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“Até se apresentar na delegacia, é um fantasma”, diz delegada sobre caso de morto identificado errado

por Editoria Delegados
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Um caso que intriga a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, na cidade de Dourados, e levanta muitas hipóteses que precisarão ser esclarecidas. A ‘ressuscitação’ de Anderson Casadia Souza Nascimento, 22, pegou a polícia de surpresa quando a mãe do rapaz, que identificou um corpo como sendo dele na semana passada, se apresentou ontem (14) à delegacia do 2º Distrito Policial – após o sepultamento – dizendo que o filho fez contato, e estaria vivo.

 

 

“A situação havia sido encerrada, o caso fechado, o corpo sepultado, a declaração de óbito feita, quando para nossa surpresa, a mãe que havia reconhecido sem dúvidas o corpo que foi encontrado na quinta-feira passada [9] boiando em um lago do Parque Arnulpho Fioravanti, apareceu e disse que ele ligou e se encontrou com ela. O corpo não estava em decomposição, apesar de inchado, e era visível a fisionomia da vítima, não era para ter uma confusão dessa”, contou a delegada responsável pelo caso, Magali Leite Cordeiro.

 

De acordo com ela, a situação é “muito suspeita” e “requer muito cuidado”, e até que o próprio rapaz se apresente na delegacia, ele continua sendo tratado como morto. A questão é que Anderson, que possui uma ficha criminal com registro de várias passagens, estava com um mandado de prisão em aberto, e isso teoricamente – considerando a hipótese dele estar realmente vivo – estaria afugentando o rapaz de se declarar como vivo.

 

“É uma situação altamente complexa juridicamente, e temos que ter muito cuidado. Vamos instaurar um procedimento para apurar esse possível reaparecimento. Digo possível, porque eu ainda não o vi, ele não se apresentou, então será tratado como morto por enquanto. Temos que saber por que a mãe foi ao IML [Instituto Médico Legal], fez o reconhecimento junto com outros parentes, e agora diz que o rapaz está vivo. Tiveram todas as despesas funerárias, houve a emissão de uma declaração de óbito, e agora eles vieram com essa nova versão”.

 

A delegada não descarta que a ‘morte’ de Anderson tenha sido uma possível manobra para que ele pudesse se livrar da ficha criminal que carregava.

 

“Repito que a situação é complexa e será tratada com muito cuidado para que possamos esclarecer tudo. No entanto, vamos trabalhar para evitar que uma situação como essa seja usada para fins não muito corretos, porque como ele tem antecedentes, nada impede que a família possa sim ter criado uma situação de falecimento para que ele continuasse impune e vivesse com uma identidade falsa. Não é uma hipótese tão remota que familiares possam ter auxiliado nisso, mas tudo ainda é hipótese e será devidamente apurado”.

 

Magali ressaltou que caso esta seja a hipótese comprovada, e que o reconhecimento do corpo de má fé seja constatado, os familiares poderiam ser penalizados judicialmente por apontar à polícia uma situação que não condiz com a realidade.

 

“A partir daí, teríamos um corpo a identificar, e a família e o próprio Anderson teriam que buscar judicialmente a anulação da declaração de óbito. Não há queixa de desaparecimento, então estaríamos em estaca zero para identificar aquele corpo que foi sepultado, considerando, é claro, que ficasse comprovado que o Anderson está realmente vivo”, destacou Magali.

 

 

Por fim, a delegada disse que a família deve comparecer novamente à delegacia ainda hoje para dar continuidade aos esclarecimentos do caso. No mais, Magali reconheceu o quão ‘inusitada’ é a situação. “Tenho mais de 28 anos de polícia e nunca lidei com algo parecido, e nem ouvi falar. É realmente uma situação muito inusitada”, finalizou a delegada.

 

O caso

 

O corpo encontrado que foi identificado como sendo de Anderson Casadia Souza Nascimento, 22, foi encontrado boiando no dia 9 deste mês nos fundos do lago do Parque Arnulpho Fioravante, na região central de Dourados.

 

O cadáver estava nu e com uma bermuda amarrada na cabeça, e com uma corda feita de pano amarrada no pescoço.

 

Dourados News

 

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