Início » Delegado da PF, policial civil e PM são presos por comandar milícia no Rio

Delegado da PF, policial civil e PM são presos por comandar milícia no Rio

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

RIO DE JANEIRO
Delegado da PF, PC e PM são presos por comandar milícia

RIO DE JANEIRO

{loadposition adsensenoticia}A história recente do combate ao crime no Rio tem episódios marcados pela união das forças policiais. Foi assim na tomada do Complexo do Alemão, no desmonte de um grupo de policiais que vendia armas e informações para traficantes – a Operação Guilhotina, no início do ano – e em inúmeras ações contra o tráfico. Na manhã desta quarta-feira, no entanto, veio à tona uma forma criminosa e surpreendentemente perversa de integração de policiais. O delegado da Polícia Federal Luiz Carlos da Silva, o comissário de Polícia Civil Eduardo Lopes Moreira e o policial militar Thiago Rodrigues Pacheco foram presos, sob a acusação de comandar uma milícia que atuava em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

Por causa da canhestra união dos agentes de polícia no comando da quadrilha, a operação foi batizada como ‘Tríade’. Integram a operação agentes das próprias instituições – PF, Civil e Militar – e homens da Aeronáutica e da Guarda Municipal. Até o início da tarde, 14 pessoas tinham sido presas, e equipes de policiais continuam em busca de dois foragidos para cumprir todos os 16 mandados de prisão.

Pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio atuam a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco), que têm tradição no combate a milícias.

Os 16 procurados tiveram prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá por formação de quadrilha armada para a prática de crime hediondo.Em entrevista, o delegado Alexandre Capote, titular da Draco, descreveu a ação da quadrilha como “muito audaciosa”. “Era violenta, e mantinha importantes conexões com autoridades”, disse. Segundo a denúncia, o delegado federal aposentado Luiz Carlos da Silva é o dono do sítio onde a quadrilha se reunia. Ele foi preso em flagrante por crime ambiental, porque mantinha em cativeiro, sem autorização do Ibama, uma arara e um papagaio. Moreira seria o “justiceiro” da quadrilha, e responsável pela “segurança” clandestina – uma taxa de proteção de 35 reais por mês.

As investigações, realizadas durante seis meses, mostram que a quadrilha atuava desde 1998, explorando a população de áreas majoritariamente pobres: Pedra Branca, Santa Maria, Pau da Fome, Estrada dos Teixeiras, Estrada do Rio Pequeno e Estrada do Rio Grande. As práticas criminosas, bem conhecidas nas ações de milicianos, envolvem cobrança de “taxa” de segurança clandestina e até serviços essenciais, como conservação de rua. O grupo também lucrava, segundo informações fornecidas pelo MP, com a venda de sinal de internet e TV a cabo, água encanada e transporte alternativo, venda de cestas básicas e botijões de gás, jogos de azar e homicídios encomendados. Há na denúncia também indícios de grilagem e agiotagem.

Veja

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social
Portal Nacional dos Delegados

você pode gostar