Abordagens policiais trágicas: já passou da hora da polícia acabar com elas

    Um assunto para o qual a mídia nos chama a atenção com certa frequência, são as abordagens policiais que terminam em tragédias. São crianças, moças e rapazes, senhoras e senhores que são feridos ou mortos por profissionais que

Por Editoria Delegados

22jul12-rogerio.lopes.del.2

 

 

Um assunto para o qual a mídia nos chama a atenção com certa frequência, são as abordagens policiais que terminam em tragédias. São crianças, moças e rapazes, senhoras e senhores que são feridos ou mortos por profissionais que efetuam disparos com suas armas, quando um veículo “fura” um bloqueio ou não para numa blitz, esta semana aconteceu de novo, desta vez no Estado de São Paulo.

 

Quando isso ocorre só se contabiliza prejuízos para toda a sociedade: a família da vítima amarga a dor suprema da perda de um ente querido, a sociedade deixa de contar com um indivíduo que iria contribuir para com ela, estava contribuindo ou já contribuíra e o policial autor da ação, verá sua carreira totalmente prejudicada, sentir-se-á absolutamente só (salvo pelas presenças de seus familiares mais próximos e de Deus)  além de sofrer um verdadeiro escárnio social.

 

Na maioria dos casos o autor do fato não desejou o resultado, ou seja, ele não quis matar ou ferir ninguém, mas agiu em função de vários fatores, certamente foi orientado para tal atitude, além da falta de compreensão objetiva de alguns pontos basilares do trabalho policial operacional.

 

Primeiro: quando a polícia prepara uma blitz ou um bloqueio, deve fazê-lo da maneira mais organizada e visível possível, devem ser colocadas placas identificativas em distância adequada, para que os cidadãos que se aproximem, percebam com absoluta clareza que a polícia está atuando naquele local.

 

Segundo: durante o trabalho, caso ocorra de algum veículo não parar ou furar o bloqueio a polícia não deve atirar pelas costas, essa iniciativa é vazia de justificativa, se possível proceder o acompanhamento tático e tomar as providências para identificar o veículo e seu condutor, aplicando a lei.

 

Tem havido situações em que jovens desavisados ou sem documentos, por medo da polícia ou de seus pais, não param nos bloqueios e fogem. Há casos ainda, em que o sujeito achando tratar-se de uma blitz de “bandidos”, também não para, outros que não conseguem visualizar com clareza e não diminuem a marcha do veículo, enfim são inúmeras variantes, cabendo à polícia estar preparada para gerenciá-las, mesmo porque, se um carro cheio de “bandidos” se aproximar de um bloqueio, eles vão chegar logo atirando em todo mundo.

 

Essas tragédias que infelizmente ocorrem por todo o país, poderiam ser evitadas com simples atitudes de cunho profissional, como por exemplo, jamais atirar em um carro que “fura” o bloqueio (nem que seja no pneu) já ocorreu casos em que “a bala” ricocheteou no asfalto e foi atingir um inocente que brincava nas proximidades.

 

O uso de arma de fogo pela polícia, só é admissível em duas situações especialíssimas: (1) para a defesa da própria vida ou (2) para a defesa da vida de terceiros e aqui está a sublime missão do policial: proteger a vida do cidadão, defender o seu bem estar e garantir a sua segurança, não tem portanto nenhuma lógica ou supedâneo legal, o servidor no afã de deter um pretenso marginal colocar tudo isso em risco.

 

À polícia cabe proceder suas blitz e bloqueios com profissionalismo e cautela extrema, pois são situações de altíssimo risco, onde a vida dos policiais e cidadãos que transitam por aquele local estão em periclitância, se ocorrer qualquer fato que extrapole essas precauções e venha a se configurar uma tragédia, a polícia terá atuado absolutamente dentro da legalidade e poderá agir com toda a firmeza que o caso exigir, agora, atirar por detrás em veículo que não para no bloqueio ferindo as pessoas e atribuir tal evento a “infelicidade”, esse é um expediente do qual a polícia brasileira absolutamente não precisa e jamais deve  utilizar.

 

Sobre o autor

Rogério Antonio Lopes é Delegado Chefe da 6ª SDP de Foz do Iguaçu/PR
www.segurancaecidadania.com

 

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados

Veja mais

Delegados da PF reagem a discurso do deputado Coronel Meira contra delegada

Parlamentar proferiu insinuações misóginas, ofensivas e infundadas contra a Delegada de Polícia Federal Carla Patrícia

Delegados da PF reagem a ameaças de deputado licenciado e prometem responsabilização

Federação dos Delegados de Polícia Federal - Fenadepol - repudia declarações de deputado licenciado

Delegada não pode ser investigada por desclassificar tráfico de drogas para porte, decide juíza

Judiciário afirma que a decisão da autoridade policial foi devidamente justificada, respaldada por fundamentos legais, e não evidenciou qualquer desvio funcional

Homem é morto após ser flagrado com esposa de amigo e debochar da traição

(MT) Polícia Civil apurou que a médica foi ao hospital onde a vítima estava internada e apagou evidências. Ivan Bonotto foi esfaqueado e morreu

Governador do PI anuncia nomeação de 660 policiais militares e concurso para as polícias

(PI) Rafael Fonteles também confirmou um novo concurso para ingresso na corporação, em 2026, com previsão de mil vagas

Piauí anuncia instalação de 1.200 câmeras inteligentes para segurança pública

SPIA: Novo sistema de videomonitoramento com inteligência artificial será lançado por Rafael Fonteles em 16 de agosto O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, anunciou, nesta terça-feira (15),

Delegado é assassinado, mas na audiência de custódia a preocupação é se o assassino foi agredido

O delegado Márcio Mendes, da Polícia Civil do Maranhão, foi assassinado no dia 10 de julho de 2025 durante o cumprimento de um mandado de prisão. Dois policiais civis baleados.

Veja mais

ADEPOL-MA: CARTA ABERTA À SOCIEDADE MARANHENSE E AO GOVERNO DO ESTADO Diante do brutal assassinato do delegado Márcio Mendes, ocorrido durante o exercício de suas funções na zona rural de

11JUL25-MA-MARCIO

Caxias (MA), 11 de julho de 2025 – Uma operação policial na manhã desta quinta-feira (10), na zona rural de Caxias, terminou de forma trágica com a morte do delegado

09JUL25-RAQUEL-2

No Brasil, há uma realidade que raramente ganha espaço no debate público. Mais policiais morrem por suicídio do que em confrontos armados, seja durante o serviço ou nos dias de

Brasília (DF) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) publicou, no Diário Oficial da União desta segunda-feira (30), a Portaria nº 961, datada de 24 de junho de

Pix, gatonet e facções criminosas estão entre os principais alvos do megapacote de combate à criminalidade que será apresentado por secretários estaduais de segurança pública nesta semana, durante a I

POST-MELHORES-DELEGADOS-2025-RUCHESTER-MARREIROS

Ruchester Marreiros Barbosa foi aluno do doutorado em Direitos Humanos da Universidad Nacional Lomas de Zamora, Argentina, foi aluno do mestrado em Criminologia e Processo Penal da Universidade Cândido Mendes,

Thiago Frederico de Souza Costa é Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), de Classe Especial. É graduado em Direito e pós-graduado em Altos Estudos em Defesa, pela Escola

Veja mais