Início » Arquivar ou não inquérito para justificar denunciação caluniosa

Arquivar ou não inquérito para justificar denunciação caluniosa

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
logo-cadastrado

JURÍDICO
Arquivar ou não inquérito para abrir denunciação caluniosa
Também cai em concurso público

JURÍDICO

{loadposition adsensenoticia}Grande discussão entre os doutrinadores sobre o elemento subjetivo e periféricos do crime do art. 339 do CP.
Trata-se da fusão de dois conteúdos, um contido no art. 138 do CP (calúnia) e outro ao dar causa a instauração de procedimento oficial contra outrem. É, na verdade, crime progressivo, e não crime complexo.

O foco aqui é o aspecto processual. Logo, caberia atribuição ao MP promover denúncia em face de prática do crime de denunciação caluniosa mesmo existindo inquérito policial em trâmite?

A doutrina majoritária entende que sim. (Hungria e Bento de Faria), pois poderia existir sentenças antinômicas. Já Mirabete e Fragoso discordam, onde alegam que “ Não é pressuposto da instauração de ação penal o arquivamento de inquérito policial aberto a pedido do indigitado autor do crime de denunciação caluniosa para só então valer aquele como peça de informação à persecutio criminis do Estado. Assim tem-se decidido, inclusive no STF (RT, 568/373; RT, 536/283; RT, 390/69). Isso porque a prova da inocência da pessoa que foi acusada falsamente pode ser qualquer uma”.

Contudo, o próprio Supremo Tribunal Federal recondiciona o pensamento que tem que haver arquivamento do inquérito policial para justificar o processamento do crime do art. 339 do CP.

Veja:

Informativo 313 do STF:

Denunciação Caluniosa e Inquérito Policial

“A Turma deferiu habeas corpus para trancar ação penal instaurada contra o paciente por crime de denunciação caluniosa (CP, art. 339) em razão de o paciente, inventariante, ter apresentado notícia-crime contra herdeiros, cujo inquérito policial ainda encontra-se em curso, tendo por objeto a subtração de jóias do espólio. Considerou-se ser imprescindível o arquivamento do inquérito policial sobre o alegado crime para, então, proceder-se à instauração de processo por denunciação caluniosa, haja vista a contradição existente entre admitir-se uma investigação sobre a veracidade de uma notícia-crime e instaurar-se uma ação penal por denunciação caluniosa contra o autor da delação. (CP, art. 339: “Dar causa a instauração de investigação policial ou de processo judicial contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:”). Precedentes citados: HC 34.142-DF (RTJ 1/719); RHC 47.365-SP (RTJ 55/77); RHC 50.501-MG (DJU de 29.6.73).HC 82.941-RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 16.6.2003. (HC-82941).

Jurisprudência classificada:

“O tipo legal de crime descreve a conduta e o resultado. No caso da – denunciação caluniosa – o bem tutelado é a Administração Pública, no particular aspecto da Administração de Justiça. Investigação policial é gênero, de que inquérito policial é a espécie. A teleologia, assim compreendida, o estudo da finalidade, da norma demonstra a lei visar a impedir a movimentação da máquina administrativa (compreende também a atividade parlamentar e judicial) provocada por notitia criminis infundada. A análise do elemento subjetivo e do elemento subjetivo do tipo far-se-á no processo. A consumação se dá com a oferta da sindicância, porque, com o inquérito policial, configura-se – investigação policial.” (STJ- 6ª Turma- Resp n. 88.881/DF).

 

“Somente com o arquivamento do inquérito policial ou absolvição irrecorrível em favor do denunciado, é possível qualquer iniciativa no sentido do processo por denunciação caluniosa. Ausência de Justa causa para a persecução penal”. (STJ, 5ª Turma, HC nº 7.137/MG).

“o crime de denunciação caluniosa, embora relacionado com a instauração de inquérito policial, guarda autonomia. A denúncia, por isso, não está condicionada ao arquivamento da investigação na Polícia. Outros elementos idôneos podem arrimar a imputação do Ministério Público”. (STJ, 6ª Turma- REsp nº 91.158/MG).

Todos os direitos reservados. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social
Portal Nacional dos Delegados

você pode gostar