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Lideranças de SP contam quais são os desafios da cidade para 2023

por Editoria Delegados

SP: São Paulo completa 469 anos com uma série de desafios para enfrentar; a Gazeta ouviu lideranças políticas para entender quais são os principais

Vista aérea da cidade de São Paulo, que completa 469 anos nesta quarta

Nesta quarta-feira a cidade de São Paulo completa 469 anos, e chega a essa data em um momento curioso da história: sob uma presidência da República de esquerda, um governador bolsonarista e um prefeito que, pelo menos no discurso, se mantém no centro da discussão ideológica. Esse bolo político ainda não foi capaz de atenuar uma série de desafios da maior cidade do País, que acaba de enfrentar uma pandemia longa e cruel e agora busca soluções para os dramas vividos nos últimos anos.

Durante a crise sanitária houve, por exemplo, um visível aumento de pessoas em situação de rua pelas vias da cidade e o aumento sem paralelo da chamada cracolândia. Nesse período teve a dificuldade para as famílias mais pobres manterem a educação formal de seus filhos. A fome também reapareceu nos lares de milhares de moradores.

Outros fatores também não se mantiveram em índices satisfatórios para quem vive na maior cidade do País, como segurança pública, mobilidade e acesso à cultura e ao lazer.

A Gazeta entrou em contato com uma série de lideranças políticas e sociais da cidade para entender quais serão os principais desafios da metrópole para ter um ano menos sofrido e mais esperançoso. A pergunta para todos foi a mesma: “Quais são os principais desafios para a cidade de São Paulo em 2023?”.

Veja as respostas, que contou com apoio do jornalista Ronaldo Oliveira, do projeto Adote Um Vereador, no contato com as lideranças:

Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo:

“O principal desafio para 2023 é continuar investindo para reduzir as desigualdades e atender aos mais pobres, como a Câmara em parceria com a prefeitura tem feito. No ano passado aprovamos projetos importantes na área social, de combate à fome, atendimento às pessoas em situação de rua. A habitação de interesse social, para as pessoas mais carentes, será o nosso foco na Câmara nas votações importantes que teremos ao longo deste ano, tanto no caso dos PIUs (Projetos de Intervenção Urbana) como na revisão do Plano Diretor”.

Eduardo Suplicy, vereador e deputado estadual eleito pelo PT:

“Creio que um dos maiores desafios da cidade de São Paulo é enfrentar o problema do número crescente de moradores em situação de rua e inclusive daqueles que estão na chamada cracolândia. Faz-se necessário um estudo bem feito multidisciplinar de como resolver a situação. Por isso criamos um Grupo de Trabalho das Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo e da Alesp que continuará se reunindo”.

Delegado Palumbo, vereador e deputado federal eleito pelo MDB:

”O principal desafio para para os gestores da cidade de São Paulo é diminuir o número de assaltos e furtos por toda cidade, diminuir a quantidade de moradores em situação de rua e a acabar com a cracolândia no centro de São Paulo, o que faz do centro da cidade um dos locais mais perigosos da capital paulista”.

Ricardo Mellão, deputado estadual e líder do partido Novo em São Paulo:

“O maior desafio de São Paulo em 2023 é o de continuar crescendo com empreendimentos dignos de grandes metrópoles, mas solucionando nossos problemas de países subdesenvolvidos, como o aumento dos assaltos, da população de rua e dos usuários de crack. É preciso reduzir esse contraste e tornar a cidade um lugar mais próspero para todos”.

Ediane Maria, líder do MTST e deputada estadual eleita pelo PSOL:

“469 anos da cidade de São Paulo e temos vários desafios que nos esperam para 2023. O primeiro é o combate à fome. Não dá mais para olhar para a cidade mais rica da América Latina e não enxergar essa riqueza sendo distribuída para as pessoas, principalmente as que estão em vulnerabilidade. Não dá para olhar para as pessoas em situação de rua, embaixo de marquises, e normalizar. Temos também que combater o racismo. Há muita coisa que precisamos transformar para que a cidade de São Paulo seja de fato uma cidade acolhedora, para que as pessoas que venham construir essa grande cidade consigam também faça parte dela. Viva São Paulo, viva esse lugar que me abraçou e que me acolheu. Nós vamos fazer a política de reconstrução da cidade de São Paulo”.

Daniel Annenberg, vereador pelo PSB:

“Cresci e vivo em um país com profundas desigualdades. O Brasil é uma nação historicamente marcada pela enorme diferença no padrão de vida e nas condições de acesso a direitos, bens e serviços entre sua população. A cidade de São Paulo não poderia ser diferente. Sempre que me perguntam qual é o seu principal desafio, eu digo que o maior problema da capital paulista é a enorme desigualdade social em que vivemos. Por isso, é importante ressaltar a necessidade de ampliarmos a inclusão social na nossa cidade, como por exemplo, melhorar o acesso da população mais vulnerável à educação, à saúde, a áreas verdes, a equipamentos culturais e esportivos. E, neste sentido, promover a inclusão digital é uma das formas de combater a desigualdade social, pois tem a ver com acesso a empregos, a informações sobre serviços públicos, acesso à cultura, a possibilidade de se relacionar com os parentes distantes, a possibilidade de assistir aulas e mesmo de conseguir o auxílio emergencial do governo. Precisamos tornar São Paulo uma cidade mais inteligente, simples e inclusiva, ampliar a transparência e a participação da sociedade civil no poder público. Tecnologia e inovação precisam dialogar com a redução das desigualdades e todas as políticas públicas.”

Adilson Amadeu, vereador pelo União Brasil:

“Nossa cidade terá muitos desafios pela frente neste ano. Teremos a discussão do Plano Diretor na Câmara e é de extrema importância que a sociedade civil organizada compareça às audiências públicas para que possamos construir juntos a São Paulo do futuro que queremos. Já na área de mobilidade, temos que debater uma nova regulamentação para os aplicativos de transporte e do setor de motofrete. Outro ponto crucial, que finalmente realizemos o estudo de uso do viário para que tenhamos dimensão dos problemas na área de trânsito e transportes em nossa cidade, algo tão vital ao paulistano”.

Cris Monteiro, vereadora pelo Novo:

“O maior desafio que vejo para 2023 é a condição das pessoas em situação de rua, assunto que anda muito próximo com a zeladoria do município. Precisamos olhar com mais afeto e criar uma cidade mais acolhedora para todos. Além deste tema importante, também temos que tapar os buracos, cuidar das nossas árvores e parques, e consertar os semáforos quebrados, que impactam muito a vida dos cidadãos. São temas que temos que debater urgente e que estão no Plano Diretor, marcado para ser discutido na Câmara de Vereadores neste ano”.

Nilto Tatto, deputado federal reeleito pelo PT:

“Nesta semana, São Paulo completa 469 anos. Foi aos poucos que a pequena vila fundada no alto da colina entre os rios Anhangabaú e Tamanduateíse transformou na capital cultural e gastronômica do Brasil e principal centro financeiro do continente. Com 12 milhões de habitantes, é hoje uma das cidades mais populosas e diversas do mundo. A maior riqueza de São Paulo, no entanto, é o povo – pessoas maravilhosas que nasceram ou vieram para cá, enfrentando os desafios de viver e construir uma metrópole tão complexa. Superar os problemas socioambientais, políticos e econômicos da nossa cidade seria impossível sem a participação destas pessoas. Por isso a minha homenagem é para os cidadãos paulistanos, por nascimento, vocação ou de coração. Parabéns, São Paulo é de vocês!”


Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol):

“Um dos maiores desafios da cidade de São Paulo é dar fim à cracolândia e isso passa pela Segurança Pública do Estado. Mais do que nunca, os esforços devem ser direcionados ao acolhimento social, mas também no combate ao crime. Vale lembrar que a falta de estrutura nas instituições de Segurança é decorrente de décadas de abandono pelo poder público, e isso não apenas na Capital, mas em todo o Estado. Faltam investimentos pesados em Investigação, que é imprescindível para colocar um ponto final ao tráfico de drogas, um dos combustíveis da cracolândia. Também é preciso que se volte a discutir sob uma ótica conglobante e, em algumas situações, a necessidade de internações compulsórias. Em resumo: para dar fim à cracolândia, criminosos devem ser tratados com o rigor da lei, e os dependentes químicos e moradores de rua devem ser amparados numa esfera multidisciplinar”.

Monica Calazans (PSDB), enfermeira e primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil:

“Hoje o cenário está ainda mais complicado do que há alguns anos. Diante disso os desafios são ainda maiores, e são necessárias ações efetivas para pessoas em vulnerabilidades, saúde, educação, emprego, tendo um olhar diferenciado para essas situações. Às vezes pode ser muito fácil falar, mas já é sabido por todos que essas melhorias são necessárias. População bem cuidada e bem assistida reflete no crescimento da cidade de São Paulo”.

Luana Alves, vereadora pelo PSOL:

Os dois últimos anos de gestão costumam ser marcados por investimento bastante pesados, justamente para visar a reeleição. Não foi diferente com Ricardo Nunes. Vimos os seus dois primeiros anos de mandato segurando o investimento público. No ano passado, mais ou menos 20% do valor que estava previsto foi utilizado. Agora, isso vai mudar, mas obviamente com pouquíssima participação popular na decisão de como investir. Diria que o primeiro desafio é como podemos lutar para que a participação popular sobre as decisões de investimentos públicos seja feita nos próximos dois anos. Sem contar a transparência. Além disso, uma questão que me preocupa muito é a prática de privatização de tudo que é direito público que a prefeitura tem feito. Na área da saúde, há muitas gestões municipais se tem privatizado a gestão da atenção primária. As Organizações Sociais de Saúde são o grande exemplo. Elas fazem a gestão hoje de praticamente todas as UBSs da cidade de São Paulo de uma maneira caótica e pouco transparente. Terrível mesmo. E a prefeitura já tem dado sinais de querer fazer isso com outras áreas. Neste exato momento, por exemplo, enfrentamos uma tentativa de privatização das Casas de Cultura da cidade. Também estamos vendo isso na educação básica e em várias outras áreas. Este ano vai ficar muito marcado pela batalha de quem vai gerir e dar as cartas na gestão do orçamento da cidade e no combate à privatização.

Marina Helou, deputada estadual pela Rede:

“Os principais desafios são o orçamento, prioridades claras e sustentabilidade. São Paulo terminou o ano com mais de R$ 30 bilhões em caixa, recurso que poderia ser empenhado para saúde, educação e moradia. Executar o orçamento com excelência é obrigação. Outro ponto é priorizar a população, entre elas as pessoas em situação de rua. O número cresceu assustadoramente e a cidade tem a obrigação de oferecer soluções, inclusive para as crianças que estão vivendo com insegurança alimentar, o que é inaceitável. E claro a sustentabilidade. É fundamental um planejamento para garantir um município mais sustentável – ainda mais com as mudanças climáticas – e o Plano Diretor é muito importante neste sentido, para cuidar dos nossos parques, reservas e arborização”.

Jair Tatto, vereador pelo PT:

“Hoje exerço meu terceiro mandato na Câmara Municipal de São Paulo, e denuncio o quanto é alarmante ver a quantidade de pessoas em situação de rua e famílias inteiras sem teto e fadadas à insegurança alimentar. Minha prioridade para 2023 é contribuir na criação de políticas públicas na questão estrutural da habitação coletiva da Cidade de São Paulo. Segundo a prévia do censo de 2022, a população da cidade de São Paulo chegou a 12 milhões de pessoas. Entendo que o diálogo respeitoso e a pluralidade são fundamentais para construirmos uma sociedade mais justa para todos e todas”.

Juliana Cardoso, vereadora pelo PT:

“Entendo que é a reconstrução do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) para atender a população em situação de rua e as crianças. As ruas são espaços de violação de direitos humanos e de extremo risco. São necessárias políticas públicas com mediações para o retorno ao convívio familiar e comunitário. Os serviços de acolhimento não podem ser espaços de segregação, isolamento e discriminação, mas de convívio”.

George Hato, vereador pelo MDB:

“A Saúde deve ser prioridade sempre. Uma cidade complexa e populosa como a nossa necessita de um direcionamento de recursos que contemple todos que dependem da rede pública, com um serviço humanizado, que acolha o paciente e dê um tratamento digno. Crescemos muito em 2022 através do programa ‘Avança Saúde SP’ e tenho certeza de que esse ano também teremos grandes conquistas nessa área. Além disso, avalio ser fundamental a criação de novos empregos e novos modelos de negócio que movimentam a economia, principalmente nas regiões periféricas. O prefeito Ricardo Nunes tem feito um trabalho significativo nesse sentido, inclusive priorizando e dando oportunidades aos mais vulneráveis. O apoio ao esporte, que considero uma ferramenta fundamental para transformar o futuro de crianças e jovens, é outro tema que deve crescer bastante, tendo em vista que a gestão atual destinou cerca de 130 milhões para o setor, o maior investimento da história do município. Acredito que a cidade de São Paulo terá muitos motivos para comemorar em 2023”.

Silvia Ferraro, vereadora pela Bancada Feminista, do PSOL:

“A cidade de São Paulo, que acaba de completar 469 anos, segue com um desafio histórico de acabar com sua profunda desigualdade social. Hoje, 48.261 pessoas vivem em situação de rua e há 684.295 famílias em situação de extrema pobreza. A forma de enfrentarmos isso passa por uma abordagem humanitária sobre os temas de moradia – que atravessam o Plano Diretor que será debatido -, transporte, saúde, educação e o fortalecimento das políticas públicas que garantam qualidade de vida a essas pessoas. Junto com isso é necessária a aprovação de políticas que garantam direitos às mulheres, população negra e LGBTQIA+”.

Rodrigo Goulart, vereador pelo PSD:

“A chegada de um novo ano é certamente o anúncio de novos desafios, em sua maioria, essenciais e únicos, principalmente numa metrópole como São Paulo. Acredito que a prioridade em 2023 será concluirmos a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) de forma justa, atendendo as demandas de crescimento e desenvolvimento da cidade e da população. E nesse sentido, aperfeiçoarmos, também, a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), sempre em vista de que teremos junto ao prefeito Ricardo Nunes e sua equipe um orçamento recorde para investimentos em obras na Capital”.

Celso Giannazi, vereador pelo PSOL:

“Em uma cidade tão rica como São Paulo e ao mesmo tempo com tantas desigualdades, as prioridades principais são: Implementar políticas públicas que tirem a população mais pobre da invisibilidade e as coloque no orçamento da cidade. Mais investimentos em Educação para que os bebês, crianças, jovens e adultos (EJA) tenham direito a uma escola pública, gratuita e de qualidade. Revogação do confisco de aposentadorias e pensões dos servidores que recebem abaixo do teto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS)”.

Alessandro Guedes, vereador pelo PT:

“Em minha concepção, a geração de renda e o combate à pobreza da nossa população periférica na capital paulista constituem um grande desafio, e, portanto, a prioridade, neste ano de 2023. A situação hoje é muito pior que em 2003, com elevação da fome, do desemprego, declínio da massa salarial e precarização do trabalho”.

Gazeta SP

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