Parlamentar gravou inspeção policial antes da decolagem de avião e questionou oficiais sobre o motivo de ser a única pessoa a sair do voo.
O deputado Renato Freitas (PT-PR) publicou um vídeo nas redes sociais em que mostra uma abordagem antes de uma viagem de avião. A Polícia Federal (PF) entrou na aeronave antes da decolagem e pediu para inspecionar o parlamentar e sua bagagem.
A PF diz que apura o caso e que Freitas se recusou a passar pelo procedimento no aeroporto.
A equipe do parlamentar nega a versão e diz que ele não se recusou a fazer a inspeção e que a segurança responsável teria deixado ele “falando sozinho”.
“O deixou falando sozinho quando disse que chamaria a PF. Passados alguns minutos e ninguém apareceu, o deputado se dirigiu ao avião de forma natural e tranquila, uma vez que não havia nada de ilícito com ele e quem acabou se recusando em fazer a revista foi a segurança do aeroporto”, diz a nota.
A assessoria de Freitas disse que ainda não sabe informar se ele fará ou não uma queixa formal contra a PF.
O vídeo mostra Freitas caminhando até o lado de fora do avião, onde um agente da Polícia Federal afirma que ele foi escolhido de forma aleatória para ser inspecionado. O deputado se submete ao procedimento e depois retorna para dentro da aeronave.
“Bando de racistas, ignorantes. Tudo certo? Sim, tirando o fato de ser humilhado. Todo mundo passa por isso? Quantas pessoas desse voo saíram no meio do voo escoltados pela Polícia Federal para ser revistado?”, diz Freitas durante o vídeo.
O vídeo foi gravado em 3 de maio, quando viajava para Londrina e foi abordado no aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná.
Em nota, a Polícia Federal informou que foi acionada para auxiliar um agente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na inspeção de um passageiro que teria se recusado a passar pelo procedimento e se dirigido diretamente à aeronave.
A equipe de inspeção do aeroporto acionou a Polícia Federal para que a acompanhasse até o avião e realizasse a inspeção.
De acordo com a Polícia Federal, todos os procedimentos foram realizados segundo a Anac, e eventuais abusos ou falhas na condução do procedimento serão apurados.
O g1 entrou em contato com a Anac para saber detalhes sobre o procedimento de revista e, até a útima atualização desta reportagem, não obteve retorno.
Uma portaria da Anac de novembro de 2021 diz que está prevista “a realização de inspeção de segurança antes do acesso às áreas restritas de segurança, e que o operador de aeródromo deve manter os recursos materiais e humanos necessários para a realização adequada da atividade”.
De acordo com a agência, a inspeção de segurança aleatória tem a finalidade de identificar e detectar armas, explosivos ou outros artigos perigosos que possam ser utilizados para cometer algum ato de interferência ilícita, conduzida aleatoriamente em passageiro ou em pertences de mão.
A portaria não detalha sobre inspeções dentro da aeronave.
Renato Freitas é deputado estadual e foi eleito em 2022 com 57.880 votos. Antes, foi vereador em Curitiba.
Em fevereiro de 2022, ainda vereador, foi acusado de invadir a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em fevereiro, durante protestos de repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho.
Em junho do mesmo ano, Renato perdeu o mandato após um projeto de resolução aprovado pelos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), dizendo que seria um “procedimento incompatível com o decoro parlamentar”.
Depois, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) suspendeu a sessão da CMC que cassou o mandato de vereador. Porém, em agosto de 2022, Renato perdeu novamente o mandato pela câmara.
A defesa de Freitas levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, em 23 de setembro de 2022, o ministro Luís Roberto Barroso determinou o restabelecimento do mandato do vereador. A candidatura a deputado estadual de Freitas foi aceita sete dias depois da decisão do ministro.
g1
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