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Apontado como serial killer leva soco em júri e é condenado por homicídio

por Editoria Delegados

GO: Vigilante foi sentenciado a 25 anos de prisão; antes, filho de vítima o agrediu

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, apontado como serial killer, foi condenado a 25 anos de prisão nesta quarta-feira (11) pelo homicídio duplamente qualificado do fotógrafo Mauro Ferreira Nunes, de 51 anos, ocorrido em fevereiro de 2014, em Goiânia. Durante a sessão, o filho da vítima agrediu o réu com dois socos. A defesa informou que vai recorrer da decisão. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) disse que não vai apresentar nenhum recurso.

Esta foi a sétima condenação de Tiago Henrique por homicídio. Ele responde por mais de 30 assassinatos na capital. Preso desde outubro de 2014, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, ele também já cumpre pena por roubo e porte ilegal de arma.

O MP-GO pediu que o vigilante fosse condenado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. “O Tiago tinha consciência, sabia exatamente o que queria ao matar as vítimas. Existe o bem e o mal. E o Tiago é do mal. Entreguem uma arma a ele e comprovem”, disse o promotor Rodrigo Félix.

Já o advogado de defesa, Hérick de Souza, manteve a tese dos outros julgamentos, que diz que não foram feitos todos os exames necessários em Tiago para saber se ele realmente é um psicopata. “Todo psicopata tem uma deficiência na parte frontal do cérebro, a gente não pode afirmar que o Tiago é psicopata sem este exame. Se não existe certeza, ele não pode ser julgado. O júri não pode condenar com dúvidas”, afirmou ao G1.

No julgamento, foram ouvidas duas testemunhas de acusação. A primeira delas foi uma funcionária do comércio onde Mauro foi morto. Ela não quis ter a identidade revelada e pediu para que não fossem feitas imagens dela durante a sessão. Segundo a mulher, o homem que matou a vítima foi totalmente frio.

“Primeiro eu vi aquele rapaz alto, bonito, entrando e me chamou atenção. Rapidamente ele colocou a arma na minha cabeça. Quando ele viu o cliente [Mauro] que estava do meu lado, pediu o celular dele. O Mauro respondeu: ‘Não tenho celular não’. E ele foi e atirou, sem levar nada. Eu fiquei esperando que ele fizesse algo comigo. Mas o Tiago saiu normal, pegou o capacete e foi embora sem correr”, disse a testemunha.

Agressão

O segundo a depor foi o cabeleireiro Mauri Nunes, filho da vítima. Antes de entrar no tribunal, o rapaz agrediu o réu com dois socos. “Eu não quis fazer isso, mas não consegui me conter não. Depois que meu pai morreu acabou toda a alegria da minha vida. Consegui acertar um soco nele, mas isso não é nada”, disse.

Ao G1, o rapaz disse que o vigilante apontado como serial killer sorriu após receber os socos. “Depois que eu acertei ele, ele ainda riu da minha cara”, disse o cabeleireiro.

O advogado de defesa do vigilante disse que considerou a ação como um crime de lesão corporal. “Ele ofendeu a integridade física do meu cliente. Isso é um agravante. As autoridades devem tomar providências. A gente entende o sofrimento dos familiares, mas se a pessoa está sob a custódia de uma autoridade e alguém tenta agredir, isso é um agravante. Foi uma covardia pelo fato dele estar algemado”, afirmou.

Depoimento

Durante o interrogatório, o filho de Mauro falou sobre como era a rotina e a personalidade da vítima. “Meu pai trabalhava de fotógrafo, foi morto em um lugar que costumava ir para revelar seus trabalhos. Não tinha inimizade nenhuma. A gente era muito amigo, ele me contava tudo, até mesmo de mulheres. E ele não tinha ninguém que pudesse ter algum motivo para matar ele, nunca. Minha vida foi destruída”, desabafou.

Por fim, Tiago foi chamado para depor. Ao ser perguntado pelo juiz qual era sua idade e profissão, o réu disse que responderia apenas perguntas relacionadas ao homicídio. “Só quero falar sobre o caso”, disse o vigilante.

Diante do impasse, o juiz Eduardo Pio Masacarenhas determinou que ele voltasse ao banco onde estava sentado, pois era necessário seguir um roteiro obrigatório, como responder primeiramente às perguntas básicas de identificação.

Após a fala das testemunhas da acusação e da defesa, o juiz determinou que o juri analisasse se o vigilante era culpado pelo homicído do fotógrafo. Depois da decisão dos jurados, sentenciando Tiago Henrique a 25 anos de prisão, o advogado Hérick de Souza disse que discordava da sentença.

“A pena é coerente ao crime de psicopatia, psicopatia essa que não foi comprovada nos laudos falhos da junta médica. Diante disso a defesa discorda da decisão do júri. Além disso, houve a desconformidade já citada entre a denúncia e pronuncia no que diz respeito a motivação do crime”, finalizou.

Condenações

No dia 16 de fevereiro, ele enfrentou o 1º júri popular pela morte de Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos. A adolescente foi morta no dia 15 de dezembro de 2013 com um tiro no peito, em uma rua do Setor Jardim Planalto, na capital. Ele foi condenado a 20 anos de prisão.

A segunda condenação de Tiago Henrique ocorreu no dia 2 de março pela morte da auxiliar administrativa Juliana Neubia Dias, de 22 anos, assassinada em julho de 2014. A jovem foi morta quando estava dentro do carro com o namorado e uma amiga. Os jurados também o condenaram a 20 anos de prisão.

A terceira condenação foi pela morte da estudante Ana Rita de Lima, de 17 anos, ocorrida em dezembro de 2013. O júri popular, realizado no último dia 17, o sentenciou a 20 anos de reclusão.

Em 29 de março, Tiago foi condenado pela morte da estudante Arlete dos Anjos Carvalho, de 16 anos, ocorrida em janeiro de 2014, em Goiânia. A sentença foi, mais uma vez, de 20 anos de prisão.

Já no último dia 4 de abril, o vigilante foi condenado a 22 anos de prisão pela morte da estudante Carla Barbosa Araújo, de 15 anos. A adolescente foi morta no banco de uma praça do Setor Sudoeste da capital durante uma tentativa de assalto na frente da irmã mais velha.

No dia 20 de abril, Tiago foi condenado a 25 anos de prisão pela morte da estudante Bárbara Luíza Ribeiro Costa, de 14 anos, ocorrida em 18 de janeiro de 2014. Ela estava sentada no banco de uma praça, no Setor Lorena Park quando foi atingida por um tiro no peito.

Em todos os casos, a defesa do vigilante discordou da pena e protocolou recursos. O advogado de Tiago pede a redução dos anos de condenação.

Além dos homicídios, a Justiça condenou o suposto serial killer a 12 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ter assaltado duas vezes a mesma agência lotérica do Setor Central, na capital goiana.

O vigilante ainda possui uma condenação a 3 anos de prisão em regime aberto e ao pagamento de multa pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. Neste caso, a pena foi revertida por prestação de serviços à comunidade e pagamento de R$ 788.

 

G1

 

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