Avaliação da PGR é que conteúdo é ‘gravíssimo’; sigilo da gravação já foi retirado
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, informou nesta terça-feira (5) ter pedido “investigação imediata”, com data para início e fim, de menções feitas pelos delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud a membros da Corte.
Na gravação entregue pela empresa na última quinta (1º) como complemento à delação premiada, Joesley e Saud conversam sobre ministros do STF, segundo a PGR. No diálogo, ocorrido em março, eles falam sobre as negociações que faziam para fechar o acordo de colaboração.
“Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes”, disse a ministra, em pronunciamento em vídeo divulgado pela Corte.
Cármen Lúcia pediu “prioridade e presteza” para uma apuração “clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado”.
A investigação sobre as falas, disse a ministra, tem como objetivo não deixar “qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes”.
Em nota (leia a íntegra mais abaixo), assinada por Joesley Batista e Ricardo Saud, os delatores afirmam que as citações ao procurador-geral, Rodrigo Janot, e a ministros do STF “não guardam nenhuma conexão com a verdade”.
“Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso”, diz trecho da nota.
Ontem, o procurador-geral da República veio a público relatar fatos que ele considerou gravíssimos e que envolveriam este Supremo Tribunal Federal e seus integrantes.
Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes.
Impõe-se, pois, com transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza à apuração clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado.
Enviei agora ao diretor-geral da Polícia Federal e ao procurador-geral da República ofícios exigindo a investigação imediata, com definição de datas para início e conclusão dos trabalhos a serem apresentados, com absoluta clareza, a este Supremo Tribunal Federal e à sociedade brasileira, a fim de que não fique qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes.
Leia abaixo a íntegra da nota dos delatores:
A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade. Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público.
G1
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