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De dentro da cadeia, preso faz diário no Facebook

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

RIO GRANDE DO SUL
De dentro da cadeia, preso faz diário no Facebook


RIO GRANDE DO SUL

{loadposition adsensenoticia}Um detento criou de dentro do Presídio Central (PC) de Porto Alegre, onde está preso, uma conta na rede social Facebook que é atualizada frequentemente com fotos das instalações e comentários sobre o dia a dia do cárcere.

Segundo informações preliminares, o detento está preso provisoriamente e cumpre pena por tráfico de drogas. Por meio de um celular com acesso à internet, o homem publicou foto de um saco com maconha e da produção artesanal de um carregador de bateria para telefone.

“Ele foi condenado recentemente por tráfico. Não se trata de um preso de alta periculosidade. Mas ele possui mais de 500 amigos na rede social, com quem conversa. Não há na página dele apologia ao crime. É como se fosse um diário, um desabafo”, comenta o juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre, Alexandre de Souza Costa Pacheco.

Em seu perfil, o preso faz comentários da rotina dos detentos, como o valor de uma lata de cerveja, que custa R$ 50 dentro do presídio.

A conta do detento na rede social continua aberta. A direção do PC afirmou que está tomando providências sobre o ocorrido.

De acordo com o magistrado, por mais revistas e controle que sejam realizados, a entrada de materiais proibidos na prisão continua ocorrendo normalmente.

“Comunicamos à direção do PC, que irá fazer uma revista. Mas é complicado tratar de um caso isolado como esse, já que no Central não há celas e, em uma galeria, há 500 presos. Por isso, é impossível uma revista individual”, disse.

Além da possibilidade de corrupção de alguns servidores, o que é admitido pela própria direção do presídio, as visitas são a porta de entrada para drogas, celulares e armas no PC. Este ano já foram aprendidos na instituição cerca de 10 quilos de maconha, mais de um quilo de crack, 700 gramas de cocaína e 98 gramas de óxi.

O Presídio Central de Porto Alegre foi erguido em 1959 durante o governo de Leonel Brizola com o objetivo de abrigar os presos provisórios e em trânsito do Estado. Sua capacidade é de 1.600 presos, e é considerado o pior do país.

Na última sexta-feira (29), o juiz Alexandre de Souza Costa Pacheco definiu que fosse cumprida, a partir dessa segunda-feira (01), a decisão que limita a população carcerária do PC em 4.650 presos. Ele negou o pedido de prorrogação feito pela Superintendência dos Serviços Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Susepe) e o aumento do teto para 4.950 homens.

Folha de S.Paulo

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