Autonomia não é independência

Por Narli Resende Por Narli Resende No atual cenário político em que vivemos, a sociedade civil organizada precisa se posicionar para impedir o desmoronamento de uma instituição que levou muitos anos para conseguir um padrão de excelência que a colocou entre as melhores do mundo. Refiro-me à Polícia Federal. Não queremos uma Polícia miliciana de […]

Por Editoria Delegados

Por Narli Resende

Por Narli Resende

No atual cenário político em que vivemos, a sociedade civil organizada precisa se posicionar para impedir o desmoronamento de uma instituição que levou muitos anos para conseguir um padrão de excelência que a colocou entre as melhores do mundo. Refiro-me à Polícia Federal. Não queremos uma Polícia miliciana de governo, precisamos de uma Polícia Autônoma de Estado, que cumpra os preceitos constitucionais e continue atuando de forma isenta e transparente.

Aliás a PEC 412 que tramita na Câmara dos Deputados há mais de 10 anos, deixa bem claro quais são os motivos e as razões que tornam essa autonomia uma necessidade emergencial. Não se pode pender nem para um lado nem para outro, o que se quer é uma Polícia Federal com garantias mínimas para exercer sua função sem perseguições, sem revides e sem retaliações quando os investigados estejam nas esferas mais altas dos poderes Legislativo, Judiciário ou Executivo.

Outro ponto muito sensível para uma verdadeira autonomia é a indicação do Diretor Geral feita através de uma Lista Tríplice, como já acontece no Ministério Público, com mandato por um tempo determinado por lei. Esta simples medida, além de resguardar o trabalho do DG também garantirá tranquilidade aos demais ocupantes de cargos inerentes ao bom funcionamento da estrutura da Polícia Federal, evitando crises desgastantes e desnecessárias.

Na estrutura de poder, a Polícia Federal está subordinada ao Ministro da Justiça e a ele deve se reportar sempre que necessário. O Presidente da República, apesar de ser quem nomeia o DG, NÃO pode, por força de lei, se reportar a ele diretamente, devendo fazer a interlocução através do Ministro da Justiça. Nos tempos atuais e depois dos muitos escândalos de corrupção, a Administração Pública deve respeitar os princípios básicos do Direito Administrativo: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Esta autonomia Funcional, Administrativa e Financeira está prevista nas Convenções de Palermo e Mérida “adote medidas no sentido de assegurar que as suas autoridades que atuam em matéria de prevenção, detecção e repressão da corrupção de agentes públicos, possa agir de maneira eficaz … conferindo a essas autoridades independência suficiente para impedir qualquer influência indevida sobre a sua atuação”. Ninguém, em sã consciência pretende que a PF esteja isenta de controles; aliás controles estes já previstos em nossa Constituição (CGU, TCU, MPF e órgãos do poder Judiciário); podendo ser incluída uma Ouvidoria nos moldes do Compliance Público.

O que se pretende evitar são as interferências indevidas que atrapalham de modo proposital a evolução de investigações, a redução de verbas, redução de contingentes em investigações ou operações, mudanças em postos chaves de comando, redução de produtividade por pressão ou ameaças e principalmente desestabilizar psicologicamente o efetivo, uma vez que, sem garantias explícitas será mais fácil fazer pouco e se comprometer menos ainda, perdendo-se todo um legado de avanços obtidos com o combate à corrupção, lavagem de dinheiro e crimes cometidos por poderosos e agentes públicos de alto escalão, que ainda se acham fora do alcance da lei. Cercear o trabalho da Polícia Federal será andar na contramão de tudo aquilo que se pratica hoje na moderna Administração Pública, inclusive com a implementação de Compliance no Poder Público, que vem sendo construído nas últimas décadas.

Antevendo uma pergunta: O que a sociedade civil pode fazer neste caso?

Respondo: Conhecer e entender melhor o amplo trabalho realizado pela Polícia Federal, apoiá-la pressionando os senhores deputados para que pautem a discussão da PEC 412 URGENTEMENTE, uma vez que ela está engavetada na CCJC(Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), afinal a quem interessa postergar essa autonomia?

Não podemos ser omissos e ficarmos esperando que tudo aconteça de modo mágico, somos responsáveis por fazer o Controle Social, previsto na Constituição de 1988. Mais recentemente quando fomos às ruas exigindo o fim da corrupção, por mais transparência, ética e probidade administrativa, assumimos o protagonismo desta luta, que passou a ser de todos nós; afinal “CORRUPÇÃO MATA DE VÁRIAS FORMAS”.

Para facilitar ao leitor, deixo aqui dois links, o primeiro sobre o trabalho realizado pela PF: https://youtu.be/OK1k4U7WKFE e o segundo sobre a PEC 412 e como pressionar pela sua aprovação http://www.pecdapf.adpf.org.br

 

Sobre a autora

Narli Resende é ativista no combate à corrupção, apoiadora da Operação Lava Jato, Justiça Federal, Polícia Federal e MPF. Atualmente faz Pós-graduação em Compliance e Relações Governamentais.

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados

 

 

 

 

Veja mais

Ministério Público e Segurança Pública da PB formalizam cooperação técnica para otimizar combate ao crime organizado

(PB) O objetivo é combater de forma mais efetiva a macrocriminalidade e executar serviços de inteligência e segurança institucional

Standards Probatórios e Informativos no Seio do Crime Organizado (Organização Criminosa)

Standards probatórios e informativos nos crimes de extorsão dentre outras infrações penais envolvendo crime organizado (organização criminosa)

Fórum RESISTE-PCSP promoverá ação que vai marcar a história dos policiais civis

O Fórum RESISTE-PCSP reafirma seu compromisso com a modernização e o fortalecimento institucional, colocando-se à disposição da sociedade e do Poder Executivo para a elaboração da nova Lei Orgânica estadual.

Governo do Piauí devolve mais de 180 celulares roubados aos verdadeiros donos; mais de 13 mil recuperados

(PI) Iniciativa é resultado do trabalho da Superintendência de Operações Integradas (SOI), que tem intensificado o combate ao crime e a restituição de bens aos proprietários

Adepol do Paraná participa de evento nacional de combate ao crime organizado

(PR) O Presidente da Associação, Dr. Adriano Chohfi, destaca que foi uma honra receber as autoridades na sede da associação

Adepol do Paraná apresenta nota em defesa do promotor Amauri Filho

(PR) Audacioso planejamento de ataque a vida do promotor, através de uma possível emboscada, orquestrado por organização criminosa

Polícias brasileiras estão entre as mais eficazes do mundo, segundo pesquisa da Adepol do Brasil

Estudo revela altos índices de resolutividade em inquéritos nas polícias civis dos 26 estados e do Distrito Federal entre 2023 e 2024
Veja mais

Guarda Municipal mata ex-esposa GCM e vereador no Piauí; é preso três horas depois

28AGO25-PI-GCM-EX-ESPOSA-VEREADOR
(PI) Polícia Civil investiga o caso; assassino foi preso em flagrante após tentativa de fuga em Teresina

Diretor da PF diz que “interesses desconhecidos” estão por trás de agência antimáfia

Diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues
Segundo Rodrigues, a ideia de uma nova estrutura é desnecessária, uma vez que a função já é cumprida pela instituição.

“Traficante que vier ao Paraná será preso e ainda vai ajudar a renovar a frota de viaturas”, avisam delegados

(PR) Delegados adotam linha dura contra o tráfico. Medida é exemplo de enfrentamento ao crime organizado. A apreensão e posterior utilização dos veículos pelo aparato policial têm se tornado símbolo

Veja como os delegados de polícia analisam ocorrências e tomam decisões

Um dos maiores desafios enfrentados pelos delegados está na transposição do conhecimento teórico para os casos concretos, especialmente diante da necessidade de decisões rápidas impostas pelos prazos processuais e pela

Delegados de São Paulo reagem após governador prorrogar discussão de Lei Orgânica

(SP) Tarcísio posterga prazo para grupo responsável por discutir diretrizes da Lei Orgânica da Polícia Civil. Entidade solicita audiência para compreender decisão

Delegada Raquel Gallinati prende em flagrante homem que perseguia ex-companheira em academia de São Paulo

(SP) Raquel Gallinati, diretora da Adepol do Brasil, interveio ao presenciar vítima em desespero em uma unidade de CrossFit em Perdizes

Piauí investe em segurança pública e nomeia mais 654 policiais militares

(PI) Governador Rafael oficializa a incorporação de 654 novos soldados à Polícia Militar do Piauí
Veja mais

Não é possível copiar este conteúdo.