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‘Manual para sobrevivência’, por Eduardo Paixão

por Editoria Delegados
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MANUAL PARA SOBREVIVÊNCIA

 

Não é novidade que a Polícia Judiciária é uma instituição cuja finalidade precípua reside na investigação das infrações após a consumação do crime, entretanto, em virtude dos grandes saltos evolutivos da sociedade, a Polícia Civil inseriu mecanismos para aperfeiçoar a prevenção do crime e estimular conciliações entre as partes. Não é forçoso destacar que a situação de insegurança é generalizada em todas capitais do país e em Goiânia/GO vale a ressalva que talvez a segurança pública jamais terá estrutura suficiente para enfrentar o problema com máxima efetividade, daí a necessidade de estimular a prevenção e condutas de segurança pelo próprio cidadão comum, já que nem todos têm recursos para contar com a segurança privada.
Em tempos de festas de fim de ano e férias, segue algumas dicas que inibem o criminoso de cogitar te fazer de próxima vítima numa sugestão muito pessoal fruto da minha experiência como Delegado de Polícia Judiciária:

 

PRECAUÇÃO EM BANCOS

Ao retirar dinheiro do banco, guarde rápido e sem conferir a quantia; ao sair do banco, certifique-se de que não está sendo seguido; em tempos de cartão, desnecessário usar grande quantia de dinheiro na carteira; jamais peça ajuda a estranhos na hora do seu saque no banco ou caixa eletrônico; não deixe idosos desacompanhados em locais desertos ou ruas de comércio muito movimentadas e alerte para que tomem cuidado com os “contos do vigário”; tendência moderna é transferir sua conta para agências em shoppings, não tem custo e sua segurança de fato será maior.

 

ATENÇÃO NO SEU VEÍCULO

Evite ao máximo abastecer durante a noite e prefira postos com mais movimento de clientes, idem para fast food em drive-thru e saques de dinheiro em auto-atendimento; película solar (insulfilme) em seu veículo evita que o bandido observe se o condutor está sozinho, se é jovem, idoso ou é do sexo feminino, já que consideram essas suas presas mais vulneráveis; Ao abastecer, diante de alguma suspeita, procure pagar em dinheiro, a transação de débito ou crédito na máquina toma um tempo que pode ser precioso. Enquanto o frentista abastece, atenção redobrada aos motoqueiros que se aproximam, pois é nesse momento que você está mais sujeito a uma abordagem; vite ficar ouvindo o rádio, conversando de forma distraída com os passageiros; levante o vidro. Novamente, a película é importante; evite deixar seu carro estacionado na rua durante a madrugada; procure estacionar em ruas iluminadas e em locais vigiados dia e noite; não deixe embrulhos, roupas e pacotes à vista, dentro do carro; não dê carona a estranhos; não pare para discutir “fechadas” e “batidas”, é comum que ladrões provoquem isso para assaltar; procure transitar com os vidros fechados e portas travadas sempre que possível; ao parar nos semáforos fique atento ao retrovisor de seu carro e mantenha a distância do carro da frente o suficiente para arrancar em caso de emergência; lembre-se que furtos são praticados por “garupas” de motos que agem e fogem rapidamente no trânsito; evite trocar pneus ou fazer reparos em locais inseguros; tenha cuidado ao abrir os vidros para vendedores ambulantes, pois muitas vezes podem ser assaltantes disfarçados; antes de estacionar, em sua residência, à noite, verifique se não tem pessoas suspeitas próximas, vale a pena ligar para alguém avisando que está chegando.

ESTABELECIMENTOS COMERCIAL ZELOSO

Regra de ouro é conhecer o horário da troca de turno de plantão das polícias civil e militar da sua cidade. Esse horário é o predileto dos bandidos por saberem que as viaturas estão na base; evite fazer movimentações financeiras de grandes valores ; utilize agência bancárias em shoppings; nos dias de pagamento, adote medidas de segurança mais severas; solicite a presença da Polícia Militar para realizar rondas nas proximidades; se precisar transportar muito dinheiro, não ande sozinho, faça-se acompanhar de parentes ou seguranças privados dentro da empresa; se tiver recurso, prestigie a segurança privada, pois a pública acontece em ambientes públicos.

 

CAUTELA EM TRANSPORTES COLETIVOS

– Em pontos de ônibus ou em local deserto, procure não ficar desacompanhado à espera da condução; em ônibus lotados, coloque bolsas, carteiras e passagens, sempre à vista; em ônibus com poucas pessoas, sente-se próximo ao motorista; procure não dormir no interior do ônibus; quando for pegar uma condução, reserve o dinheiro da sua passagem, para evitar mostrar todo seu dinheiro à outros passageiros na hora de pagar; fique atento às malas ou objetos que estejam transportando, principalmente em caso de acidente de trânsito ou discussão entre passageiros.

 

RESIDENCIA REQUER BONS HÁBITOS

Dificulte a vida dos marginais, trancando bem a janela e, se possível, usando alarme; coloque na porta olho mágico; ao viajar, peça a alguém de confiança que não deixe de recolher sua correspondência. Solicite ao vizinho que acione a polícia caso note algum suspeito observando ou adentrando na casa, durante a sua ausência; os moradores de edifício devem exigir discrição aos empregados do condomínio, principalmente para que não comentem com ninguém quais famílias estejam viajando, quais apartamentos estão vazios ou quais os hábitos e horários dos moradores do edifício; não abra a porta para pessoas que se apresentam oferecendo serviços não solicitados (encanadores, eletricista e internet); é útil o uso do interfone, caso não tenha entre em contato com os mesmos pela janela para certificar-se da real intenção do sujeito; empregadas domésticas, só com referências anteriores, aqui não cabe exceção, e saiba o endereço da empregada ou de seus parentes; quando for sair ou chegar em casa, fique atento aos suspeitos nas proximidades, se desconfiado, dê a volta no quarteirão e charme a Polícia Militar.

ALERTA : CRIANÇAS E JOVENS

Nunca aceite carona de estranho para sair de casa noturna em carro; se houver extrema necessidade de carona, sempre acompanhado de um amigo; nunca entre em terrenos baldios para namorar, mesmo que atraídos pela promessa de aguardar alguém; alerte seus filhos sobre o local onde moram (rua, número e bairro), bem como nome completo dos pais; não deixe copo de bebida em mesa durante ida ao banheiro.

SINAIS DA PROXIMIDADE DA DROGA

Esclareça seus filhos desde a infância sobre o mal que as drogas causam, conquiste a confiança de seus filhos; más companhias conduzem ao uso de drogas e ao crime; selecione as companhias de seus filhos e os ambientes que eles frequentam; é perceptível a mudança da conduta (irritação e nervosismo), em casa prefere o isolamento (fica a maior parte do tempo no quarto, evitando contato com a família); sofre alterações de hábitos; o jovem passa a dormir de dia e ficar acordado à noite.

 

COMPORTAMENTO EM ASSALTO

Em caso de assalto, não reaja, acredite sempre que a arma do bandido é verdadeira e está carregada; evite fazer gestos bruscos, que possam ser confundidos com reação de sua parte; procure dialogar o mais cordialmente possível com o assaltante, para acalmar os ânimos e amenizar a sua fúria pois saiba que na maioria dos casos, eles estão mais nervosos que a vítima.

 

VOCÊ TEM DEVER COMO CIDADÃO

Nunca é demais reforçar que boas práticas preventivas evitam que o marginal te escolha para ser sua próxima vítima. Convém ainda lembrar que vale a premissa que jamais valerá a pena reagir no calor do momento, pois que até profissionais de segurança pública optam por reagir após o assalto, ou seja, durante a fuga do bandido, jamais durante a abordagem do delinquente. Outra verdade é que via de regra os menores infratores são mais cruéis com suas vítimas que o criminoso maior de idade, isto é, vale agir com mais cautela ainda.

 

Cada um deve ter ciência de que vale a pena evitar crises, suspeitar sempre e jamais ter preguiça diante dos riscos. É sabido e consabido que sem participação popular é impossível a polícia atuar em grandes centros, daí sempre apostar em sua suspeita que pode evitar crimes e demandas policiais. Não se omita da sua cota de cidadania, já que “segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos”.

 

Sobre o autor

 

Eduardo Paixão Caetano é Delegado de Polícia no Amazonas; Professor de Ciências Criminais com especialização em Dir. Público; Dir. Difusos e Coletivos em Segurança Pública; MBA Executivo em Negócios Financeiros.

 

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