Bacharel em Direito vive em Kombi nas ruas de São Paulo

SP: Ele conseguiu comprar o veículo em 2010, onde mora com cão Eusman da Silva Ramalho, 54 anos, conhecido como Osmar, se aventura por diversos ramos: é torneiro mecânico, vigilante, manobrista e tem conhecimentos em direito. Com tantas possibilidades profissionais para nortear seu futuro, um problema no casamento com graves consequências o levou a morar […]

Por Editoria Delegados

SP: Ele conseguiu comprar o veículo em 2010, onde mora com cão

Eusman da Silva Ramalho, 54 anos, conhecido como Osmar, se aventura por diversos ramos: é torneiro mecânico, vigilante, manobrista e tem conhecimentos em direito. Com tantas possibilidades profissionais para nortear seu futuro, um problema no casamento com graves consequências o levou a morar na rua, há anos. Deixou de lado a mulher e duas filhas já adultas em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e hoje vive em uma Kombi.

 

“Foi a separação, falta de emprego, do pãozinho de cada dia. Por isso resolvi tocar a vida sozinho, tinha responsabilidade com a família, de cuidar dela. Quando começou a faltar, é melhor eles ficarem sem sofrer com a gente do que sofrer todo mundo junto. Tenho duas filhas, são adultas, casadas. Elas têm 25 e 27 anos”, disse.

Osmar foi preso em julho de 2003, dias depois de cometer um crime passional. Ele tentou matar a ex-mulher com pedradas e golpes de paralelepípedo. Segundo o inquérito policial, ele foi flagrado por um PM quando caminhava no local do crime com uma faca na cintura, perto da casa da família. Ainda de acordo com o inquérito, ele estaria se preparando para atacar as duas filhas. A motivação do crime seria a separação familiar. Ele não quis entrar em detalhes sobre o caso.
“Teve essa história do 121 tentado [artigo que se refere ao crime de homicídio no Código Penal Brasileiro], mas é passado. Tive essa condenação, mas já paguei tudo. Tem o arrependimento.”

Segundo a polícia, ele foi condenado a 8 anos de prisão em regime fechado. Osmar cumpriu pena em regime fechado até 2005. A partir daí, ele passou a cumprir a condenação em regime semi-aberto até 2008, quando entrou em liberdade. A pena foi extinta por completo em 2010. A reportagem não conseguiu os contatos da ex-mulher e filhas de Osmar.

Osmar não se considera sem-teto, mas sim um nômade. Sua residência, desde 2010, é uma Kombi branca e enferrujada comprada após reunir algumas economias com trabalho de torneiro mecânico. É uma “residência” no sentido de Osmar ter um teto, um abrigo para dormir, mas que também lhe permite “fugir” em quatro rodas de vizinhos em prédios na região central de São Paulo que algumas vezes se incomodam com sua presença e os latidos brincalhões do cão “Thunder”.

“[Trabalhar de torneiro] Foi o que me deu sustento. Eu dormia debaixo de marquises. Durante anos foi assim”, lembrou. Osmar nunca tentou fazer o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para poder exercer a profissão de advogado. “O meu orgulho é isso aqui. Quando a gente usa, muita gente olha no dedo e fala: ‘Opa, esse aí é doutor’. É o meu anel de bacharel de direito. Ele significa o direito, o justo, que a gente passou por uma entidade e está apto a defender o direito.”

Ele diz que se formou em direito na UniABC. O G1 não obteve a confirmação da faculdade, mas na ficha criminal relativa ao caso de 2003, Eusman da Silva Ramalho consta como “superior completo”.

Conta que preferiu morar na rua a enfrentar as dificuldades da vida com a família e expor ainda mais as filhas. A difícil sobrevivência parece ter feito Eusman criar o “personagem” Osmar, como prefere ser chamado. Refere-se a si mesmo muitas vezes na terceira pessoa.

Sobre a família, Osmar afirma que recebe certo apoio das filhas. “Não recebo visita delas, mas quando vêm elas querem que eu volte com a mãe delas, mas a separação foi judicial e não tem mais jeito. Acabou e não volta mais”, afirmou.

Há uma semana ele conta que está trabalhando como vigilante, bico que conseguiu por indicação de um policial civil que se comoveu com sua situação. “Eu e o Thunder cuidamos de um galpão abandonado.”

Osmar disse que sua opção por morar em uma Kombi algumas vezes provoca reações indesejadas. “Tem gente que ajuda, mas tem gente que arruma alguns problemas, brigas. A gente tem um cachorro e ele às vezes chega sem pedir licença. Mas a relação é ótima. A gente não para na frente de residência ou fábrica. Assim a gente vai levando.”

Ele não conseguiu montar um banheiro para fazer sua higiene pessoal e usa o banheiro de mercados da área para o banho. Pouco da água que ele consome, Osmar busca em bicas artesianas na região e a armazena em garrafões. “Para beber busco em São Caetano do Sul. É a melhor água tratada da região”. Para isso ele conta que usava uma motocicleta, que evita dirigir por estar com a documentação atrasada.

 

Na Kombi, ele usa um dos bancos como cama, instalada no comprimento do veículo. “Estou sem tempo para ler, mas recebi dois livros emprestados. Tenho o ‘Marley & eu’, que a moça que me trouxe disse que até chorou quando leu. Também tenho ‘O último patriota’ [livro sobre espionagem] emprestado. Mas gosto de ler a Constituição e o Código Penal”.

O próximo desafio dele é conseguir um fonte de energia elétrica. “Tenho uma televisão e um computador. Agora quero arrumar energia elétrica para ligar os equipamentos aqui. Pensei em energia eólica, mas não dá. Acho que o jeito vai ser usar energia solar”, disse Osmar.

 

“Me imagino nessa Kombi pelo menor tempo. Conheci algumas pessoas que talvez nos traga uma possibilidade melhor. Espero voltar a morar em uma casa com uma nova família. Estou devendo isso para duas pessoas que apostam muito em mim. Elas foram muito importantes na vida. Por enquanto, não vou trazer uma pessoa para sofrer comigo. Saindo dessa situação, a gente se vê mais na frente”, diz.

 

G1

 

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