militar que pediu para não ser identificado.
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