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“Entre nós e eles, que sejam eles”, diz delegado que presenciou tiroteio com morte

por Editoria Delegados

RS: Suspeito de assalto foi morto após troca de tiros com policiais à paisana

 

 

Reunidos no apartamento de um colega no bairro Rio Branco, região central de Porto Alegre, um grupo de 10 policiais civis deparou, na noite da última quinta-feira, com uma cena comum para muitos moradores da Capital que vivem sob o medo constante de perderem a vida quando entram ou saem de suas casas ou carros. Abordada por dois assaltantes, uma policial ficou sob a mira de armas quando fechava o veículo particular e se preparava para entrar no prédio onde uma equipe da 3ª Delegacia de Pronto-Atendimento (DPPA) fazia uma confraternização atrasada de fim de ano.

 

Identificado o suspeito morto em assalto a policial

 

Ela sobreviveu, graças ao apoio dos policiais, mas não sem sequelas. Em estado de choque, a mulher está abalada, segundo o relato de um delegado que presenciou a cena e conversou com Zero Hora nesta sexta-feira. De acordo com ele, que pediu para não se identificar, foram 30 segundos de tiroteio e correria na Rua Professor Carmen de Souza Santos. Um homem, identificado como Luciano de Castro Bairros, 38 anos, foi morto pelos policiais.

 

Porto Alegre é a capital brasileira campeã no roubo de veículos

 

Outros dois assaltantes, um deles ferido, conseguiu fugir e são procurados. Eles pertenciam a uma quadrilha de ladrões de veículos de Sapucaia do Sul. Conforme o delegado ouvido por ZH, a vida da policial foi salva porque seus colegas observaram a tentativa de roubo e agiram rápido. Em segundos de decisão, ele disse que o que veio à cabeça foi “entre nós e eles, que sejam eles”. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

 

O senhor presenciou o assalto. Como foi?

 

Trabalhamos em equipes de plantão, não nos encontramos seguidamente, mas nesse dia todo mundo folgou e resolvemos fazer a confraternização na casa de um dos policiais. O pessoal estava chegando ainda, eram cerca de 20h30min, e a colega (vítima) subiu no apartamento e notou que tinha esquecido o telefone celular dentro do carro. Ela desceu e ficamos monitorando, pois sabemos que tem assalto direto por ali. A rua estava escura, e, quando ela chegou, apareceram dois indivíduos, um deles armado. Nós gritamos ‘o que está acontecendo?’, e ela não falou nada. Acredito que o objetivo era levar o carro. Quando eles (assaltantes) viram que tinha gente lá em cima, acho que desistiram e fugiram.

 

Quando vocês notaram o que tinha acontecido, qual foi a primeira atitude?

 

Descemos correndo. Ela (policial) nos contou que eles tinham entrado numa EcoSport branca e apontou para o local. Um dos nossos policiais se postou na frente do veículo, que arrancou em cima dele. Demos voz de comando para eles pararem, e um dos ladrões desceu e começou a atirar. Aí nós revidamos. Foram cerca de 30 segundos de tiroteio. A caminhonete chegou a dar uma arrancada e parou. Dois caras saíram correndo e fugiram por ruas próximas.

 

Vocês não conseguiram pegar eles na hora?

 

Uma parte da nossa equipe foi atrás deles e outra ficou conversando com os moradores da região, que estavam apavorados. Explicamos o que ocorreu. O relato que nos chegou é de que um Focus preto recolheu e levou os suspeitos.

 

Qual é o seu sentimento ao vivenciar uma situação dessas?

 

Se nós, policiais, que estamos preparados, sofremos, imagina o cidadão comum. Só enfrentamos os bandidos porque estávamos armados e treinados. Não sabíamos se eles não levariam ela (policial) junto. Se isso ocorresse, a teriam matado. Ainda bem que na hora ela ficou fria e não se manifestou. A colega estava armada, podia ter sacado a arma, mas daí seriam dois contra um. Entre nós e eles, que sejam eles a ir. Era iminente o risco de vida.

 

Como ela está agora?

 

Em estado de choque. Ela viu os caras em volta do carro e achou que era o pessoal do prédio. Nós, policiais, geralmente não nos deparamos com essa situação de ser vítima. Ela ficou abalada, chorou bastante. Depois revistamos a EcoSport e encontramos CPUs, HD externos, estepes de outros carros e celulares. Eles devem ter feito uma espécie de arrastão.

 

Zero Hora

 

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