O assassinato do indígena Lelo Akay ocorrido há 15 dias no município de Jacareacanga, Oeste do Pará, deixou sequelas aos indígenas Mundurukus. Um grupo de sessenta guerreiros fortemente armados e com pintura de guerra sitiou a cidade de Jacareacanga na noite de segunda-feira (02).
Os guerreiros Mundurukus, após interditarem por volta das 22 horas a entrada da cidade, com manilhas de cimento armado, marcharam para invadir o destacamento policial da cidade.
Quatro policiais que estavam no destacamento saíram às pressas para evitar um confronto que pelos ânimos dos Mundurukus poderia ser sangrento. Roupas e bens pessoais ficaram para trás e os guerreiros atearam fogo em tudo.
Bastante revoltados, índios Mundurukus querem fazer justiça com as mãos
O guerreiro Aldo Cardoso Munduruku, que estava liderando a turma de índios revoltados, disse que a intenção seria pegar como refém o Sargento PM Cajado. “Nós queríamos pegar o Sargento Cajado, tirar a roupa dele e amarrá-lo. Branco matou indígena escondido e nós vamos matar pra todo mundo ver”, disse revoltado o indígena.
O clima em Jacareacanga é de extrema preocupação. Um dos guerreiros disse que os Mundurukus estão preparados para qualquer confronto. “Essa revolta não vai ficar por aqui, nós também vamos queimar bares da cidade onde a gente sabe quem vende drogas”, disse Rosinaldo Munduruku.
DPC Edinaldo Souza, mantido refém
Durante a invasão do prédio do Destacamento Policial, guerreiros Mundurukus se apoderaram de duas carabinas e um revólver que pode ser calibre 38.
Ataque ao prédio da PM é investigado: A Polícia Civil está investigando a destruição do prédio do destacamento da Polícia Militar do Estado. Durante o ataque, os invasores subtraíram duas armas tipo carabina magal e um revólver calibre 38. Ao final, atearam fogo no local. Um policial militar ficou ferido, porém, sem gravidade. O caso foi registrado na Delegacia de Itaituba.
O superintendente regional do Tapajós, delegado Edinaldo Silva de Souza, preside o inquérito. Uma tropa do Grupamento Tático Operacional de Santarém foi deslocada para reforçar o efetivo do município de Itaituba, de onde partiram as diligências, a fim de normalizar a situação em Jacareacanga. A reação da comunidade indígena se deu em razão da não concordância com a ordem judicial que liberou dois dos quatro suspeitos da morte de um índio, cujo corpo foi encontrado há alguns dias. A Polícia Federal está de prontidão para agir, no momento em que for acionada.
Reféns: Informações prestadas à nossa redação são de que na quarta-feira, o superintendente de Polícia Civil, Edinaldo Souza; um representante da Funai e uma outra pessoa, que se deslocaram para Jacareacanga, foram rendidos pelos guerreiros Mundurukus e feitos reféns, em um hotel. A situação é tensa e até o fechamento desta edição ainda não havia sido contornada. Os indígenas querem que os suspeitos pela morte de Lelo Akay sejam entregues para eles fazerem justiça. Mas isso não será possível, pois fere os direitos humanos. Eles deram um prazo até ontem, quinta-feira, para que os acusados fossem entregues. Se não foram atendidos, outros prédios púbicos serão queimados. A população de Jacareacanga está assustada e muitos já estão abandonando a cidade, com medo de morrer nas mãos dos índios enfurecidos.
Gedeão culpa corte no recurso da SEDUC
Estudantes indígenas estão passando fome em Santarém: A falta de transportes e refeições durante um curso que está acontecendo em Santarém levou dezenas de estudantes indígenas a denunciar a falta de assistência da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc). Os estudantes indígenas criticam que estão passando fome em Santarém.
Desde o início deste mês, uma turma de 78 estudantes indígenas das regiões do Tapajós e Arapiuns está em Santarém participando do curso do último módulo do Magistério ofertado pela Secretaria Estadual de Educação. O curso acontece nas dependências da Escola Estadual Madre Imaculada e tem previsão para encerrar no dia 05 de agosto próximo.
No início desta semana, os estudantes realizaram um protesto por conta das precárias condições viabilizadas pela Seduc para o atendimento aos indígenas durante o curso. Os indígenas afirmam que não têm direito a transporte ou refeições durante a estadia, apenas a estadia do hotel onde estão hospedados.
Após se revoltar com a falta de apoio da Seduc em relação ao curso no último módulo, os estudantes decidiram não voltar para a sala de aula enquanto o problema não for resolvido.
A 5ª URE, através do coordenador do Curso de Magistério indígena, Gedeão Monteiro, informou que o problema se deu devido a um corte no recurso, mas que o impasse está sendo resolvido. O curso de magistério dos indígenas já está há sete anos sem conclusão e os alunos vão se formar para dar aulas nas aldeias após este módulo. Com informações e fotos de Nonato Silva.
Impacto
DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados