Início » ‘É preciso mudar a cultura do BO’, diz diretor dos delegados

‘É preciso mudar a cultura do BO’, diz diretor dos delegados

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
11nov09-sp-bo-problema

SÃO PAULO
‘É preciso mudar a cultura do BO’, diz diretor-geral
Todo mundo quer um BO

SÃO PAULO

Marco Antonio Santos diz que “a polícia não foi feita para isso” e que o boletim de ocorrência nada mais é que um formulário
Andréia Sadi

O diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), Marco Antonio de Paula Santos, disse ao R7 que entre os principais objetivos do sistema do novo atendimento das delegacias em São Paulo é acelerar o atendimento à população e acabar com a “cultura do BO” (Boletim de Ocorrência) – interna e externa. Para Santos, a polícia virou um “cartório, um tabelião de notas” e não vai para as ruas ajudar na diminuição da criminalidade.

– Todo mundo quer um BO, principalmente em São Paulo, às vezes não sabe nem para que quer um BO, mas quer. Então você tem que mudar este tipo de cultura, a polícia não foi feita para isso.

Para Santos, o BO se desvirtuou ao longo dos anos e nada mais é que um formulário para relatar fatos tidos como criminosos e que até a polícia “tem mania” de registrar boletins para tudo – fatos que são de interesse da polícia e também para os que não são.

– Precisamos mudar esta estrutura que funciona há 40 anos aproximadamente. O BO é uma peça que não existe no processo penal. É que nestes anos todos o BO desvirtuou-se. Hoje você tem um problema na sua conta corrente no banco ele exige um BO.

No novo sistema de atendimento – que começou a ser implantado em outubro – quase 70% das delegacias de São Paulo vão funcionar em esquema de pronto-atendimento até julho do ano que vem. Isto significa que em 63 delegacias da capital, durante a noite e aos finais de semana, a própria vítima vai preencher um formulário relatando o que aconteceu ou recebe ajuda de um atendente e recebe um protocolo, mas não leva o BO para casa.

Se houver necessidade – avaliada pelos atendentes – a pessoa pode se dirigir aos plantões permanentes – que serão 30 – voltar para buscar no dia seguinte, no próximo plantão, ou até receber por e-mail ou correio.

O delegado disse que as unidades não deixarão de atender à população e o objetivo é que as ocorrências não virem “papel arquivado” até que alguém consiga investigar o caso. A mudança quer evitar a espera de horas por boletins de ocorrências nos distritos da cidade e Santos garante que a ocorrência será registrada da mesma forma e vai gerar estatística.

– A polícia tomou conhecimento (da ocorrência), a única coisa que você não vai ter é um boletim de ocorrência a menos que você necessite.

O novo sistema, segundo o delegado, valoriza o policial – pelo menos dos plantões completos – porque o libera da função do “mero registrador dos fatos” na hora de fazer um boletim de ocorrência.

R7

Fábio Gaudêncio
DELEGADOS.tv
Portal Nacional dos Delegados
Revista da Defesa Social

você pode gostar

Deixe um comentário