O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi brutalmente executado na noite desta segunda-feira (15), no município de Praia Grande, litoral sul do estado. As investigações preliminares indicam que o ataque teria sido orquestrado por membros da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Imagens captadas por um sistema de videomonitoramento mostram o momento da ação. Fontes, ao volante de seu automóvel, aparentava estar tentando fugir quando colidiu com um ônibus e capotou. Em seguida, indivíduos armados saíram de outro veículo que o perseguia e efetuaram diversos disparos contra o carro do ex-delegado-geral.
Trajetória e combate ao crime organizado
Ruy Ferraz Fontes ganhou notoriedade no início dos anos 2000 ao comandar investigações pioneiras contra o PCC, quando estava à frente da Delegacia de Roubo a Bancos, vinculada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Com mais de quatro décadas dedicadas à segurança pública, Fontes ocupou diversos cargos de liderança dentro da estrutura policial paulista, incluindo o posto máximo da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nos últimos anos, desempenhava a função de secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, cargo que assumiu em janeiro de 2023 e no qual permanecia até o momento de sua morte.
Histórico de ameaças e especialização
Especialista em criminalidade organizada, Ruy Ferraz era alvo de ameaças desde 2019, quando Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola — considerado o principal líder do PCC — foi transferido para o sistema penitenciário federal. A partir daquele momento, ele passou a figurar na lista de alvos da facção.
Sua formação incluía especialização em Administração Pública, além de cursos de alto nível realizados no exterior, como o Curso Anti-Drogas e Anti-Terrorismo, promovido pelo Ministério do Interior da França, e o curso de Repressão ao Tráfico de Drogas, ministrado pela Polícia Montada do Canadá, em Vancouver — conforme informado pela administração municipal de Praia Grande.
Carreira e contribuições na segurança pública
O ex-delegado-geral iniciou sua carreira como titular da delegacia da cidade de Taguaí, no interior paulista, pertencente ao Deinter-7. Ao longo dos anos, exerceu funções estratégicas, entre elas:
- Delegado assistente na Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP);
- Titular da 1ª Delegacia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes (Denarc);
- Titular da 5ª Delegacia de Investigação de Furtos e Roubos a Bancos, no Deic;
- Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Além da atuação operacional e administrativa, Fontes foi também docente universitário, lecionando Criminologia e Direito Processual Penal na Universidade Anhanguera, além de ministrar disciplinas sobre técnicas de investigação na Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
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“Isso aí certamente foi vingança do PCC. Ele lutou muito contra a facção”, disse o secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pùblica, Osvaldo Nico Gonçalves
De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Ruy Ferraz foi jurado de morte pelo grupo criminoso em 2019, quando era delegado-geral. A facção queria se vingar da transferência de seu principal líder, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, para um presídio federal. A polícia acredita que Ruy Ferraz foi vítima de uma emboscada nesta segunda-feira.
Ruy Ferraz era reconhecido por seu compromisso com o enfrentamento à criminalidade e pela atuação incisiva contra facções criminosas. Sua morte representa uma grave afronta às instituições públicas de segurança do estado de São Paulo.
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