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Delegado que teria negociado rendição de Nem é ouvido na Corregedoria

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

RIO DE JANEIRO
Delegado suspeito de atuar na rendição de ‘Nem’ é ouvido

Ouvido pela Corregedoria

RIO DE JANEIRO

{loadposition adsensenoticia}O delegado Robertto Gomes, titular da Delegacia de Maricá (82ª DP), e um policial civil identificado apenas como Mousse estão sendo ouvidos nesta manhã (11) na sede da Corregedoria da Polícia Civil. Eles teriam negociado a rendição do chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso no porta-malas de um carro na madrugada de quinta-feira (10) quando deixava a comunidade.

Segundo a delegada Tatiana Loch, diretora da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria da Polícia Civil, o delegado e outros dois policiais civis foram acionados pelo advogado de Nem, o que explicaria a presença dos três no momento da prisão.

O carro onde estava o criminoso foi interceptado por policiais militares do Batalhão de Choque. A corregedoria, porém, não informou se a negociação já acontecia antes de os PMs pararem o carro.

– Eu recebi a ligação do meu superior dizendo para eu ir até a Lagoa, pois o traficante teria negociado sua rendição e um representante da corregedoria deveria estar presente. Quando cheguei, já visualizei as viaturas do Batalhão de Choque saindo. Fui informada no local de que a negociação foi feita com a 82ª DP, de Maricá. Agentes da Core, o doutor Roberto Gomes e dois policiais me informaram que o Batalhão de Choque interceptou o carro antes do encontro.

Sobre os policiais presos na tarde de quarta-feira (10) fazendo escolta do traficante Coelho, que tentava fugir da Rocinha, a delegada disse que foi aberto inquérito para verificar se eles estavam envolvidos com o tráfico e associados à lavagem de dinheiro.

Prisão marcada por confusão

A prisão do traficante foi marcada por confusão que envolveu policiais militares, civis e federais, além de advogados do criminoso. Os PMs que abordaram o Toyota Corolla em que Nem foi capturado dizem que um dos homens que acompanhava o bandido chamou por telefone um suposto delegado da Polícia Civil – que segundo a corregedoria seria o Roberto Gomes (82ª DP ). O telefonema aconteceu antes de o traficante ser descoberto no porta-malas do carro.

Segundo o cabo André Souza, que participou da prisão, o suposto delegado compareceu ao local com dois inspetores e queria levar o veículo para a delegacia e assumir a ocorrência.

– Chegaram ao local um delegado da Polícia Civil e dois inspetores que foram chamados por um dos advogados dele [do Nem]. O delegado quis assumir o caso, mas, como naquele momento a ocorrência era nossa, solicitamos a presença do tenente (que estava na supervisão da operação) para que pudéssemos abrir o porta-malas.

O primeiro-tenente Disraeli Gomes contou que, àquela altura, já desconfiava que o chefe do tráfico da Rocinha estivesse no porta-malas do Toyota Corolla, cujo um dos ocupantes se identificou como cônsul honorário do Congo. O veículo estava com a suspensão traseira muito baixa. Além disso, o carro se movia, mesmo quando todos os ocupantes estavam fora dele.

Segurança de Nem preso na Vila Vintém

Nesta manhã, dez pessoas foram presas na comunidade de Vila Vintém, em Padre Miguel, na zona oeste, incluindo um homem apontado pela polícia como o chefe de segurança de Nem e outros cinco traficantes que teriam fugido da Rocinha. Na chegada da PM à favela, houve intensa troca de tiros e um suspeito foi morto. Além dos presos, foram apreendidos três fuzis, duas pistolas e quantidade ainda não contabilizada de drogas.

No início da tarde desta quinta, Nem  e outras 11 pessoas foram transferidas da sede da Polícia Federal, na praça Mauá, para o Complexo Penitenciário de Bangu 1. O traficante está em uma cela individual, não terá direito a banhos de sol e ficará sem receber visitas. Nem teve o cabelo raspado e já usa o uniforme dos penitenciários.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio já pediu formalmente ao Ministério da Justiça a transferência do criminoso para um presídio federal de segurança máxima fora do Estado, como já havia antecipado o governador Sérgio Cabral na manhã de quinta-feira.

Ocupação prevista para domingo

Desde o início da semana, a polícia tem feito blitze no entorno da Rocinha, preparando a ocupação prevista para acontecer no próximo domingo (13). A ocupação terá ajuda da Marinha e da Aeronáutica, que devem ceder homens, equipamentos e veículos blindados.

A ocupação será feita pelo Bope e pelo Choque, que costumam passar, em média, de 45 a 60 dias fazendo um trabalho de varredura nas comunidades antes da implantação da UPP, em busca de armas e drogas. Na Mangueira, no entanto, o Bope permaneceu por quatro meses até a inauguração da 18ª UPP, na última quinta-feira (3).

Com aproximadamente 70 mil moradores, a favela da Rocinha é uma das maiores favelas do Brasil e uma das mais importantes para o tráfico de drogas. Ela chega a movimentar R$ 2 milhões por semana, de acordo com estimativas da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), um total estimado em R$ 8 milhões por mês, principalmente com a venda de cocaína.

R7

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