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Delegados de Pernambuco deixam plantões por melhores condições de trabalho

por Editoria Delegados

PE: Mal remunerado e tendo que trabalhar até 24 horas, o delegado rende menos, não consegue fazer investigações

 

A Associação de Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) anunciou, na tarde desta quinta-feira (1º), que 217 profissionais da categoria decidiram sair ou deixar de aderir ao Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES). O mecanismo permite que os servidores façam até dez plantões de 12 horas ao longo de um mês, o que, além de cobrir eventuais brechas nas escalas da segurança pública, gera um acréscimo salarial. Com a decisão, 90 delegacias em todo o Estado devem ser fechadas ou ter o atendimento prejudicado.

 

Segundo a Adeppe, a saída do PJES é uma forma de pressionar o Governo do Estado a trazer soluções à falta de condições de trabalho dos servidores, que enfrentam delegacias sucateadas, coletes balísticos vencidos e longas jornadas de trabalho. “O PJES, além de não remunerar adequadamente, vem sendo uma forma de maquiar a falta de estrutura, sobretudo no Interior, que tem diversas delegacias sem delegados. Profissionais que atendem uma delegacia durante o dia dão plantão à noite em outra unidade. A adesão ao PJES é voluntária, mas num estado que tem o pior salário da categoria no Brasil, os servidores acabam aceitando. Cobramos valorização”, disse o presidente da Adeppe, Francisco Rodrigues.

 

Segundo a associação, o incremento no salário de quem participa do PJES é de R$ 22 por hora trabalhada. O ideal seria cerca de R$ 100/h. “Mal remunerado e tendo que trabalhar até 24 horas, o delegado rende menos, não consegue fazer investigações. A Polícia Civil hoje é uma polícia que está vivendo de flagrantes. As investigações estão comprometidas”, disparou Rodrigues, citando preocupação com apurações de crimes que têm gerando grande clamor social, como os assaltos a ônibus e os roubos e furtos a bancos.

 

Campanha e números

 

Em entrevista coletiva, a Adeppe também lançou uma campanha – “Olimpíadas do Medo”, com cartazes e outdoors – com o intuito de evidenciar números da violência em Pernambuco. De janeiro a julho deste ano, segundo a entidade, foram registrados 2,6 mil homicídios, 1.151 assaltos a ônibus, 125 arrombamento a bancos, 5.120 ocorrências de violência contra a mulher e mais de 13 mil veículos roubados ou furtados.

 

Resposta

 

Em resposta à mobilização dos delegados, a Secretaria de Defesa Social afirmou que vai “adotar um plano de contingência”. Por meio de nota, o órgão alegou que “vai avaliar em conjunto com a Polícia Civil a extensão do movimento durante o final de semana para adotar um plano de contingência na medida do necessário, como já foi feito no ano passado, quando mobilização semelhante de natureza salarial foi deflagrada no segundo semestre”.

Folha de Pernambuco

 

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