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Aparelho que bloqueia sinal de alarme de carro ‘está em voga’, diz delegado

por Editoria Delegados
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Um aparelho que bloqueia o sinal do alarme de carros vem sendo usado em furtos no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil alerta que a prática vem sendo adotada em larga escala por criminosos, e a reportagem do Fantástico flagrou a obtenção de um dispositivo sem dificuldades em Porto Alegre.

 

“Não temos estatística ainda deste tipo de crime, embora saibamos que está muito em voga. É uma febre hoje, porque diariamente batem à nossa porta vitimas que tiveram o carro arrombado e até mesmo levado, muito provavelmente por este tipo de crime”, disse o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos da Polícia Civil gaúcha.

 

Conhecido entre os criminosos apenas como “chapolim”, o dispositivo bloqueia o sinal do alarme ao ser acionado próximo a um veículo. Assim, impede que as portas sejam trancadas pelo controle remoto da chave. Segundo o delegado André Mocciaro, os criminosos acionam o aparelho a cerca de 15 metros do veículo.

 

“Acionando o dispositivo, a pessoa vai acionar o veiculo para fechar, no seu controle particular, e o carro não tranca. O carro não aceita o comando do alarme, seja original, seja o colocado. Após a pessoa sair e acreditar que o veiculo ficou trancado, ele vem e simplesmente abre o veiculo, se serve de tudo o que tiver dentro, fecha o veiculo e vai embora”, explica Mocciaro.

 

Vendedor: bloqueia a frequência, não deixa fechar o carro.

 

Repórter: e quanto é que está este aí?

 

Vendedor: está R$ 1,6 mil.

 

O golpista revela que aproveita dias de jogos de futebol na capital gaúcha para furtar os carros.

 

Vendedor: ali no jogo do Grêmio eu peguei tanto bagulho que tu nem imagina. Enchi meu carro. (…) Peguei um monte de rádios, destes que saem.

 

O homem também diz ter enganado policiais.

 

Vendedor: a polícia já me pegou com isso aí, meu. (…) Eu uso na chave do carro, isso aqui é o alarme da tua casa. Eles não vão desconfiar disso aqui.

 

O aparelho é oferecido em sites de compra na internet como um controle remoto. A polícia e o Instituto Geral de Perícias (IGP) investigam como chegou às mãos dos bandidos brasileiros.

 

“O IGP não conseguiu identificar qual é a procedência e não temos ainda identificado qual é o uso real deste equipamento. Por enquanto, estamos acreditando que ele tenha uma utilização produtiva, e não somente este uso criminoso”, diz Mocciaro.

O empresário Luiz Gustavo Finger diz ter tido R$ 5 mil em equipamentos furtados devido ao aparelho. Ele conta que estacionou o carro em um shopping center apenas para comprar um lanche antes de ir à aula. Ele afirma ter escutado o som do alarme sendo acionado no veículo, que havia deixado com a porta trancada.

 

“E saí normalmente, como se o carro tivesse lacrado. Quando eu retornei, apertei o alarme, ele abriu as travas, o carro estava normal. Sem indícios de arrombamento, sem indícios de nada”, contou.

 

Enquanto Finger comprava o lanche, os bandidos invadiram o carro e levaram equipamentos eletrônicos, roupas e acessórios. “Em cerca de 15 minutos os caras conseguem depenar o carro”, lamenta.

 

07abr14-aparelho-chapolim-5Segundo peritos do Instituto de Criminalística do Rio Grande do Sul, o equipamento embaralha os sinais eletromagnéticos enviados quando alguém tenta trancar o carro. Aparelhos parecidos podem até mesmo copiar o código de segurança da chave, como se o ladrão ganhasse acesso sem restrições a qualquer veículo.

“Eles estão praticando um furto através da tecnologia. É a tecnologia a serviço do crime”, lamenta o delegado Juliano Ferreira.

 

Em dezembro do ano passado, a polícia prendeu um suspeito de cometer o golpe em Porto Alegre. No apartamento dele, estavam objetos retirados de veículos e o bloqueador de alarme.

 

Imagens de câmeras de segurança mostram o homem no elevador do prédio onde mora em porto alegre. Segundo a polícia, prestes a cometer mais um furto. Após acionar o bloqueador de dentro do prédio, ele sai, invade um carro, retira uma mochila e sai caminhando normalmente.

 

O homem acabou sendo solto em menos de 24 horas, e responde em liberdade por furto qualificado e pode pegar até oito anos de prisão. Na última quarta-feira (9), dois homens foram presos por suspeita de furto na capital gaúcha e, com eles, foi apreendido um aparelho semelhante.

 

Recomendações da polícia

A Polícia Civil orienta aos motoristas que, após acionarem o alarme, voltem até o veículo e verifiquem se as portas ficaram mesmo trancadas. A polícia lembra que, se o bloqueador está acionado, não é possível ouvir o barulho do travamento das portas e nem o acionamento do alarme.

 

Trancas eletrônicas modernas geram códigos diferentes a cada vez que são acionados. Assim, a clonagem não funciona. Mas a prevenção pode ser feita de forma mais simples. “O acionamento mecânico do veículo, seja na chave, seja baixando o pino do carro, impede a utilização desse equipamento também”, lembra o delegado.

 

G1

 

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