RIO GRANDE DO SUL
‘Sempre fui durona’, diz futura delegada de polícia
RIO GRANDE DO SUL
{loadposition adsensenoticia}Esqueça a imagem do delegado de jaqueta de couro surrada e gravata estampada, baforando cigarros em seu gabinete. A nova turma de policiais que começou a ser formada ontem pela Academia da Polícia Civil (Acadepol) tem perfil bem diferente. Com média de 27 anos, os futuros delegados são jovens, de classe média alta e falam em smartphones.
Transformado em sala de aula improvisada, o auditório do Palácio da Polícia reuniu ontem 161 alunos (157 convocados pelo Estado e outros quatro aprovados que assistiram à aula amparados por liminares judiciais). Todos dispostos a mudar a imagem popular dos homens da lei. Enquanto as mulheres desfilavam em tailleur ou em vestidos pretos, a ala masculina optou pelo terno escuro.
– Parecem executivos em uma reunião importante – cochichou uma servidora do palácio para outra colega.
Neta de magistrado, a porto-alegrense Andréa Nicotti Gomes Ferreira, 24 anos, por exemplo, estudou em colégio particular, mora em um bairro nobre da Capital, mas herdou da mãe, Cláudia, o sonho de ser delegada.
– Quando minha mãe se formou em Direito, minha avó não a deixou ser delegada, pois era profissão de homem. As coisas mudaram, felizmente – afirmou Andréa, que deixou o cargo de assessora jurídica na Procuradoria-Geral do Estado, assumido em dezembro, para fazer o curso da Acadepol.
Como a maioria de suas novas colegas, Andréa é vaidosa, nunca segurou uma arma e desconhece os detalhes da rotina policial. Mesmo assim, tem certeza de que fez a escolha certa.
– Sempre fui durona. E sou apaixonada pela investigação. Acho que a instrução na academia nos garantirá o aprendizado necessário para iniciar na carreira – afirmou.
Chamado pelos delegados mais antigos de treinamento, o curso de 800 horas/aula parece reunir gente que deseja mesmo seguir a carreira policial. Formada há dois anos pela Universidade Federal de Santa Maria, Débora Poltosi, 24 anos, cursou a faculdade já pensando em se tornar delegada.
– Sempre gostei de direito penal. A carreira policial é consequência disso – resumiu Débora, uma das 53 mulheres aprovadas.
Empolgado com a nova turma, o diretor da Acadepol, delegado Mario Wagner, aposta que essa turma terá poucos desistentes.
– Alguns podem deixar a Polícia Civil para seguir carreira em outras instituições, em busca de salários maiores. Mas a maioria ficará – aposta ele.
Da nova turma, um terço vem de fora do Estado. Alunos como Andrea de Melo, 29 anos. Formada há cinco anos, a futura delegada morou quase toda a vida em Brasília. Lá, ela lecionava em cursos preparatórios para concursos. Sua vinda ao Estado une dois desejos:
– Gosto do Sul. Acho que é um bom lugar para se morar e trabalhar.
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