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Delegado da PF que investigou Ricardo Salles tem nomeação barrada

por Editoria Delegados

Franco Perazzoni foi indicado pela chefia ao cargo de delegado regional de Combate ao Crime Organizado, mas não assumiu

Responsável pela Operação Akuanduba, que investiga o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o delegado Franco Perazzoni (imagem), da Polícia Federal, foi indicado no mês de maio para assumir a Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, no Distrito Federal. A indicação foi feita pelo superintendente da PF, Hugo de Barros Correia.

O SBT News teve acesso aos documentos do processo interno de indicação. Em um dos documentos, de 6 de maio, o Setor da Inteligência da Polícia Federal atesta que não existem fatos que desabonem a indicação de Perazzoni para a função. Nesta 3ª feira (22.jun), no entanto, o delegado Marcelo de Oliveira Andrade, chefe de gabinete da direção-geral da PF, assinou um documento determinando que o processo de indicação, que ainda não havia sido concluído, seja encerrado onde “encontra-se” em aberto.

Agentes e delegados da Polícia Federal criticaram, ao SBT News, a possível interferência política na corporação, afinal, a decisão deveria ser interna. Além de ter a indicação barrada, Perazzoni foi exonerado nesta semana de outro cargo que ocupava, a chefia da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros do Distrito Federal.

Apesar da exoneração e do fim do processo interno de promoção, Perazzoni segue responsável pelo inquérito que investiga a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em um esquema ilegal da extração de madeira da Amazônia. O delegado ocupa uma cadeira no INECE (International Network for Environmental Compliance and Enforcement), grupo de juristas internacionais especializados em investigações contra o meio ambiente. Em 2018, ele foi um dos pesquisadores convidados pela City University of New York (CUNY) para participar da produção do livro The 21st Century Fight for the Amazon: Environmental Enforcement in the World’s Biggest Rainforest.

Operação

A operação da Polícia Federal, realizada em 19 de maio, investiga se Ricardo Salles e mais dez agentes públicos fazem parte de um esquema que tentou legalizar cargas de madeiras extraídas de forma irregular na Amazônia. A fraude foi denunciada pelo adido do sistema de inspeção americano à Embaixada dos EUA, no Brasil. A apuração da Polícia Federal indica que três contêineres de madeira ficaram parados em um porto no estado americano da Geórgia, no início do ano passado, porque não tinham sido extraídos de forma legal.

Não é o primeiro caso de um integrante da PF a perder o cargo após mirar Salles. Em abril, enquanto chefiava a Superintendência da PF no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, em que o acusa de ter atrapalhado medidas de fiscalização ambientais durante a Operação Handroanthus. Logo após apresentar a denúncia, o delegado foi demitido do cargo na superintedência.

Enquanto isso, Salles mantém a confiança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta 3ª feira (22.jun), o ministro foi citado pelo chefe do Executivo durante cerimônia de lançamento do Plano Safra no Palácio do Planalto. Há duas semanas, Salles participou de um passeio motociclístico com o presidente em São Paulo. Em discurso na ocasião, Bolsonaro disse que o titular do Meio Ambiente administrava uma das pastas “mais difíceis” da Esplanada.

SBT

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