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Delegado indicia médico por morte de bebê

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO
Delegado Floroschk indicia médico por morte de bebê
Por homicídio doloso, um médico e uma enfermeira

RIO DE JANEIRO

{loadposition adsensenoticia}O delegado da 93ªDP (Volta Redonda), Michel Floroschk, indiciou hoje por homicídio doloso, um médico e uma enfermeira. Ambos trabalham em um hospital de Piraí. O policial responsabilizou os suspeitos pela morte de uma recém-nascida. Por negligência médica, segundo o policial, a menina teria passado da hora de nascer.

 

A criança morreu por volta 6h10 de sábado no mesmo hospital. O laudo de necropsia do Instituto Médico Legal de Volta Redonda constou que o bebê morreu por insuficiência respiratória por aspiração meconial.

A presença de mecônio no líquido amniótico resulta em lesão pulmonar. Ele aparece no íleo fetal entre a 10ª e 16ª semanas de gestação como um líquido viscoso e esverdeado formado por secreções, gastrintestinais, restos celulares, suco gástrico, pancreático, muco, sangue e vérnix.

– Fui informado que a criança aspirou esse líquido porque ela passou da hora de nascer.Por isso, indiciei o médico e a enfermeira por homicídio doloso, praticado na modalidade eventual, pelo descaso pela vida humana, não se importando com o seu próximo – disse o delegado.

Floroschk disse que gostaria de saber se o médico daria o mesmo tratamento se fosse com a mulher dele. A equipe era formada por cinco profissionais de saúde, mas apenas o médico e a enfermeira foram autuados e vão responder ao inquérito em liberdade.

A mãe da recém-nascida teve alta ontem do Flávio Leal. Ela mora no distrito de Arrozal, em Piraí.
O pai da menina morta é policial militar lotado no 37º Batalhão da PM (Resende). Ele contou que sua mulher chegou ao hospital por volta das 1h da madrugada de sexta-feira passada, sentido dores fortes. Segundo o PM, o médico disse que deveria aguardar mais um tempo, porque ela estava entrando em trabalho de parto, e só a internaram às 7h de sexta-feira.

O policial militar lembrou que, durante toda a semana, sua mulher compareceu ao hospital, mas mandaram que ela voltasse para casa porque não tinha entrado ainda em trabalho de parto. Na manhã de sábado, a mulher ligou para o PM e contou que não agüentava mais sentar tantas dores e nem dormir. Ele disse que sua mulher estava exausta e não tinha força para ajudar no trabalho de um parto normal.

A mulher só foi levada para o centro cirúrgico 14 horas depois de ser internada, às 21 horas de sexta. Segundo o PM, sua mulher já estava com seis centímetros de dilatação e foi quando o médico resolveu optar por uma cesariana.

De acordo com o pai da criança, o próprio médico teria comentado com ele que o bebê aspirou o líquido contendo suas próprias fezes. A menina nasceu meia hora depois.

– Até às 22h30, minha filha e minha mulher ainda estavam na sala de cirurgia; foi quando passaram com a criança e entraram numa sala intermediária. O bebê foi colocado num balão de oxigênio e ficou em observação – disse o pai da menina. O bebê teve várias paradas cardíacas antes de morrer, às 6h01 de sábado. A ambulância disponível não era adaptada para transportar a menina até o hospital neonatal de Resende.

O policial pretende denunciar o médico e a enfermeira chefe também no Conselho Regional de Medicina.

Ele disse que sua revolta foi confiar no médico e na enfermeira, que falavam a todo o momento que seria melhor que a mulher dele fosse submetida a um parto normal, que seria feito através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ontem, à noite, o DIÁRIO DO VALE entrou em contato com o Hospital Flávio Leal e foi informado que naquele horário, não havia ninguém autorizado para falar sobre o assunto.

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