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Escrivã diz ter sido agredida por advogado dentro de delegacia

por Editoria Delegados
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Uma escrivã da Polícia Civil afirma ter sido agredida dentro da delegacia de Artur Nogueira (SP), na manhã de quinta-feira (24). A jovem de 24 anos, que não quis ter o nome divulgado por medo de represálias, contou que estava ouvindo em sigilo a testemunha de um roubo, quando o advogado de um dos réus do mesmo caso quis entrar na sala sem ser autorizado para conseguir o inquérito policial.

 

“Pedi para ele sair e me esperar no andar de baixo. Voltei para a oitiva, mas ouvi que ele ainda estava do lado de fora. Pedi novamente para ele me aguardar no andar de baixo, mas ele se negou e disse que ninguém podia impedi-lo de ver o inquérito. Quando tentei fechar a porta, ele entrou na minha frente, me ofendeu e me agarrou pelo pescoço”, contou a escrivã.

 

Segundo ela, o advogado Everaldo José da Silva, de 33 anos, só a soltou quando outros dois policiais interviram. “Um colega precisou de força moderada para me libertar. Estou toda machucada. Tentei me defender, mas sou mulher. Não estava usando minha arma. Jamais imaginei que seria atacada por um advogado dentro do meu local de trabalho”, afirmou.

 

O delegado titular da delegacia, José Donizete de Melo registrou um termo circunstanciado por desacato, desobediência e resistência. Nesta sexta-feira (25), a escrivã foi até o Instituto Médico Legal de Americana para fazer um exame de corpo de delito.

 

‘Pulou no meu pescoço’

O advogado acusado de ter agredido a policial afirma que a vítima no caso é ele. Segundo Silva, a escrivã gritou com ele e ameaçou prendê-lo quando ele insistiu em ver o inquérito. “Ela pulou no meu pescoço e grudou na minha gravata, tentando me enforcar. Cinco ou seis funcionários tentaram me agredir”, afirmou.

 

Silva disse que vai tomar as medidas legais possíveis e já encaminhou o caso para a corregedoria da Polícia Civil. Além disso, o advogado afirma ter uma testemunha que viu os policiais tentando forjar a situação. A escrivã se diz desamparada e ainda não sabe qual atitude irá tomar. “Estou com o dedinho da mão esquerda fraturado. Eu nem sei o que fazer. Eu me sento sem nenhum amparo. Sinto na pela a impunidade”, contou a jovem que trabalha há quatro anos como policial.

 

“Trabalhei a noite em São Paulo. Já fiz a prisão de bandidos perigosíssimos. Nunca um bandido me desrespeitou. Nunca esperava que um homem da lei fosse fazer isso”, disse.

 

 

O que diz a Polícia Civil

 

Procurado, o delegado José Donizete de Melo não quis se pronunciar sobre o caso. Em nota divulgada pela assessoria da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o delegado seccional de Americana (SP), Roberto José Daher, alegou que “no caso mencionado pela reportagem não cabe prisão em flagrante porque os crimes são de menor potencial ofensivo”. Além disso, mencionou que o termo circunstanciado já foi encaminhado ao Fórum. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mogi Mirim, que responde por Artur Nogueira, acompanha o caso.

 

Globo

 

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