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Em um ano, 17 delegados da Polícia Civil do DF foram afastados por doença mental

(DF) Jornadas exaustivas, alta pressão do trabalho e dificuldades financeiras provocadas por uma defasagem salarial acumulada

por Editoria Delegados

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) registrou, em 2024, o afastamento de 17 delegados e 125 agentes devido a problemas de saúde mental. Esses números refletem uma média semelhante à registrada desde 2019, quando 164 agentes foram afastados por motivos semelhantes. Entidades ligadas à corporação apontam que o cenário expõe a necessidade urgente de reforço no apoio psicológico aos profissionais. Entre as causas mais frequentes para o adoecimento estão jornadas exaustivas, insuficiência de pessoal, complexidade das atividades desempenhadas e defasagem salarial.

O suporte aos policiais civis em questões de saúde, incluindo a saúde mental, é realizado pela Policlínica da PCDF. Segundo normativas internas da corporação, ao identificar problemas de saúde mental em seus integrantes, a instituição pode recomendar a suspensão do porte da arma corporativa.

Procedimentos relacionados ao porte de armas

Caso o policial possua uma arma particular, e a Policlínica recomende a suspensão do porte por questões de saúde, o profissional é orientado a entregá-la voluntariamente ao chefe imediato. O armamento permanecerá recolhido até que a restrição laboral ou a recomendação da Policlínica seja suspensa.

O porte de armas só é definitivamente cassado em situações específicas, como exoneração, demissão, ou abandono de cargo. Além disso, a suspensão do porte pode ocorrer em casos de afastamento administrativo superior a 30 dias, prisão preventiva, prisão decorrente de sentença com pena igual ou superior a 15 anos, ou afastamento em processos disciplinares.

A saúde mental em evidência

Eventos recentes demonstram a fragilidade mental enfrentada pelos integrantes da corporação. Um caso emblemático envolveu um delegado, preso após disparar contra sua esposa e uma funcionária doméstica. Segundo investigações, o delegado estaria em surto psicótico no momento do ataque, e duas armas foram apreendidas.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), Enoque Venancio de Freitas, considera que o aumento do adoecimento de delegados é preocupante. Ele destaca fatores como jornadas exaustivas, alta pressão do trabalho e dificuldades financeiras provocadas por uma defasagem salarial acumulada. “Esses fatores intensificam o estresse e a ansiedade entre os policiais civis”, analisa.

Em relação ao porte de armas, Enoque defende a necessidade de “aprimorar os protocolos de avaliação psicológica” dos profissionais. “É essencial garantir a proteção da sociedade e dos próprios policiais em situações de instabilidade psicológica, já que as consequências podem ser graves. Além disso, a Policlínica, responsável por essas avaliações, carece de mais investimentos para fortalecer sua atuação.”

A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, compartilha da mesma preocupação e ressalta que fatores como a sobrecarga de trabalho, falta de efetivo, pressão constante e desvalorização profissional são determinantes no agravamento da saúde mental da categoria.

Medidas adotadas pela PCDF

Em resposta, a Polícia Civil do DF afirmou que adota uma série de iniciativas para amparar servidores com questões de saúde mental. Segundo a corporação, os policiais têm acesso a programas de apoio psicológico, físico e espiritual, coordenados pela Policlínica, que busca identificar e tratar possíveis problemas relacionados à saúde mental.

A PCDF informou também que dispõe de protocolos específicos para lidar com “incidentes críticos”, oferecendo acompanhamento com profissionais especializados para tratar esses casos.

A situação reflete a importância de fortalecer o suporte aos profissionais da segurança pública, destacando a urgência de investimentos estruturais para preservar a saúde mental da categoria e, consequentemente, garantir a segurança da população.

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