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Pesquisa da TI sobre corrupção ‘não tem base’ e politiza tema técnico, diz chefe da PF

Chefe da Polícia Federal critica levantamento da Transparência Internacional sobre corrupção e questiona metodologia

por Editoria Delegados

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (11) que o levantamento realizado pela Transparência Internacional sobre o Índice de Percepção da Corrupção carece de “base concreta” e tem um viés de “partidarização” em um tema que deveria ser estritamente técnico.

“A Polícia Federal tem trabalhado muito. A CGU também. E os resultados são claros e palpáveis. Vide apreensões de bens e valores do crime organizado (muitos casos envolvendo corrupção), operações contra corrupção em Tribunais de Justiça, emendas, corrupção eleitoral etc.”, declarou Rodrigues.

O chefe da PF discordou da análise feita pela entidade e reforçou que a avaliação não se baseia em dados concretos.

“Não posso concordar com a avaliação feita, que não tem base concreta alguma e parece querer partidarizar politicamente um tema técnico”, afirmou.

Críticas à metodologia: “conversa de boteco”

De acordo com o levantamento da Transparência Internacional, divulgado nesta terça-feira (11), o Brasil caiu da 104ª para a 107ª posição no ranking global, que avalia 180 países.

O índice, segundo a ONG, é baseado na percepção de “especialistas” e “empresários” sobre a corrupção no setor público. No entanto, o relatório não especifica quem foi ouvido, quantas pessoas participaram da pesquisa ou qual a representatividade dos entrevistados.

Mais cedo, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques, também criticou a metodologia do estudo e classificou a análise como uma “conversa de boteco”, em entrevista à GloboNews.

“A Transparência Internacional fala que a percepção da população brasileira sobre o combate à corrupção é menor porque o presidente Lula fala pouco disso em discurso. Mas de onde eles tiram isso? Qual a correlação de uma coisa com a outra? Desculpe, mas isso é conversa de boteco”, declarou Marques.

Ele também questionou a comparação entre países, apontando inconsistências na forma como os índices são calculados.

“A comparação entre países é estranha, pois o pacote de índices para avaliar cada país varia. Então, na minha opinião, é complicado usar métricas distintas, isso nem deveria ser feito. Essa não é uma medida de combate à corrupção, mas, sim, de percepção, uma pesquisa de opinião”, complementou.

Entidade e metodologia sob questionamento

A Transparência Internacional é uma organização não governamental fundada na Alemanha nos anos 1990 e que ganhou relevância no Brasil no contexto da Operação Lava Jato. O levantamento divulgado pela entidade se baseia em compilações de opiniões do setor privado e de especialistas, sem revelar a identidade dos entrevistados.

O estudo também não apresenta detalhes metodológicos de forma aprofundada, apenas menciona que o cálculo é feito com base em 13 fontes de dados diferentes de 12 instituições.

Segundo a nota metodológica divulgada pela ONG, o índice de percepção da corrupção no Brasil foi particularmente impactado por quedas em indicadores como o “Executive Opinion Survey”, do Fórum Econômico Mundial, e o “World Competitiveness Rank”, do Instituto Internacional de Administração e Desenvolvimento, na Suíça. Essas pesquisas incluem questões abertas, como “Existe corrupção em seu país?”, o que reforça as críticas de que se trata mais de um indicador subjetivo do que de uma métrica objetiva sobre o combate à corrupção.

A polêmica sobre a confiabilidade do estudo segue gerando repercussão entre autoridades e especialistas, dividindo opiniões sobre a real dimensão da corrupção no Brasil e a forma como ela deve ser medida.

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